sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Preparando o terreno para estudar

Como já falei em alguns posts, a vontade de voltar a estudar é grande. Mas, devido a diversas variáveis, achei melhor começar "pequeno". Em vez de tentar logo de saída uma outra graduação ou um mestrado, resolvi gastar o primeiro ano aperfeiçoando os idiomas.

Maaas, como também já falei antes, sou formado em tradução, e é por aí que pretendo seguir em termos profissionais. Só que não dá pra chegar lá botando banca de sabe-tudo do idioma dos outros, ainda mais tendo ficado um bom tempo afastado da profissão. Bom senso e pés no chão fazem bem à saúde, néam?

Pois bem. A francisation do governo quebequense não é garantida. Depende de vaga e de estar dentro do nível que o curso cobre. De qualquer forma, ele vai até o nível B2, somente. Parece que há uma bela de uma variação de um lugar para outro em termos de qualidade, a julgar pelos vários relatos, mas fato é que, para trabalhar como tradutor ou seguir na faculdade, vou precisar mais do que um B2 de escola.

Então, depois de pesquisar, ponderar, pedir opiniões e lançar a pergunta ao oráculo, decidi que o Certificat de Français Langue Seconde da Universidade de Montreal é uma boa opção pra mim. São 30 créditos (mais ou menos um ano), e o nível pra entrar lá já é mais avançadinho. Ou seja, dá pra eu tentar a francisation, melhorar um pouquinho e partir pro certificado. O curso pode ser feito em tempo parcial, e a maior parte das aulas é à noite, o que deixa o dia livre para outras atividades. Perfeito. Podem soltar os fogos.




Pareceu ótimo quando eu vi, mas daí começaram os perrengues. O prazo para inscrição era 7 de março, e eu teria 10 dias para enviar a documentação. O problema é que, obviamente, meus documentos tem de ter tradução para o inglês ou francês, e a tradução não vai ficar pronta antes do dia 16. Ou seja, pertinho do prazo final para eu apresentar tudo. Mas vá lá, até aí, seria corrido, mas dava tempo. Só que, há alguns dias - tcharaaaaaam! Mudaram o prazo final de inscrição para primeiro de março, também conhecido como "próximo domingo", também conhecido como "depois de amanhã". E aí, minha cara amiga dona de casa, dancei. Só poderei tentar a sessão de outono, que começa em setembro. *Suspiro profundo*

Troquei e-mails com Deus sabe quantos departamentos e pessoas na Universidade de Montreal, até que um cidadão de bem me aconselhou fazer o seguinte: cursar certas disciplinas como estudante livre (=independente) e me candidatar ao certificado de francês para a sessão de outono. Daí, quando eu for aceito (porque vi na borra do café que serei aceito), aproveito os créditos dessas disciplinas para obter o certificado. Ainda tenho diversas dúvidas, e os sites dessas universidades não são lá muito amigáveis, pelo menos para quem não está acostumado com o jeito deles de organizar informações. Então, já mandei mais e-mails; o povo lá vai dar uma festa quando eu for aceito, porque só assim vou parar de encher hehehe.

E quanto ao inglês... bom, eu sempre tive em mente o Certificate of Proficiency in English da Universidade McGill. "Tive" do verbo "continuo tendo", e já tinha visto a página e os detalhes antes de começar esse imbróglio com a Universidade de Montreal. E, até por isso, resolvi voltar lá pra ver. E aí tomei um susto: notei que eles mencionam as datas-limite para canadenses, residentes permanentes e estudantes internacionais para a sessão de outono (setembro). Quanto às sessões de verão e inverno, só mencionam as datas para canadenses e estudantes internacionais. "Só falta ter cota", foi o pensamento malicioso. Achei por bem confirmar e mandei e-mail (a McGill também não deve mais me aguentar). Estou esperando resposta.

ATUALIZAÇÃO AO VIVO!!



ACABEI de receber o e-mail da McGill confirmando que a data para canadenses se aplica a residentes permanentes também, mesmo não estando no site. Ufa! Menos um problema!

