quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Adiando os exames

(Outra sugestão para o título do post: "Como as pessoas que estão esperando entrevista, CSQ, pedidos de exames, etc vão querer me apedrejar em praça pública por não ir embora logo")

Bom, se você acompanha o blog há algum tempo, deve ter notado que eu não estive fazendo vudu com esterco de cabra roendo as unhas de ansiedade para que o processo fosse pra frente. É claro que, sim, eu queria (e quero) que ele continue indo bem, mas sempre soube que ele demoraria eras, e não fiquei desesperado por ver os meses passando e o processo no limbo. De verdade. Tava até calmo e tranquilo.

Pois bem. Parece que minha calma e tranquilidade foram exageradas. Agora que o pedido de exames médicos chegou, muita gente está correndo para o laboratório mais próximo para se livrar desta penúltima etapa e poder aguardar ansiosamente o pedido de passaportes. Só que.. bom... eu não.

Como falei no post anterior, o pedido de exames médicos me pegou de surpresa. Até o fim do ano passado, eu achava que, na melhor das hipóteses, teria notícias do consulado entre o fim deste ano e o início do ano que vem. As pessoas me perguntavam e eu falava: "ih... só ano que vem e olhe lá". Quando vi a notícia sobre a diminuição no número de processos de imigração, achei que talvez eu tivesse notícias no meio deste ano. Mas eis que recebi meu pedido na última segunda, e toda a minha calma foi para o espaço.

Explicando melhor: como eu estava calmo e tranquilo, me comprometi com várias coisas aqui em São Paulo este ano que, se não são impossíveis de serem mudadas, serão, no mínimo, trabalhosas e me trarão algum prejuízo financeiro em caso de eu debandar. Meu plano era passar 2014 inteiro aqui, continuar juntando uma graninha e, em dezembro, picar a mula para Brasília e aguardar o fim do processo lá, chez mes parents, curtindo a vida boa e sendo mimado. Assim, além de ter tempo para finalizar tudo com tranquilidade aqui em São Paulo, eu teria alguns meses para ficar com a família e concluir as pesquisas do que fazer inicialmente (como transferir dinheiro, onde ficar lá em Montreal, etc). Estava contando ir mais ou menos em maio de 2015, achando que estaria bonitinho dentro do prazo de um ano. Rá!

Agora as coisas mudaram. A partir do momento em que eu fizer os exames (e contando que eles estejam ok, claro), terei um ano para entrar no Canadá e concluir o processo (o famoso landing). Para fazer e enviar os exames, tenho 60 dias, que já estão correndo desde o dia 27/01. Digamos que eu faça xixi no potinho no início de março e dê tudo certo. Isso significa que terei até o início de março de 2015 para entrar no Canadá, o que me faria pousar por lá ainda no inverno, sem lenço, com alguns documentos, e com algum casaquinho da C&A (sou simples, gente!) que decerto me garantiria só algumas horas de vida.

Outra possibilidade seria eu fazer logo os exames, mandar os passaportes assim que solicitado e, em algum momento entre maio e outubro deste ano, fazer o meu landing para que o prazo pare e eu já seja considerado residente permanente. Até algum tempo atrás, pelo menos, algumas pessoas faziam o landing, ficavam lá no Canadá um mês para dar entrada nos documentos e voltavam ao Brasil para finalizar pendengas, mesmo sem ter ainda a carteira de residente permanente. Daí, para voltar ao Canadá, era necessário solicitar ao consulado do Canadá no Brasil um documento de viagem que substitua a carteira de residente permanente para fins de viagem. Não sei se isso ainda é feito, não sei se há prazo mínimo ou máximo para ficar fora e nem se é só isso aí mesmo. Ainda tenho que pesquisar.

O que acho que vou fazer, no momento, é adiar os exames para o fim de fevereiro ou início de março para ganhar mais um mês de prazo. Daí depois eu vejo o que é melhor fazer. Uma coisa é certa: por mais que eu tenha entrado no processo para ir para o Canadá, nunca foi minha intenção ir de qualquer jeito. A imigração, pra mim, começa depois do landing, então não quero fazer nada no desespero pra ir logo. Ao mesmo tempo, pensar que daqui a uns três meses talvez eu já pudesse estar abraçando meu novo país... ô, vontade!!!!

