sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Férias!

Quase dois meses sem postar nada no blogue, estava na hora de tirar a poeira, néam?

Mas há um motivo bem simples para o sumiço: férias! Sim, depois de encerrar o trimestre na Universidade de Montreal, apareceu uma oportunidade para fazer uma visita ao pessoal no Brasil. E eu não podia deixar de aproveitar, óbvio. Não que eu estivesse com saudade do calor, do Aedes aegypti ou das novas velhas notícias do Brasilzão; mas meu bem mais precioso, minha família, continua por lá. E, sem saber que rumo a vida tomará neste novo ano, melhor aproveitar enquanto dá. E, falando nisso, feliz 2016 a todos!



Fui para ficar três semanas, mas uma mudança em um dos voos me obrigou a ficar mais uma. Não reclamei nem um pouco, apesar de isso me fazer perder a primeira aula da sessão de inverno na Universidade de Montreal. Foi um mês extremamente prazeroso pra mim. Mimado pelos pais, podendo dar e receber carinho e apoio deles e da minha irmã, dar risada daquelas piadas internas que toda família tem, ajudar um pouco na rotina doméstica, fazer companhia, receber companhia, filosofar, passar tempo, relembrar. Fiz um pouco de tudo isso, além de saborear a inigualável comidinha da mamãe e rever outras pessoas que não estão unidas pelo sangue, mas fazem parte da minha família do mesmo jeito.

É claro que um mês no bem-bom assim só poderia ter um efeito extremamente positivo, né? Fui pro Brasil com a ideia arraigada que eu não pensaria em nada relacionado à minha vida aqui no Canadá: nem francês, nem inglês, nem faculdade, nem alta do dólar, nem que rumo dar pra vida, nada. Claro que não consegui 100%, mas digamos que uns 90% do tempo foi gasto apenas vivendo o presente, aquele presente de estar ali com os meus. O resultado foi que, quando subi no avião de volta, estava incrivelmente relaxado. Claro que não deu pra evitar lágrimas e aquela saudade antecipada de quando a gente sabe que precisa ir, embora ainda faltem um ou dois dias, ou mesmo algumas horas. Mas foi tão diferente de quando vim pra cá em março do ano passado que eu nem me reconheci. Sim, claro que, desta vez, eu já sabia para onde estava indo de verdade: já sabia qual ônibus pegar, já tinha endereço certo pra ir, já não tinha uma penca de coisas para resolver. Ainda assim, acho que passar esse mês sem me preocupar com o futuro contribuiu bastante para essa sensação de calma.

O primeiro efeito foi que não tive nenhuma crise de ansiedade durante toda a viagem de volta. Consegui falar com todo mundo no caminho sem problemas (quem tem transtorno de ansiedade sabe quão desmoralizante e humilhante pode ser não conseguir articular um som na hora em que você tem que falar—tipo, por exemplo, no guichê de imigração, sabe?). Isso já me fez sorrir de orelha a orelha até em casa. Segundo, de repente, me dei conta que estava falando francês. Sabe quando você abre a boca pra falar, seu cérebro sabe que não é a sua língua materna que tem que entrar em ação e ele manda o inglês no lugar, porque é o idioma que está mais fácil e seguro à disposição? Pois é, não foi o que aconteceu. Mais de uma vez, de repente, eu estava falando francês nos aeroportos e com passageiros. Foi um misto de alegria, supresa e "tô possuído", mas foi muito, muito bom!



Ah, cabe ressaltar uma coisa do meu retorno: foi a primeira vez que fui pra fora do Canadá como residente permanente. Então, como bom garoto que sou, levei minha carteirinha de residente permanente e fiquei curioso para saber como seria meu reingresso no país. Foi assim: fui direcionado para a fila dos cidadãos e residentes...




...,que estava longa, e terminei em um totem de auto-atendimento. Na telinha, escolhi o idioma, respondi uma ou duas questões, a máquina escaneou minha carteirinha (demorei aqui porque tem que segurar a dita cuja lá dentro, e eu só passava pelo leitor. Fiz duzentas vezes até me dar conta) e, em seguida, pediu para inserir o formulário da alfândega. Aqui, perdi mais tempo porque eu inseria o formulário e a máquina cuspia de volta, dizendo que eu não havia inserido o formulário do jeito certo. Fui atrás de uma funcionária, que fugiu de mim como se eu fosse um Dementador, e tive que ser resgatado por outra, que me explicou que as pontinhas de papel que haviam sobrado depois de eu destacar o formulário faziam a máquina rejeitá-lo. E não é que a prestativa senhora estava certa? Tirei as pontinhas e o formulário foi engolido suavemente pelo totem. Mais alguns apertos de tecla e a máquina emitiu uma cópia do formulário, que entreguei na saída da área de imigração. Pronto, estava eu lá, residente permanente, de volta ao lar.

E a diferença óbvia depois de um mês fora estava lá: neve pra todo lado. Todo mundo empacotado, e eu achando o máximo! Continuam dizendo que vai chegar o dia em que eu vou ficar de saco cheio do frio, e eu continuo esperando (sem pressa alguma).

Agora é retomar as atividades. Que esse ano seja tão bom pra mim quanto o que passou. E que para vocês aí do outro lado da tela seja melhor ainda!

À bientôt!