E assim vai. Iniciante apanha mesmo :) Se alguém tiver feito esses cursos ou souber algo a respeito, favor se manifestar nos comentários ou por e-mail!

À bientôt!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

10 Coisas de São Paulo de que vou sentir falta

São Paulo já ficou pra trás e eu espero só voltar lá a passeio ou em trânsito para outro lugar, mas quando a gente mora em qualquer lugar por muito tempo, sempre há pontos positivos a destacar, né? Então vamos aos dez mais!

1. Opções culturais: em São Paulo, você sempre tem um show, um teatro, um cinema, uma exposição, um espetáculo de algum tipo para ir conferir, se quiser. Os preços variam, mas eu diria que são bastante acessíveis, na maioria dos casos. Não dá é pra querer ir em todos, porque não tem bolso que aguente.




2. Transporte público: o paulistano vai rir da minha cara ao ler isso, mas tenho de pedir licença e dizer que o transporte público de São Paulo dá pro gasto. Há muitas melhorias a serem feitas, é óbvio, e ninguém merece a estação da Sé, mas, durante os sete anos que morei lá, foram raras as vezes em que eu precisei ir a algum lugar e não tinha como usar transporte público. Seja metrô, trem, ônibus ou uma combinação deles, sempre era possível ficar relativamente próximo de onde eu queria ir. E, vindo de uma cidade onde realmente é difícil dar umas voltas sem se valer do carro, eu não tenho como concordar com boa parte dos paulistanos e dizer que o transporte daqui seja tão inútil assim. 

3. Gastronomia: você pode comer de quase tudo em São Paulo. De buchada de bode a sushi, de pizza a kebab, nenhuma grávida terá filho com cara de empadinha de salame. Às vezes, as opções de uma determinada cozinha são tantas que fica difícil escolher - e aí a gente parte pra praticidade, ou seja, o lugar onde é mais barato ou o que fica mais perto de casa.



4. Poder andar a pé: eu adoro caminhar. Mesmo. Não à toa, sem direção, só "contemplando", mas gosto de  andar até os lugares aonde devo ou quero ir. Muito melhor que carro, ônibus, metrô, bicicleta, na minha opinião. E, nesses anos todos, dei a sorte de morar em um local que me permitia fazer quase tudo a pé. Claro, tinha que me programar: de casa até o trabalho, eram quarenta minutos de caminhada, por exemplo. Mas nada como usar as perninhas que Deus me deu.



5. Ter tudo perto de casa: em Brasília, você pode precisar se deslocar por quilômetros até chegar a uma padaria, dependendo de onde mora. Aqui, a padaria está na frente do prédio, a farmácia está no fim da rua, tem uma escola no caminho, loja de material de construção à direita, cabeleireiro, chaveiro, papelaria, restaurante, pizzaria, lanchonete... e, andando mais um pouco, consigo ir a shoppings, cinemas, teatros, lojas grandes, supermercados e outros.

6. Não ter que enfrentar mosquitos/pernilongos: sei que isso talvez seja porque moro em andar alto e os bichinhos não tem força ou paciência pra voar até aqui em cima, mas eu adoro não precisar me preocupar com mosquito zumbindo à noite no meu ouvido e nem ficar todo empolado no dia seguinte (minha alergia é braba!). 

7. Idiomas: é quase certo que, ao sair andando de casa, eu vá esbarrar com alguém que esteja falando um idioma que não o português. Os mais frequentes são inglês e mandarim, mas já escutei francês, italiano, alemão, espanhol, russo, árabe, japonês, sueco e outros que eu nem consegui identificar. Para quem é apaixonado por línguas, não há música melhor.



8. Multiculturalidade: tem gente de todo canto aqui. Cearenses, capixabas, cariocas, maranhenses, baianos, mineiros, paranaenses, pernambucanos, amazonenses, ingleses, chineses, estadunidenses, japoneses, italianos, sul-africanos, vietnamitas, holandeses, egípcios, australianos. Nada melhor para expandir seus horizontes e constatar que seu jeito de pensar não é o único e nem o mais correto.