À bientôt!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Exames médicos!!!



Galera, depois de inacreditáveis 9 meses e 8 dias, recebi o pedido de exames médicos!!!! Eu já tinha quase certeza de que não escaparia desta semana, já que, no fim da semana passada, algumas pessoas de abril de 2013 já tinham alardeado que tinham recebido o e-mail com o pedido! Então, quem é de abril (e dos meses seguintes, claro), prepare-se, pois, pelo jeito, logo, logo vai chegar a sua vez!

E quer saber? Não faço ideia do que vou fazer agora hahahahaha! Tenho que pensar no que é viável ou não, e a informação concreta que tenho agora é que tenho 60 dias para fazer e enviar os exames! Então vamos lá!

À bientôt!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Viagem ao Québec - Dia 07: Musée du Fort e Musée de l'Amérique Française

Um dos meus vários problemas - haja reencarnação pra dar conta de tudo - é deixar coisas inacabadas. Em geral, e pelo menos isso eu já consegui identificar, eu me proponho a fazer coisas de longa duração, começo super empolgado e perco o entusiasmo no meio do caminho. Mas não quero deixar isso acontecer com o relato da viagem para Québec (que, inclusive, acabei esquecendo de incluir quando falei das coisas boas do ano passado). Então, vamo lá!

Depois de levantar cedo e tomar aquele café da manhã ixperto de albergue (café, torrada e cereal), fomos direto para o primeiro museu da nossa lista: o Musée du Fort. Olha, se teve um museu que eu posso dizer que gostei e que me empolgou foi esse. Talvez porque ele fuja dos padrões normais (há quem diga que ele nem pode ser classificado como museu, e eu entendo) ou porque o que ele mostra é conciso e focado (ao contrário dos museus maiores e mais tradicionais, que abordam, muitas vezes, vários assuntos e épocas). Mas o fato é que gostei muito!



O museu apresenta um pequeno show de luzes e sons que reconta algumas das batalhas mais famosas da cidade de Québec. Há uma maquete da região no minúsculo auditório, e a narração é acompanhada de luzes que mostram o deslocamento das tropas, sons de tiros, canhões, ordens de comando e por aí vai. Há sessões em inglês e francês, e pegamos esta última. Deu pra entender uns 85% do total, o que achei bom. E a menina gracinha da recepção atendeu tão bem, mas tão bem, que acabei encorajado a fazer uma pergunta sobre a história narrada. Fiquei com medo de ser uma pergunta que já estava na narração, mas - viva! - não era. Tanto que ela teve que consultar um livrão com todos os fatos históricos para me responder. Saí de lá com vontade de comprar livros e livros sobre o assunto (mas não na lojinha, que enfia a faca e ainda gira).

De lá, fomos para o Musée de l'Amérique Française. Esse é mais tradicional e com mostras permanentes e temporárias. Há uma sobre a imigração no Québec, mas focando mais no passado, nas pessoas que ajudaram a formar a sociedade quebequense de hoje.



Na parte temporária, havia uma bela exposição de obras de arte religiosas, que iam de pinturas e esculturas a objetos utilizados por pessoas ligadas à religião em várias épocas. A senhora que estava na recepção falava o francês quebequense mais claro que já ouvi na vida. Respondeu nossas perguntas com clareza e ainda nos orientou sobre como obter descontos em outros museus utilizando o ingresso do Musée de l'Amérique Française. Ah, ela também nos falou sobre um tour guiado pelo antigo mosteiro que fica ao lado do museu e que hoje é parte da faculdade de arquitetura da Université Laval. Optamos por conhecê-lo porque, bom, já estávamos ali mesmo, né? E, pra mim, história nunca é demais. Só que tivemos de interromper o passeio no Musée de l'Amérique Française para fazer o tour, já que ele tinha hora marcada (mas pudemos entrar no museu de novo depois sem problemas e sem custos).  O legal foi que a senhora da recepção perguntou de onde éramos, se espantou com a resposta e ainda perguntou: "mas no Brasil se fala francês também?". Com a nossa resposta negativa, ela perguntou então onde tínhamos aprendido a língua, e aí...




