quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Sobre consultores

Algumas das perguntas que mais chegam pra mim por e-mail dizem respeito a consultoria. Se eu usei, qual a melhor, se vale a pena, se dá mais chances, se é melhor fazer com consultores que já trabalharam pro escritório de imigração... Enfim, como elas se repetem com frequência, lá vai um post sobre o assunto.

Antes de mais nada, que fique claro: quase tudo que eu escrever aqui é a minha opinião. Métodos científicos utilizados foram reflexão de banheiro e alguns casos que vi por aí. Então, lembre-se de que nada aqui é verdade absoluta.

Prontos? Então tá.



Pra começar, eu não usei consultoria alguma em nenhuma etapa do processo. E não usei por três motivos: 1) desde a primeira palestra de imigração à qual fui, todos os funcionários dos escritórios de imigração sempre falaram que o processo não precisava ser feito por meio de consultores ou despachantes, e que a utilização dos serviços deles não dava mais pontos e nem tornava prioritário o processo de qualquer candidato; 2) todas as informações necessárias para dar entrada no processo estão na Internet, nos sites oficiais (e em vários não-oficiais), algo que também sempre era repetido nas palestras; 3) eu prefiro gastar o valor cobrado pelos consultores em algo como comer, rezar e amar livros, gibis e jogos de vídeo-game. Logo, não vi motivo algum pra sentar na frente de um consultor.

E quer saber? Realmente, não senti a menor falta. Tive, sim, que ler muito, mas muuuuuuuuuuuito mesmo, me contorci com algumas dúvidas, umas do tipo "iniciante tem mesmo é que sofrer" e outras que eram mais relevantes e cuja resposta eu não encontrei tão fácil. Mas, ainda assim, com o tanto de blogues, fóruns e sites espalhados por aí, você sempre consegue garimpar as informações de que precisa ou, pelo menos, onde obtê-las. É um trabalho de paciência, análise, cruzamento de dados e informações, mas é totalmente possível de fazer. E ainda traz um benefício: o tempo gasto e o envolvimento necessário fazem com que você entenda um pouco melhor no que está se metendo e também permitem que a adrenalina inicial que a ideia de mudar de país causa baixe a um nível que te permita pensar com o cérebro mesmo, e não com as fotos de contos de fadas de Montreal/Toronto/Vancouver ou sei lá onde na cabeça.

Só pra ilustrar: eu tomei a decisão de imigrar no início de 2010, comecei a estudar francês no meio daquele ano, e só fui dar entrada no processo no fim de 2011. E uma parte muito grande desse tempo foi gasta lendo, pesquisando, perguntando, lendo mais um pouco, contando pontos e por aí vai. Apesar da quantidade esmagadora de informações que a gente recebe no início, tudo começa a fazer sentido com o tempo. A grande inimiga no início do processo de imigração é a ansiedade, porque a gente fica querendo mandar o dossiê pra ontem! Aliás, a ansiedade acaba deixando de ser inimiga e acaba passando a ser uma companheira de chá com bolachas, porque você fica ansioso pra mandar o processo, depois pra saber se receberam, pra saber se vai ser entrevistado, se vai ser aprovado, etc, etc, etc.

Depois de passar por tudo, concluí que, em 99,9% dos casos, consultoria não é necessária. Uma boa dose de leitura, pesquisa e paciência consegue dar conta do recado. Mas, infelizmente, tenho visto com cada vez mais frequência pessoas com uma pressa danada pra iniciar e concluir o processo, e que correm para um consultor nem bem ouvem falar sobre o processo de imigração. E o motivo é o mais fraco de todos: preguiça. Preguiça de sentar, ler e pesquisar. Muitos preferem pagar alguém para explicar o processo tim-tim por tim-tim do que gastar algumas horas por dia para entender como tudo funciona. Em outros casos, é a insegurança, o medo de fazer alguma coisa errada que leva o candidato a imigração a buscar um consultor. E, tudo bem, até entendo que errar algo na montagem do processo pode levar a meses de atraso e a um retrabalho desnecessário, mas se você está inseguro por causa de alguns formulários a serem preenchidos, o que vai acontecer quando você tiver de fazer imposto de renda no Canadá (em inglês ou francês)? Ou quando precisar de algum serviço por lá, público ou particular? Vai chamar um consultor também?

"Ah", protesta o cidadão incauto, "mas, se um consultor já está por dentro do processo e pode me passar tudo numa sentada só, por que eu deveria gastar o meu tempo lendo e pesquisando algo que eu nem entendo?".

