quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mudanças no processo de imigração



Tava dando uma zapeada na Comunidade Brasil Québec, agora que terminei um curso que estava fazendo e estou com um tempinho a mais, e me deparei com essas informações:


"Como já previsto, o processo de imigração do Québec vai ficar mais seleto a partir do ano que vem. Anexei abaixo um artigo extraído do site da Rádio Canadá que foi postado em uma lista de email que participo. Para facilitar, fiz um micro resumo abaixo:

As orientações (do governo) em matéria de imigração para o período 2012-2015

- elevar progressivamente a 50% o número de requerentes principais que possuem uma das profissões privilegiadas (ou seja, as outras profissões terão menos chances)
- manter uma proporção majoritária de pessoas que dominam a língua francesa (aumento das exigências quanto ao conhecimento da língua)
- reequilibrar proporcionalmente a origem dos imigrantes. Atualmente o maior número é de africanos, por isso será reduzido (não sei a proporção que a América do Sul tem, mas se for alta a tendência é diminuir, caso contrário a aumentar)
- reduzir a média anual de imigrantes de 55 000 para 50 000 entre 2012-2015.

Resumo da ópera: quem não tem profissão priortária corra agora mesmo para o super intensivo de francês e dê entrada no seu processo ainda esse ano antes que essas mudanças sejam aplicadas.

Fonte: Radio Canada http://www.radio-canada.ca/nouvelles/National/2011/04/15/001-eil-immigration-baisse.shtml "

Eita nóis... nem a minha formação, nem a profissão que exerço atualmente são prioritárias, meu francês ainda está nas 110 horas (mesmo que digam que eu passo na entrevista com o que sei falar) e ainda há o risco de que essas sejam apenas algumas das mudanças. Vai que resolvem baixar também a idade ou coisa do gênero.

E agora? Será que o negócio é acelerar os planos e dar entrada ainda esse ano?


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mais francês

Então, como combinado, lá fui eu na segunda-feira pra minha possível nova escola de francês. Não sabia o que esperar depois de tanta bagunça da secretaria do curso tantos desencontros e tentativas frustradas. Mas não é que até gostei? O professor é um canadense da gema, se mostrou muito simpático, atencioso e brincalhão. Tive um tanto de dificuldade de entender o sotaque dele no início, não fazia ideia se ele estava pedindo pra eu me apresentar ou se tava me passando uma receita de macarrão ao alho e óleo, mas, no decorrer da aula, meu ouvido começou a captar melhor o que ele estava dizendo. Ele ainda tirou um sarro comigo, perguntando se meu sotaque francês era da Aliança Francesa, e tudo isso fazendo biquinhos exagerados hehehe.

A aula foi legal e teve muito mais conversa do que teoria, o que achei bom, porque meu maior problema sempre foi falar em uma língua estrangeira (tá, às vezes até na minha língua materna mesmo). Ao final da aula, fui conversar com a secretária sobre como eu poderia fazer, ela perguntou se eu tinha gostado e eu falei que sim, mas que eu quase chorei quando não entendi nada no início deu pra notar bastante a diferença de sotaque entre o francês da França e o do Canadá. O professor se juntou a nós e falou que meu francês tá muito bom (!), que eu não deveria esperar até o ano que vem pra fazer a entrevista (!!) e que a única turma em que eu vou aproveitar alguma coisa, segundo ele, é essa pra qual eu fui, porque as outras de intermediário estão beeeem atrás em relação à fluência (!!!). Agradeci, óbvio, mas deixei claro que ainda não vi todos os tempos verbais e que não me acho prepardo pra fazer uma entrevista em francês e muito menos viver numa cidade onde se fala francês. Ele concordou, mas voltou a dizer que não tem outra turma pra mim e que eu tava proibido de entrar em outra turma dele hehehe.

Enfim, foi legal e tudo mais, eu gostei da possibilidade de falar mais que escrever durante a aula, mas quero continuar estudando a gramática. Como é praticamente impossível achar uma escola que esteja começando uma turma de intermediário a essa altura, acho que vou ficar por lá mesmo e fazer uma avaliação no final do semestre. Se eu sentir que tô rendendo, fico por lá e continuo estudando a gramática em casa. Se não, procuro outra escola.