Mas devo confessar que meu amigo falou mais dessa vez, então o crédito deve ir pra ele (e o pavão é uma piada, tá, gente, eu não acho de jeito nenhum que eu fale bem francês e sempre acho que quem diz que eu falo está sendo simpático ou quer me vender alguma coisa. Tenho certeza que vou penar bastante quando chegar a minha hora de me virar nos 30 pra valer em Montreal).

Depois de tantas horas dentro de museus, resolvemos sair por um dos portões da cidade velha e conhecer um pouco da cidade nova. Andamos meio sem rumo, só para observar mesmo os contrastes (mas estávamos de olho em algum supermercado para comprar comida de gente local, já que comida pra turista é bem pesado no bolso). E foi uma experiência bem legal: nessa andança, tivemos a primeira sensação (que se perpetuaria) de que gostamos mais de Québec que de Montreal. É um tanto complicado de explicar, mas Québec pareceu mais aconchegante, mais com cara de cidade pra morar e ser feliz que Montreal. Desse dia em diante, tornei praticamente programa obrigatório ver o pôr do sol do terraço próximo ao Château Frontenac. Era sempre um fim de tarde agradável e uma sensação de tranquilidade muito boa, e dava até ânimo novo para continuar batendo perna depois que a noite chegava.



Só uma coisa me fez resmungar um pouco: a temperatura. Em Québec, estava bem mais quente que em Montreal. Chegamos a pegar 25ºC!! 25 positivos!! Um absurdo! Suei em bicas. Mas era só ir pra uma sombra que o friozinho logo vinha hehehe. É ótimo poder escolher, né não?

À bientôt!

Quer ler sobre os outros dias da viagem? Clique nos links abaixo!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Consulado acelerando!

Como muitos (se não todos) já devem ter visto por aí, parece que o consulado do Canadá em São Paulo abasteceu o tanque com aditivada e pisou fundo! Pelos posts do pessoal do Diário Canadá Brasil, da Família Fonseca, dentre outros, além de notícias nas comunidades do Facebook e listas de discussão, os processos de 2012 (etapa federal) já tiveram o pedido de exames médicos enviados e - vejam só! - os de 2013 estariam começando a ser analisados! Já imaginou?


Não, sério! Já imaginou? Eu dei entrada na etapa federal em abril de 2013 e recebi o e-mail deles com a confirmação de que estava tudo certo em junho de 2013. Nunca tenho certeza qual dessas datas devo levar em consideração para contar, de fato, o início do processo, mas, enfim... se eles estão começando a analisar o pessoal de janeiro de 2013, é possível que nos próximos meses (talvez até o fim deste semestre) eu receba notícias do consulado! Yay!

Animação por um lado, preocupação por outro. Eu sei que a última coisa que as pessoas querem, em se tratando do processo, é adiar as coisas (embora eu saiba de mais de um caso em que as pessoas acharam melhor adiar tanto os exames como o envio do passaporte, sem falar na própria mudança de fato). Só que, se eu receber o pedido de exames muito agora no início do ano, as coisas vão ficar um tanto apertadas pra mim. Entre contrato de aluguel e o tempo para me desligar definitivamente o trabalho - sem falar na preparação para a mudança -, eu gostaria de ter uns bons meses sobrando antes de picar a mula de vez. Quero poder levar certas coisas de volta para Brasília (para, quem sabe mais pra frente, levar essas coisas para o Canadá), passar um tempo com a família pra só depois ir de vez. Claro que esse é o plano, mas eu não tenho como controlar quando o consulado vai me mandar o pedido de exames. E convenhamos, né? Se o meu problema realmente for só esse de ter que antecipar as coisas, tá ótimo!

À bientôt!


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Encontro em São Paulo

Olá, pessoal!

Como da outra vez fiquei sabendo muito em cima da hora e não deu pra postar nada, dessa vez divulgo com um pouco de antecedência: no próximo domingo, dia 19/01, vai rolar um encontro de futuros imigrantes no Parque do Ibirapuera. Os dados estão abaixo, e é preciso colocar o nome na planilha cujo link segue ali embaixo, ok? Eu ainda não sei se poderei ir (e, sem carro, ainda dependo da previsão do tempo), mas, para quem quer tentar controlar a ansiedade, encontros são sempre uma ótima pedida!