Bom, primeiro porque é seu dever. Ou, pelo menos, deveria ser. Você não está fazendo um contrato com operadora de celular. Você está embarcando num projeto de mudança total de vida. Cada informação que você busca te instrui não só em relação ao processo, mas também ao país pro qual você está indo. Se isso não for suficiente como motivo, tem também o fato de que nem sempre os consultores sabem tudo. Eles também são seres humanos, podem errar ou ficar desatualizados. Mudanças nos processos de imigração não são tão raras, e os consultores não recebem aviso em sonhos ou mesmo uma mala direta sobre as mudanças. Eles ficam sabendo junto com todo mundo. Outro ponto é que pagar um consultor sai caro. Os valores podem variar bastante, mas já vi gente gastando oito mil legais com consultoria. Se isso é pouco ou muito pra você, eu não sei, mas não é troco de padaria. E isso é só a consultoria; ainda tem as taxas do processo, despesas com envio de documentação, xerox, impressão, passagens e por aí vai. E, finalmente, tem a garantia, ou melhor, a ausência dela: nenhum consultor vai poder te dizer se você vai ou não vai ser aceito como imigrante. Ele vai, no máximo, te dar uma ideia das suas chances, mas isso você pode descobrir sozinho. Sabe aquele pessoal que gastou oito mil moedas de ouro com consultoria? Pois é, o visto deles foi negado no final.

Na minha opinião, as únicas pessoas que podem ter alguma justificativa para a consultoria são aquelas que têm profissões muito fora do padrão, que não se encaixam nos principais processos de imigração ou cuja situação seja muito particular. É muito fácil querer dizer que a sua situação é "particular" e que, por isso, é melhor você ir atrás de um consultor, mas a verdade é que esses casos são raríssimos. Por mais que você tenha vivido la vida loca, é muito mais provável que se encaixe em um ou outro perfil de um determinado processo do que ser essa entidade mística que nunca ninguém viu. Mas, se você é uma delas, meu conselho é: vai fundo na consultoria. Do contrário, contenha a ansiedade, deixe a preguiça de lado e vai meter a cara DE VERDADE no processo!

No fim das contas, cada um sabe de si, e se você aí que está começando o processo e está lendo isso aqui quiser e puder pagar um consultor, obviamente eu não tenho nada com isso. Não desmereço nenhum deles (até porque, como disse, não utilizei os serviços de nenhum) e com certeza há profissionais muito bons por aí. O que eu quero deixar claro é que é possível fazer qualquer processo de imigração para o Canadá sem precisar de ninguém e, de quera, economizar uma boa grana. Eu e tantos outros por aí somos as provas disso.

À bientôt!

3 comentários:

  1. Concordo e assino embaixo.

    Confesso que usei a consultoria para tirar algumas dúvidas pontuais visto que eu queria enviar o dossiê logo e o prazo estava apertado na cota de 6500 de 2014. Mas fora essa pré-avaliação (que não ajudou em nada e me custou "350 moedas de ouro") fiz o resto sozinho e também não vejo nenhuma vantagem em usar qualquer consultoria. Eu até achava que eles poderiam passar o "pulo do gato" para a montagem do dossiê mas me enganei totalmente. Eles não dizem nada além do que já está nos sites oficiais e em alguns blogs.

    Anteriormente eu queria ir para a Australia e também fiz uma avaliação com uma consultoria de lá mesmo. O sujeito mais me assustou do que ajudou em alguma coisa. Até que esses dias atrás tive a curiosidade de ver como de fato é o trâmite de imigração para lá visto que antes eu achava o processo todo de imigração para a Australia um pesadelo...impossível de se fazer sem o auxílio de consultoria. Entrei no site oficial e gastei umas 5 horas lendo tudo. Posso dizer que já estou fluente no quesito imigração para Australia. Ou seja, o negócio é deixar de preguiça, botar a cabeça pra funcionar e andar com as próprias pernas.

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  2. Eu, por minha vez, achei excelente o trabalho da minha consultora e acho que ela me ajudou muito. E nem cobrou tão caro. Para a categoria self-employed, onde apliquei e pela qual recebi meu visto, há muitos pontos vagos e o processo é mais subjetivo do que o para skilled workers. As pessoas que aplicam muitas vezes não sabem se sua atuação profissional serve, porque ela pode vir de situações muito diferentes entre si. Então a consultoria ajudou sim. Porém só conheço uma consultora que trabalha realmente direito e é confiável. O resto... vi falar cada bobagem... além de tentarem jogar pacotes intercâmbio e colleges...

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  3. É, quando fui para o Canadá, fazer curso de inglês, a única coisa que não fiz por conta, foi a passagem aérea, que comprei com uma agência, a mesma que me levou para Orlando. Mas o resto, fiz tudo sozinha. Contato com a escola,etc.
    Não sei falando de imigração, porque nem se quer dei entrada e, não sei exatamente quando farei. Eu só espero conseguir ir para o Canadá antes dos meus 35. he he he Mas informação tem bastante na internet.

    abraços !

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