9. O bairro da Liberdade: embora eu não batesse ponto lá, eu gostava muito de passear pelas ruas do bairro. Já tentei definir o que eu gostava lá, se era a cultura japonesa misturada com a brasileira, se eram alguns prédios, se eram as lojinhas com cara de feita pra turistas, se eram os shows culturais que às vezes rolam perto do metrô Liberdade... mas não sei dizer. Só sei que eu gostava de passear por lá, andar e ver as pessoas e as coisas. Bem legal, e recomendo mesmo pra quem só vai visitar a cidade.



10. Entrega rápida: O lado consumista da cidade é bem forte e muita coisa que você compra pela internet chega em um ou dois dias. E, como o preço online costuma ser melhor do que o das lojas físicas, é um ótimo negócio, mesmo que você nem seja tão consumista assim.



À bientôt!

domingo, 15 de fevereiro de 2015

E a maratona continua...

Começou o carnaval! E eu não estou nem aí! :D

Essa foi mais uma semana produtiva no estilo "corra que o Canadá tá vindo aí"! Faltam quatro semanas para a mudança, e as coisas que eu ainda enrolo e procrastino tem de começar a ser feitas, néam?

Primeiro, resolvi definitivamente como levar minhas moedas de ouro para o Canadá. Vou fazer um mix de opções e levar um pouquinho de cada maneira. E não vou levar tudo de uma vez. Vou deixar uma parte aplicada aqui, como já estava, e, com o tempo, resolvo se levo tudo ou se mantenho a conta aqui.

Segundo, fiz os check-ups médicos e odontológicos. Fiz exames de sangue, fui ao oftalmologista e ao dentista, dentre outras coisas, e, graças a Deus, está tudo certo. Agora, o sistema de saúde do Québec é que vai ter que dar conta daqui pra frente!

Comecei a separar também as coisas que vou levar. Como doei boa parte das minhas roupas no fim do ano passado, e como vou deixar um pouco aqui na casa dos meus pais para evitar ter que trazer cada vez que vier visitar (mesmo sabendo que as visitas dificilmente serão frequentes), acho que vai sobrar bastante espaço na mala. E, além do meu vídeo-game, levarei alguns DVDs e livros para me fazer companhia nos primeiros meses - mas ainda falta separá-los. Decidi deixar meu laptop também, porque ele veio pro Brasil numa das naus que trouxeram a comitiva do Descobrimento em 1500. Ele esquenta mais do que processa qualquer coisa, e, além de antigo, é bem pesado. Investirei em um novo lá em Montreal.

E ainda sobrou um tempinho para curtir meu aniversário e o da minha irmã! Aliás, as despedidas também já começaram. E vai ficando cada vez mais difícil, eu sei...

À bientôt!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Sobre consultores

Algumas das perguntas que mais chegam pra mim por e-mail dizem respeito a consultoria. Se eu usei, qual a melhor, se vale a pena, se dá mais chances, se é melhor fazer com consultores que já trabalharam pro escritório de imigração... Enfim, como elas se repetem com frequência, lá vai um post sobre o assunto.

Antes de mais nada, que fique claro: quase tudo que eu escrever aqui é a minha opinião. Métodos científicos utilizados foram reflexão de banheiro e alguns casos que vi por aí. Então, lembre-se de que nada aqui é verdade absoluta.

Prontos? Então tá.



Pra começar, eu não usei consultoria alguma em nenhuma etapa do processo. E não usei por três motivos: 1) desde a primeira palestra de imigração à qual fui, todos os funcionários dos escritórios de imigração sempre falaram que o processo não precisava ser feito por meio de consultores ou despachantes, e que a utilização dos serviços deles não dava mais pontos e nem tornava prioritário o processo de qualquer candidato; 2) todas as informações necessárias para dar entrada no processo estão na Internet, nos sites oficiais (e em vários não-oficiais), algo que também sempre era repetido nas palestras; 3) eu prefiro gastar o valor cobrado pelos consultores em algo como comer, rezar e amar livros, gibis e jogos de vídeo-game. Logo, não vi motivo algum pra sentar na frente de um consultor.