Encontro São Paulo (Pique nique)
Data: 19 de janeiro 2014 (domingo), 10h da manhã
Local: Parque Ibirapuera
Ponto de encontro: gramado entre o laguinho e planetário

Por favor, confirmar presença e o que vai levar na planilha a seguir:
https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0AvARpT2AQyNUdDBOUjlCbk9CV1hFX0dxXzZwUWpvZ1E&usp=sharing

À bientôt!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Um bate-papo de Natal e uma barata

Na noite de Natal, a qual passei em Brasília sendo mimado pelos meus pais, recebemos alguns amigos que passam a data com a gente há vááááários anos. Em determinada hora, pouco antes da ceia, sentei com três amigos e, não demorou muito, veio a pergunta:

– Você viu o frio que está fazendo no Canadá? Não dá vontade de desistir, não?

Respondi que não, que pode até ser que, na hora do inverno de -30ºC eu me incomode com coisas como o tanto de roupas que tenha que usar (ou o peso dessas roupas), o fato de ter de ficar tirando e colocando casacos cada vez que sair de um prédio para a rua e vice-versa, ou a neve, da qual eu não tenho lá uma visão muito romântica (até acho bonito, mas no dia a dia deve dar um trabalho...). Fui recebido com olhares e meios-sorrisos do tipo "aham, vamos ver se vai ser assim quando você estiver lá...".

Dois desses amigos, que são casados, cogitaram a imigração para o Canadá há alguns anos. Então, perguntei se haviam deixado de lado de vez a ideia. Disseram que sim, que estão bem financeiramente e que trocar o certo pelo duvidoso seria arriscado para eles. Perguntei, então, a todos eles quais eram os planos daqui pra frente. Sendo os três funcionários públicos, a resposta, foi... dou três chances:

1) dominar o mundo;

2) causar um holocausto nuclear;

3) fazer novos concursos que paguem melhor.

Como é óbvio que a resposta não poderia ser outra que não a terceira, eu só acenei com a cabeça e mudei de assunto. Mas, depois, mais tarde (e durante parte do dia seguinte), fiquei pensando: será que estou doido? Será que deveria levar mais a sério quando falam "você é louco de trocar um trabalho estável por algo que nem sabe o que é numa terra que não é a sua"?

Claro que essas perguntas não são novidade pra mim. Qualquer cidadão que pense em imigrar, mais cedo ou mais tarde, vai deparar com elas - e é bom que seja mais cedo! Só que, quando é muito cedo, a gente pode ser atropelado pelo entusiasmo e pelo fanatismo. Sim, porque há fanáticos também no reino da imigração. Há pessoas que simplesmente se recusam a imaginar que há problemas no Canadá ou em outros países ditos desenvolvidos. Mas, enfim, de repente me dei conta de que fazia um tempo que não pensava nisso e parei para me perguntar se ainda acho que estou fazendo o melhor para mim. E a dúvida bateu mesmo. Afinal, a vontade de mudar de vida, de encontrar aquela vocação profissional esperta, de viver num lugar mais justo e seguro existe, mas isso não é garantia de que essas coisas - ou mesmo alguma delas - virá. Então, a questão final é: se eu for, perder tudo e voltar, ainda terá valido a pena?

Para tentar achar resposta a essa pergunta, resolvi pedir ajuda aos universitários (quando penso que há adolescentes hoje em dia que nem vão entender essa referência...): nesse caso, meu pai. No dia 25 mesmo, sentado na varanda com ele, fui direto: "pai, você acha que sou louco de fazer o que estou fazendo?".

– Não – foi a pronta resposta dele. Sem qualquer traço de hesitação. Sem "mas". Sem "porém".

Enumerei as vantagens ou benefícios que estarei deixando para trás. Fui frio e calculista, mostrando que não será pouco o que estarei largando, e que não há garantia nenhuma do lado de lá. Expus a situação dos três amigos da noite anterior, que agora, basicamente, só precisam estudar para ganhar salários maiores e engordar, além, claro, de encontrar maneiras de gastar a grana a mais. E a resposta do meu pai, cheia daquela sabedoria de quem já viveu um tempo sobre esta Terra e sabe como as coisas funcionam foi aquela que todo mundo, no fundo, sabe, mas que às vezes passa batido pelas nossas (ou as minhas) tentativas de controlar o máximo possível de situações.

