quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Bem-vindo, 2014!



O ano de 2013 foi uma mistura esperta de coisas boas e ruins pra mim. Talvez isso seja clichê demais - afinal, se a gente peneirar, sempre acontecem coisas boas e ruins em todos os anos. Mas, em geral, dependendo do volume e da, digamos, qualidade dos acontecimentos, a gente acaba classificando um ano como "bom" ou "ruim". No meu caso, acho que, no fim, eu posso dizer que foi um ano bom. 

Em termos de acontecimentos, o ano de 2013, pra mim, começou com aquela ligação inesperada do BIQ-México numa tarde do fim de janeiro, em português enrolado do lado de lá que um segundo depois passou para o francês fluente também do lado de lá (do lado de cá, francês, digamos, cauteloso e econômico hehehe).. Foi meu primeiro encontro pra valer com o processo de imigração, já que tudo, antes, havia sido por e-mail ou correio. Depois daquela ligação, um turbilhão me sacudiu e dezenas de coisas passaram pela minha cabeça: "tenho que preparar o dossiê!"; "tenho que atualizar as ofertas de emprego!"; "tenho que saber na ponta da língua as questões mais óbvias e, de preferência, as menos óbvias também!"; "tenho que ter segurança na hora de falar!"; "tenho que conferir a documentação!"; "tenho que ver passagem pro Rio!"; "e se eu não conseguir juntar todas as informações a tempo?"; "e se o meu projeto não estiver tão bom assim?"; "e se a minha área, no fim das contas, for ruim a ponto de eu nem conseguir os pontos dos quais preciso na entrevista?"; "e se, no final, eu tiver nadado para morrer na praia, e me recusarem no Québec?".

Eu sou ansioso por natureza, e isso, como quase tudo, tem seu lado bom e ruim. O lado ruim, óbvio, é que eu fico angustiado, e isso se reflete no meu sono, piora minha insegurança, derruba minha auto-estima e faz com que eu me preocupe muito além do que, em boa parte dos casos, é necessário. O lado bom - vejam só - é que eu me preocupo muito além do que, em boa parte dos casos, é necessário, e isso traz a vantagem de fazer com que, na hora "H", as coisas saiam bem mais fáceis e até quase idênticas ao que eu havia planejado. Eu fiquei mega nervoso na entrevista, mas não mais em relação às informações que eu tinha coletado. A minha insegurança era em relação ao francês, se eu travaria ou não nas respostas e se seria suficiente. A julgar pelo retorno que a entrevistadora me deu, foi mais que suficiente (embora, com certeza, aquém do que vou precisar quando me mudar de fato para as terras canadenses).

Depois da entrevista, alívio e o próximo passo. Um mês depois enviei a documentação da etapa federal e posso dizer que respirei mais tranquilo. A peteca não estava mais nas minhas mãos. Meses depois, a confirmação por e-mail me fez relaxar.

Quase ao mesmo tempo, a proprietária do apartamento em que eu morava o pediu de volta. E me dano a correr para procurar outro num preço que eu pudesse bancar, de preferência não muito longe de onde morava, com contrato, no máximo, até o fim de 2014, para que eu não precisasse ficar aqui mais que o necessário (quase impossível em São Paulo, onde querem que você se comprometa quase até a morte nesses contratos de aluguel). Mas enfim, tudo deu certo. Bom, no geral. Pago mais do que acho justo, o que me obriga a economizar menos do que gostaria, e, além de um vazamento no apartamento, ainda me fizeram o favor de abrir um rombo na parede do banheiro no meu último dia de trabalho do ano, horas antes de eu pegar um avião para passar as festas com a família em Brasília.

Fora isso, a tristeza de ver pessoas próximas tendo seus planos de imigração adiados (em alguns casos, até mesmo cancelados), a irritação de constatar a falta de civilidade nos lugares por onde passo em São Paulo (e em alguns por onde passei, em Brasília), a constatação que volta e meia me perturba de que eu realmente não me sinto bem em relação a diversas coisas no Brasil, incluindo meu trabalho. Eu tento, desde os 22 ou 23 anos, encontrar aquele "sonho", aquela "vontade" de fazer alguma coisa que me satisfaça, que me preencha. Vim para São Paulo disposto a ganhar menos, a ralar mais, desde que conseguisse encontrar isso no fim. Não rolou. Após seis anos, só consegui descobrir que não gosto da cidade e que não há possibilidade, para mim, de ser feliz aqui.

Mas, se houve aborrecimentos como esses, em contrapartida houve também surpresas boas. Recebi a visita dos meus pais e da minha irmã por mais vezes do que eu poderia esperar, o que é sempre ótimo; meu relacionamento ganhou contornos reais de futuro promissor; adquiri algumas coisas que são bobas para muitos, mas que me fazem pular como criança no parque; namorei algumas ideias de mudança e transformação que podem ser postas em prática, no futuro; encontrei mais pessoas que estão no mesmo barco da imigração para o Canadá, e é sempre bom ver que você não está sozinho nessa empreitada.

Não tive, de fato, grandes problemas com os quais lidar. Tive, sim, obstáculos, que me fizeram parar algumas vezes e reavaliar as coisas. Em outros momentos, como no último post do ano passado, várias insatisfações se juntaram e me derrubaram. O bom disso é que acabo sempre colocando as coisas em perspectiva e, após a apatia inicial, dá pra ver que, sim, o ano foi bom, infinitamente melhor do que para muitos, e 2014 tem tudo para ser melhor. Sem angústia para o processo acabar logo, sem desespero com a falta de educação e mentalidade simplória de muitas pessoas, sem mais estresse no trabalho do que ele já impõe. Que 2014 venha ainda melhor e mais leve que 2013!

Obrigado aos que acompanham o blog e mesmo aos que só passam de vez em quando. E, a todos, um ótimo ano, com esperanças e forças renovadas!

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