E quer saber? Realmente, não senti a menor falta. Tive, sim, que ler muito, mas muuuuuuuuuuuito mesmo, me contorci com algumas dúvidas, umas do tipo "iniciante tem mesmo é que sofrer" e outras que eram mais relevantes e cuja resposta eu não encontrei tão fácil. Mas, ainda assim, com o tanto de blogues, fóruns e sites espalhados por aí, você sempre consegue garimpar as informações de que precisa ou, pelo menos, onde obtê-las. É um trabalho de paciência, análise, cruzamento de dados e informações, mas é totalmente possível de fazer. E ainda traz um benefício: o tempo gasto e o envolvimento necessário fazem com que você entenda um pouco melhor no que está se metendo e também permitem que a adrenalina inicial que a ideia de mudar de país causa baixe a um nível que te permita pensar com o cérebro mesmo, e não com as fotos de contos de fadas de Montreal/Toronto/Vancouver ou sei lá onde na cabeça.

Só pra ilustrar: eu tomei a decisão de imigrar no início de 2010, comecei a estudar francês no meio daquele ano, e só fui dar entrada no processo no fim de 2011. E uma parte muito grande desse tempo foi gasta lendo, pesquisando, perguntando, lendo mais um pouco, contando pontos e por aí vai. Apesar da quantidade esmagadora de informações que a gente recebe no início, tudo começa a fazer sentido com o tempo. A grande inimiga no início do processo de imigração é a ansiedade, porque a gente fica querendo mandar o dossiê pra ontem! Aliás, a ansiedade acaba deixando de ser inimiga e acaba passando a ser uma companheira de chá com bolachas, porque você fica ansioso pra mandar o processo, depois pra saber se receberam, pra saber se vai ser entrevistado, se vai ser aprovado, etc, etc, etc.

Depois de passar por tudo, concluí que, em 99,9% dos casos, consultoria não é necessária. Uma boa dose de leitura, pesquisa e paciência consegue dar conta do recado. Mas, infelizmente, tenho visto com cada vez mais frequência pessoas com uma pressa danada pra iniciar e concluir o processo, e que correm para um consultor nem bem ouvem falar sobre o processo de imigração. E o motivo é o mais fraco de todos: preguiça. Preguiça de sentar, ler e pesquisar. Muitos preferem pagar alguém para explicar o processo tim-tim por tim-tim do que gastar algumas horas por dia para entender como tudo funciona. Em outros casos, é a insegurança, o medo de fazer alguma coisa errada que leva o candidato a imigração a buscar um consultor. E, tudo bem, até entendo que errar algo na montagem do processo pode levar a meses de atraso e a um retrabalho desnecessário, mas se você está inseguro por causa de alguns formulários a serem preenchidos, o que vai acontecer quando você tiver de fazer imposto de renda no Canadá (em inglês ou francês)? Ou quando precisar de algum serviço por lá, público ou particular? Vai chamar um consultor também?

"Ah", protesta o cidadão incauto, "mas, se um consultor já está por dentro do processo e pode me passar tudo numa sentada só, por que eu deveria gastar o meu tempo lendo e pesquisando algo que eu nem entendo?".