– Filho – disse ele, mais ou menos nessas palavras – que garantia você tem de que você vai se dar bem ou não no Canadá? E que garantia você tem de que seus amigos conseguirão fazer o que pretendem fazer? A gente, às vezes, planeja, planeja, planeja, e aí vem a vida e derruba o castelo de areia. Não quero dizer que você não deva planejar sua ida para o Canadá; é claro que deve. Mas o planejamento não é garantia de que as coisas serão sequer parecidas com o que você planejou. Para se poupar de coisas ruins, fora se planejar para evitar o que for possível, a alternativa é não ir. Mas não ir não significa que sua vida, aqui, vai estar muito melhor nos próximos cinco ou dez anos. Se você só quisesse ganhar um dinheiro a mais, aí talvez você não precisasse ir para outro país. Mas nunca, desde que você falou que estava pensando em ir, você mencionou dinheiro como fator. Sempre foram coisas que você não encontra aqui. Não sei se essas coisas estão lá, e ninguém tem como saber. Não há garantias. Mas não é melhor você ir e ver por você mesmo, como fez quando foi para São Paulo, do que ficar aqui imaginando?

Pois é. E aí eu lembrei novamente porque estou imigrando. Talvez eu não esteja atrás da segurança de uma vida de repartição, atrás de uma mesa. Talvez eu não esteja continuar fazendo um trabalho inócuo, com o qual não me importo nem um pouco. Talvez eu não queira continuar convivendo com pessoas que só querem ganhar mais, engordar e descobrir maneiras de gastar a grana extra. E como posso pedir garantias para algo assim, não é verdade?

E, agora, meio-ambiente: é sabido que o calor, além de ânimos exaltados, também é propício às baratas. Uma delas, voadora, entrou no meu quarto faz dois dias. A bicha é tão ruim que não morreu nem mesmo depois de duas chineladas e uma borrifada de inseticida. Conseguiu refúgio no meu guarda-roupa, e agora está desaparecida. Já revirei o móvel até o limite do desmantelamento e nada. No restante, eu só poderia procurar se fosse Liliputiano. Então, não, não terei problemas com frio de -30ºC, ainda mais se isso implicar na redução de seres desagradáveis que habitam os esgotos.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Bem-vindo, 2014!



O ano de 2013 foi uma mistura esperta de coisas boas e ruins pra mim. Talvez isso seja clichê demais - afinal, se a gente peneirar, sempre acontecem coisas boas e ruins em todos os anos. Mas, em geral, dependendo do volume e da, digamos, qualidade dos acontecimentos, a gente acaba classificando um ano como "bom" ou "ruim". No meu caso, acho que, no fim, eu posso dizer que foi um ano bom. 

Em termos de acontecimentos, o ano de 2013, pra mim, começou com aquela ligação inesperada do BIQ-México numa tarde do fim de janeiro, em português enrolado do lado de lá que um segundo depois passou para o francês fluente também do lado de lá (do lado de cá, francês, digamos, cauteloso e econômico hehehe).. Foi meu primeiro encontro pra valer com o processo de imigração, já que tudo, antes, havia sido por e-mail ou correio. Depois daquela ligação, um turbilhão me sacudiu e dezenas de coisas passaram pela minha cabeça: "tenho que preparar o dossiê!"; "tenho que atualizar as ofertas de emprego!"; "tenho que saber na ponta da língua as questões mais óbvias e, de preferência, as menos óbvias também!"; "tenho que ter segurança na hora de falar!"; "tenho que conferir a documentação!"; "tenho que ver passagem pro Rio!"; "e se eu não conseguir juntar todas as informações a tempo?"; "e se o meu projeto não estiver tão bom assim?"; "e se a minha área, no fim das contas, for ruim a ponto de eu nem conseguir os pontos dos quais preciso na entrevista?"; "e se, no final, eu tiver nadado para morrer na praia, e me recusarem no Québec?".