Mas que eu gostei dos elogios, isso eu gostei \o/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Francês






Eu comecei a estudar francês em junho de 2010. Antes disso, tive um breve contato com a língua, láááááá pelos idos de 1998, ainda na faculdade. De lá até o ano passado, nada, ou seja, o pouco que havia aprendido já tinha ido pro espaço. Movido pela vontade de imigrar para o Canadá, retomei os estudos ano passado, numa escola que me foi indicada como sendo muito boa. Bom, a escola não era ruim, de fato, mas eu não tive lá muita sorte com os professores. Peguei uma professora brasileira que não me passava lá muita segurança, embora seja uma pessoa excelente. Fiz um intensivo de um mês com ela. Em seguida, peguei um francês que podia ser tudo, menos professor. Sério, o cara mal levantava da cadeira pra explicar qualquer coisa, e levava o curso mais como uma conversa de boteco - na qual basicamente só ele falava, claro, já que o resto de nós mal conseguia formar três frases sem errar ou sentir falta de vocabulário. Fiquei quatro meses com esse professor e já tava pedindo arrego quando ele saiu e foi substituído por uma canadense que - aí sim - deu um gás pra aula. Infelizmente, com ela foi apenas um mês, até o meio de dezembro, já que ela entrou apenas para substituir o francês que foi embora.

Enfim, depois disso, fiquei revisando a matéria em casa. Foi muita coisa dada de uma vez, já que fiz o equivalente a três semestres em um. Apesar de ter tido pouco tempo pra estudar e tudo mais, me dei até bem. Daí, a partir de janeiro comecei a revisar por conta própria todo o conteúdo aprendido no segundo semestre do ano passado (e tô fazendo isso até hoje). Só que, para o processo de imigração, preciso comprovar horas estudadas, e meu esforço pessoal pode valer para proveito próprio, mas não pra hora da entrevista. Então pensei se voltaria à mesma escola, já que tinha feito três livros lá, mas fiquei sabendo de uma outra escola, indicada por vááááárias pessoas em blogs e listas de discussão. E... pois é... tô desde antes do carnaval tentanto ter aulas lá. Olha, o curso pode ser muito bom, mas a organização deixa - e muito - a desejar. Ou, vai ver, eu fui premiado com o descaso deles. Mandei uns três e-mails, ninguém respondeu, liguei lá, mal consegui informações (as respostas variavam entre algo do tipo "ainda não sei se alguma turma do nível básico vai querer continuar no internediário" a "não sei te dizer quanto vai custar, porque depende dos alunos e da carga horária"). Fui até a escola, consegui um pouco mais de informações e a promessa de que iriam entrar em contato comigo pra me passar as "possibilidades". Não me passaram nada. Lá fui eu recomeçar a mandar e-mail, ligar e tal. Pra encurtar a coisa, consegui, quase pedindo por favor, marcar pra assistir uma aula de uma turma do nível intermediário pra "ver se eu me adequava". Fui lá e, depois da aula, a professora disse que achava que eu podia passar pra uma turma mais avançada (!), só que ela não sabia se tinha turma mais avançada (!!), mas que, se eu quisesse, com o meu francês eu passo na entrevista do processo (!!!). Pensei um "AAAAAOOOOOOOOOOOOOONDEEEEE", mas não disse nada. A professora disse que conversaria com a chefe dela e que entrariam em contato comigo esta semana pra me dar uma resposta.

E tô eu aqui, conjugando o verbo attendre a semana inteeeeeeeira, e nada de telefonema ou e-mail. Hoje, tive um tempinho no trabalho e corri pro telefone. Daí consegui falar lá com alguém que disse que sim, a professora havia comentado sobre o meu caso (virei um "caso"). Quase perguntei se era só isso e iam me empalhar ou algo do tipo, mas só mandei mesmo um "bom, e aí, tem alguma coisa pra mim ou é melhor eu procurar outra escola?". Enfim, me explicaram que eu, novamente, preciso assistir uma aula de outra turma pra ver se me adapto. Disseram que tem uma turma na segunda e quarta à noite, e falaram pra eu ir. Daí eu fiquei pensando se valia a pena, mas a verdade é que qualquer outra escola já começou aulas há mais de um mês e que, nesse momento, ou é essa escola, ou é ficar revisando em casa até o próximo semestre. Então falei que vou lá na segunda. Nem sei o que esperar, mas, a essa altura, acho que já nem me importo mais.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Obstáculos

Depois de mais uma rodada desesperada atrás de informações de leitura de blogs, fiquei pensando um pouco nos obstáculos para se imigrar. Claro, porque só alguém sem noção pra achar que tudo serão flores, que haverá canadenses no aeroporto jogando pétalas de rosa quando você passar, que vão te dar a chave da cidade (qualquer que seja ela) enquanto você dá entrevista para alguma versão quebequense do Faustão... Não, há, sim, obstáculos, e dão o que pensar. Selecionei alguns que sempre vejo em praticamente todo lugar (e na boca de todo mundo que quer jogar areia no meu olho... êta, povinho sem o que fazer!).