Bom, primeiro porque é seu dever. Ou, pelo menos, deveria ser. Você não está fazendo um contrato com operadora de celular. Você está embarcando num projeto de mudança total de vida. Cada informação que você busca te instrui não só em relação ao processo, mas também ao país pro qual você está indo. Se isso não for suficiente como motivo, tem também o fato de que nem sempre os consultores sabem tudo. Eles também são seres humanos, podem errar ou ficar desatualizados. Mudanças nos processos de imigração não são tão raras, e os consultores não recebem aviso em sonhos ou mesmo uma mala direta sobre as mudanças. Eles ficam sabendo junto com todo mundo. Outro ponto é que pagar um consultor sai caro. Os valores podem variar bastante, mas já vi gente gastando oito mil legais com consultoria. Se isso é pouco ou muito pra você, eu não sei, mas não é troco de padaria. E isso é só a consultoria; ainda tem as taxas do processo, despesas com envio de documentação, xerox, impressão, passagens e por aí vai. E, finalmente, tem a garantia, ou melhor, a ausência dela: nenhum consultor vai poder te dizer se você vai ou não vai ser aceito como imigrante. Ele vai, no máximo, te dar uma ideia das suas chances, mas isso você pode descobrir sozinho. Sabe aquele pessoal que gastou oito mil moedas de ouro com consultoria? Pois é, o visto deles foi negado no final.

Na minha opinião, as únicas pessoas que podem ter alguma justificativa para a consultoria são aquelas que têm profissões muito fora do padrão, que não se encaixam nos principais processos de imigração ou cuja situação seja muito particular. É muito fácil querer dizer que a sua situação é "particular" e que, por isso, é melhor você ir atrás de um consultor, mas a verdade é que esses casos são raríssimos. Por mais que você tenha vivido la vida loca, é muito mais provável que se encaixe em um ou outro perfil de um determinado processo do que ser essa entidade mística que nunca ninguém viu. Mas, se você é uma delas, meu conselho é: vai fundo na consultoria. Do contrário, contenha a ansiedade, deixe a preguiça de lado e vai meter a cara DE VERDADE no processo!

No fim das contas, cada um sabe de si, e se você aí que está começando o processo e está lendo isso aqui quiser e puder pagar um consultor, obviamente eu não tenho nada com isso. Não desmereço nenhum deles (até porque, como disse, não utilizei os serviços de nenhum) e com certeza há profissionais muito bons por aí. O que eu quero deixar claro é que é possível fazer qualquer processo de imigração para o Canadá sem precisar de ninguém e, de quera, economizar uma boa grana. Eu e tantos outros por aí somos as provas disso.

À bientôt!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Mais tarefas cumpridas

Minha lista de afazeres vai, aos poucos, ficando menor. E já não era sem tempo! Nessa última semana, voltei a São Paulo para encerrar o contrato de aluguel. Ainda tinha coisas lá, basicamente roupas e gibis, e, por isso, fiz um convite aos meus pais para irem comigo. Além da companhia, cada um levaria um malão para me ajudar a trazer o que faltava. Mas, sendo meus pais, eles fizeram muito mais que empacotar meus gibis.

Na segunda-feira, doei os últimos pertences. Na hora de arrumar e encaixotar tudo, é aquela coisa: volta e meia, a gente depara com um objeto, uma camisa ou outra bugiganga que faz a gente pensar se não vale a pena guardar ou conservar por mais tempo, quem sabe dar uma outra finalidade... e aí é que entra a realidade: você até pode querer guardar essa ou aquela peça (além das outras que já guardou), mas, mudando de vida, quanto menos cacarecos levar, melhor. E, então, a caneca bonita vira cacareco, junto com a camisa que você acha legal, mas que só usa três vezes por ano (porque é um saco pra passar) ou o porta-retrato que foi presente de um amigo bem-intencionado, mas que é tão grande que você tem que fazer impressão de banner pra poder encher. Quando o pessoal levou as coisas embora, achei que ia sofrer um tiquinho, mas lá foram eles, e a vida segue, e ainda tem muita coisa pra fazer.

Ajudei meus pais a preparar o apartamento pra pintura. Logo depois, saí pra resolver uma pendência na Comgás (empresa que fornece gás natural pra São Paulo) e entregar o que faltava no meu ex-trabalho. Foi legal rever o pessoal, mesmo só um mês e meio depois, mas ainda não consegui me afastar definitivamente daquilo tudo. Quando vou falar de lá pra alguém, acabo soltando um "lá no trabalho" ou "o meu chefe" que entregam que ainda não cortei o vínculo pra valer. Uma hora vai, eu sei, mas eu gostaria de sentir aquele alívio por não estar mais ligado a algo de que eu não gostava.