Eu sou ansioso por natureza, e isso, como quase tudo, tem seu lado bom e ruim. O lado ruim, óbvio, é que eu fico angustiado, e isso se reflete no meu sono, piora minha insegurança, derruba minha auto-estima e faz com que eu me preocupe muito além do que, em boa parte dos casos, é necessário. O lado bom - vejam só - é que eu me preocupo muito além do que, em boa parte dos casos, é necessário, e isso traz a vantagem de fazer com que, na hora "H", as coisas saiam bem mais fáceis e até quase idênticas ao que eu havia planejado. Eu fiquei mega nervoso na entrevista, mas não mais em relação às informações que eu tinha coletado. A minha insegurança era em relação ao francês, se eu travaria ou não nas respostas e se seria suficiente. A julgar pelo retorno que a entrevistadora me deu, foi mais que suficiente (embora, com certeza, aquém do que vou precisar quando me mudar de fato para as terras canadenses).

Depois da entrevista, alívio e o próximo passo. Um mês depois enviei a documentação da etapa federal e posso dizer que respirei mais tranquilo. A peteca não estava mais nas minhas mãos. Meses depois, a confirmação por e-mail me fez relaxar.

Quase ao mesmo tempo, a proprietária do apartamento em que eu morava o pediu de volta. E me dano a correr para procurar outro num preço que eu pudesse bancar, de preferência não muito longe de onde morava, com contrato, no máximo, até o fim de 2014, para que eu não precisasse ficar aqui mais que o necessário (quase impossível em São Paulo, onde querem que você se comprometa quase até a morte nesses contratos de aluguel). Mas enfim, tudo deu certo. Bom, no geral. Pago mais do que acho justo, o que me obriga a economizar menos do que gostaria, e, além de um vazamento no apartamento, ainda me fizeram o favor de abrir um rombo na parede do banheiro no meu último dia de trabalho do ano, horas antes de eu pegar um avião para passar as festas com a família em Brasília.

Fora isso, a tristeza de ver pessoas próximas tendo seus planos de imigração adiados (em alguns casos, até mesmo cancelados), a irritação de constatar a falta de civilidade nos lugares por onde passo em São Paulo (e em alguns por onde passei, em Brasília), a constatação que volta e meia me perturba de que eu realmente não me sinto bem em relação a diversas coisas no Brasil, incluindo meu trabalho. Eu tento, desde os 22 ou 23 anos, encontrar aquele "sonho", aquela "vontade" de fazer alguma coisa que me satisfaça, que me preencha. Vim para São Paulo disposto a ganhar menos, a ralar mais, desde que conseguisse encontrar isso no fim. Não rolou. Após seis anos, só consegui descobrir que não gosto da cidade e que não há possibilidade, para mim, de ser feliz aqui.

Mas, se houve aborrecimentos como esses, em contrapartida houve também surpresas boas. Recebi a visita dos meus pais e da minha irmã por mais vezes do que eu poderia esperar, o que é sempre ótimo; meu relacionamento ganhou contornos reais de futuro promissor; adquiri algumas coisas que são bobas para muitos, mas que me fazem pular como criança no parque; namorei algumas ideias de mudança e transformação que podem ser postas em prática, no futuro; encontrei mais pessoas que estão no mesmo barco da imigração para o Canadá, e é sempre bom ver que você não está sozinho nessa empreitada.

Não tive, de fato, grandes problemas com os quais lidar. Tive, sim, obstáculos, que me fizeram parar algumas vezes e reavaliar as coisas. Em outros momentos, como no último post do ano passado, várias insatisfações se juntaram e me derrubaram. O bom disso é que acabo sempre colocando as coisas em perspectiva e, após a apatia inicial, dá pra ver que, sim, o ano foi bom, infinitamente melhor do que para muitos, e 2014 tem tudo para ser melhor. Sem angústia para o processo acabar logo, sem desespero com a falta de educação e mentalidade simplória de muitas pessoas, sem mais estresse no trabalho do que ele já impõe. Que 2014 venha ainda melhor e mais leve que 2013!

Obrigado aos que acompanham o blog e mesmo aos que só passam de vez em quando. E, a todos, um ótimo ano, com esperanças e forças renovadas!