1. Clima: claro, não se trata da velocidade no vento na primavera ou quão azuis os céus ficam no verão. Neguinho de país tropical falando que tem medo de clima só pode significar UMA coisa: frio, e dos brabos! Difícil é encontrar alguém que não tá nem aí pro frio, seja antes de imigrar, seja depois de já estar lá instalado. Mas enfim, quem me conhece sabe que eu adoro o frio. O que faz eu me sentir mal é justamente o calorão daqui. Cara, fico desanimado, dá uma moleza, uma sensação de que o mundo vai acabar e que é melhor ficar deitado esperando que eu vou te falar... Em contrapartida, se o céu fica nublado e sopra aquele ventinho frio, eu fico infinitamente mais disposto. Sim, eu também sei que o frio do Canadá não é frio de pobre algo na casa dos 12ºC, é BEM mais pra baixo, mas isso é assunto pra depois. O que importa é que gostar do frio já é algo positivo se se vai imigrar pra um país com inverno de verdade;

2. Idioma: aquela língua melosa do inferno que tem que fazer biquinho pra falar ah, oui, le français...isso, sim, eu acho que vai ser um obstáculo bem grande, pelo menos no início. Eu sou tarado por idiomas, se existisse uma profissão na qual me pagassem pra aprender línguas, lá estaria eu. Então, pra mim, não é problema aprender uma língua nova, é um prazer!!! Maaaaaaaaaaaasss... aprender BEM, usar BEM e, principalmente, depender dessa língua pra fazer tudo é que é o problema. Uma coisa é você falar que o livro está sobre a mesa dentro da sala de aula, outra é ter que se virar nos 30 pra explicar pra um futuro empregador o que você já fez profissionalmente na vida e quais são suas aspirações. Não é nada que, com prática, muita prática, não venha com o tempo, mas até lá, imagino que deve doer um bocado;

3. Trabalho: é o que todos queremos lá no Canadá pra viver de fato por lá. Os relatos variam e muito, há histórias de todo jeito, mas acho seguro dizer que é difícil chegar lá e encontrar emprego logo de cara. Então haja bolsa de francisação, presença em palestras sobre como montar currículo e como se portar em entrevista, e paciência pra esperar tudo se ajeitar. E, aliado a isso, tá lá o item 2: tem que mandar bem no francês pra ter algo bom. Em princípio, eu não tenho problema nenhum em mudar completamente de área, voltar aos estudos, fazer uma nova faculdade e por aí vai. Aliás, pra mim, ir para o Canadá é um recomeço em vários sentidos, então por que não seria também no profissional? Mas o negócio é que não é colônia de férias nem intercâmbio: pra morar lá, pra viver lá, eu vou ter que ganhar grana, e ganha-se grana trabalhando ou roubando dos outros como acontece aqui, nesse Brasilzão véio de guerra, debaixo das nossas fuças, e a gente só balança a cabeça e diz que não tem jeito.

Há outros obstáculos, claro, e cada um que resolver trilhar a senda para o norte vai sentir mais ou menos essa ou aquela dificuldade. Eu ainda nem estabeleci uma lista completa pra mim, isso aí em cima é só um comentário sobre algumas das coisas mais comuns que vejo na maior parte dos blogs sobre imigração. Mas tô doido pra poder falar com propriedade sobre cada uma delas hehehehe. Que venha logo esse dia!!!!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Motivações

Dando uma olhada em alguns dos vários blogs de imigrantes, futuros imigrantes e indecisos, uma coisa chama a minha atenção: praticamente ninguém parece querer imigrar pensando na possibilidade de ficar rico ou, pelo menos, ganhar mais grana do que ganha aqui no Brasil. Não que eu achasse que a maioria das pessoas imigrava iludida, acreditando que ia enriquecer só por estar morando em um país de primeiro mundo, mas eu pensava, sim, que eu veria o assunto "dinheiro" mais comentado. Mas me enganei redondamente.