Quando voltei ao apartamento, surpresa! Meus pais já tinham pintado TUDO! Ok, eu sabia que eles iam meter a mão na massa (minha mãe é pintora de telas, mas não importa, falou em tinta é com ela mesmo), e ok, o apartamento não é nem um pouquinho grande, mas calma aê! Eu achei que iríamos pintar juntos, e que isso levaria a segunda e a terça. Mas não. Enfim, só dá pra agradecer ter pais desse quilate, né?

Na terça, limpamos o apartamento, deixamos brilhando, e levamos tudo o que ainda estava no apartamento para o hotel onde ficamos hospedados. Foram só duas viagens (a pé) com mochilas nas costas, mas deu pra suar. No hotel, organizamos tudo nas malas com a ajuda de uma balança que pedi emprestado. Ficou tudo redondinho para ser levado para o aeroporto, e eu respirei aliviado ante à possibilidade real de não precisar pagar excesso de bagagem.

Com tudo resolvido, na quarta fomos visitar tios e primos em Valinhos, que fica a pouco mais de uma hora de São Paulo. Vergonha das vergonhas, em sete anos morando lá, eu nunca tinha tido a decência de ir lá (mas, verdade seja dita, nunca houve um convite direto). Foi divertido rever o pessoal, passamos o dia lá e chegamos em São Paulo já à noite.

Na quinta, dia da vistoria! Choveu o dia inteiro, a moça da imobiliária atrasou, mas, aparentemente, deu tudo certo: ela gostou do que viu e disse que, pelo jeito, o apartamento estava melhor do que quando eu peguei. E, modéstia à parte, está mesmo. Pintura novinha (em vez da semi-nova que eu peguei), chuveiro novo com conector (o que já estava no apartamento funcionava, mas já era muito velho, e não tinha conector), pequenos reparos feitos (e eu não tinha a menor obrigação, já que recebi o apartamento sem esses reparos)... enfim, pode não ser o Palácio de Versalhes, mas ficou bem mais ajeitadinho do que antes. Mas ainda não recebi o termo de entrega das chaves, e eu só sossego de vez quando isso estiver na minha mão.

Depois da vistoria, fui dar baixa no meu cadastro na administração do condomínio e cancelar o contrato junto à Eletropaulo (companhia que fornece energia elétrica em São Paulo). Foi tudo tranquilo e rápido, e aproveitei o tempo que sobrou pra já enviar cópias dos documentos por e-mail pra imobiliária. É tão bom poder ir tirando o peso dos ombros com essas pequenas coisas que vocês nem imaginam!

Na sexta, já sem obrigação alguma, só curti a cidade com os meus pais. Na verdade, os três estavam com cansaço acumulado, então demos um longo passeio e, à noite, voltamos ao hotel para terminar de arrumar as coisas. 

E hoje pegamos o voo de volta a Brasília (sem pagar excesso!), que está do jeito que eu gosto: com céu encoberto, temperatura na casa dos 21 graus e uma chuvinha ocasional. Agora que essa parte ligada a São Paulo acabou, chegou a hora de começar a separar o que eu vou levar, de fato, para Montreal. Quando me mudei de Brasília para São Paulo, levei mala e cuia, e essa foi a pior besteira que fiz. Eu nem tinha intenção de ficar muito tempo lá (e acabei ficando sete anos!), então não devia ter levado tudo que eu tinha. Agora, por mais que minha intenção seja construir um ninho lá em Montreal, eu vou levar só o essencial nessa primeira leva e, dependendo de como a vida de imigrante se desenrolar, eu vou levando o resto, quando vier visitar o pessoal no Brasil ou quando o pessoal for me visitar no Canadá. Com pouca coisa, dá pra ficar mais aberto em relação às opções de moradia.

E é isso! Menos algumas coisas na minha lista, e agora dá pra dizer que estou quase entrando na reta final. Em pouco mais de um mês, tudo vai mudar. Pra melhor!

À bientôt!