E que bom saber disso!! Por dois motivos: primeiro, dentre as minha motivações, não está incluído o fator dinheiro. Claro, não quero imigrar pra passar fome (e por isso as pesquisas e a preparação antes de me meter a preencher formulários), mas não estou realmente nem um pouco preocupado com a possibilidade de ganhar mais ou menos do que ganho aqui. Segundo, porque, com tanta gente motivada por mais ou menos as mesmas coisas que eu, parece mais fácil não me sentir sozinho nesse barco hehehe.

Falando das minhas motivações... bom, que me conhece sabe que eu tenho um sério problema pra me sentir parte de um lugar e pra resolver o que vou ser quando crescer. Por isso, em princípio, toda possibilidade de recomeçar sempre me parece muito, mas muito tentadora. Mas dar um passo tão grande como a imigração não pode ser algo feito só pela vontade de recomeçar - pelo menos, não na minha visão e condição, e lembrando que sempre deixamos algo para trás ou de lado, em toda escolha que fazemos. É algo inerente à própria natureza de escolher. Mas enfim, o que me motiva hoje em dia, em primeiro lugar, é a segurança - ou a falta dela, quando se trata do Brasil. Simplesmente detesto a sensação de insegurança que sinto toda vez que saio andando por São Paulo. Embora eu nunca tenha passado por uma situação de violência extrema (agressão, assalto à mão armada, sequestro relâmpago, etc), não sou do tipo que acha que isso só acontece com os outros. Aqui, só me sinto seguro depois que passo por uma catraca de metrô, antes de embarcar, e quando estou dentro da minha casa. Fora isso, a sensação de insegurança é constante. E isso afeta todo o resto. Acabo deixando de ir ver uma peça em cartaz ou algum outro evento porque vejo o horário e penso "hmm, vai começar às 21h30... então deve acabar lá pelas 23h, 23h30... não tem metrô perto.. vou ter que voltar de táxi/ônibus... é na região X... lá semana passada teve dois assaltos, um com morte... é, melhor deixar pra lá". É claro que eu sei que algo assim pode acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar, mas, convenhamos... melhor arriscar passear à noite numa cidade com criminalidade baixa do que tentar a sorte por aqui, certo?

Deixando a (in)segurança um pouco de lado, também busco um pouco mais de respeito entre os seres humanos. Não sei como é no Canadá, acredito que exista gente de todo jeito também, mas boa parte dos relatos que li até agora falam de pessoas receptivas e dispostas a ajudar, não só no que diz respeito ao processo de imigração, mas em tudo, incluindo o respeito às normas de quem vive em sociedade. Aqui no Brasil, a gente é ótimo pra doar alimentos, remédios e dinheiro quando as tempestades de verão trazem parte de um morro abaixo, mas é quase impossível pra mim aqui encontrar alguém que seja educado o suficiente pra abrir um pouco de espaço na calçada para que eu passe. No metrô então... tem um monte de indicações do tipo "por favor, antes de embarcar, deixe as pessoas saírem". Mas quem disse? Acho que o povo tem tanto medo de ter um braço ou uma perna decepada pela porta do metrô que nem bem a porta abre começa a rinha de galo entre os que querem entrar e os que querem sair.

Fora isso, a possibilidade de estudar novamente, em instituições de qualidade realmente, é algo que me atrai muito. Pelo que li até agora, é relativamente tranquilo estudar lá, fazer uma segunda graduação ou uma pós. Ainda não me informei muito a esse respeito, até porque tenho consciência de que vou ter que primeiro me acostumar com o francês pra depois ter cacife suficiente pra encarar uma faculdade, mas, enfim, existe a possibilidade e ela não é algo pra se jogar fora. E começar de novo em outro emprego, talvez numa outra atividade, com outros objetivos é algo que eu sempre encarei muito bem.

Enfim, pode haver outras coisas, ou desdobramentos dessas que listei aí, mas é mais ou menos isso: me sentir seguro, poder fazer as coisas de que gosto sem ficar olhando sobre o ombro o tempo todo; ter e dar respeito sem que isso pareça coisa de "caxias", "mauricinho", "otário" e outros adjetivos simpáticos; e ter a chance de estudar e trabalhar num ambiente que favorece isso. Tô me iludindo demais?