quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Open House (McGill)

Voltar ou não para a universidade é uma questão para a qual ainda não tenho resposta. Às vezes, acho que é meio sem noção querer fazer outra faculdade sem ter muita ideia do que quero realmente pra vida; outras vezes, penso que sem noção é ficar achando que serei atingido por um raio divino que vai me indicar o caminho "certo" e que, portanto, é melhor tentar do que ficar parado ou trabalhar com qualquer coisa. Essas duas maneiras de ver a questão se alternam quase o tempo todo, e elas se revezam no pódio de campeão do dia da minha mente dependendo de coisas tão banais quanto meu humor no dia ou um vídeo que alguém me envia.

Mas, enfim, ainda sou da opinião de que, se você não precisa tomar uma decisão às pressas, é bom se informar. E foi com essa intenção que participei, nas últimas semanas, de dois eventos em duas universidades aqui de Montreal cuja intenção é convencer os futuros alunos a escolher a universidade e mesmo o curso para seguir com os estudos. Esses eventos são bem comuns por aqui. Vi vários anúncios de universidades, colleges, CÉGEPs e outras escolas anunciando o seu próprio evento de "portas abertas", um dia em que você pode conhecer as instalações, assistir palestras, falar com alunos e professores, e tirar dúvidas sobre que tenha sobre admissão.

Nota: a ideia era falar sobre os dois eventos num post só, mas, pra variar, escrevi mais que a Wikipédia. Então, vou falar sobre o evento da McGill aqui e deixo para falar sobre o da Universidade de Montreal no próximo.

Open House - McGill University

O primeiro evento ao qual fui foi o da McGill. Ele aconteceu no dia 25 de outubro, das 10 às 16. Cheguei um pouquinho depois das 10, me identifiquei na área de recepção e ganhei sacolinha, mapa do campus, lista das palestras e outras indicações.

De lá, fui logo assistir a primeira palestra que me interessava. Era sobre admissão, mas acabou não me sendo de grande valia. Como era de se esperar, toda a informação foi voltada para estudantes vindos do sistema de educação canadense e dos Estados Unidos, com um pouco para alunos internacionais. Na verdade, havia uma palestra toda dedicada aos alunos internacionais, mas eu sou residente permanente, já tenho faculdade, então... fico meio no limbo nessa hora. E, se ainda não deu pra notar pelas postagens, eu sou tímido, então imagina se eu ia levantar a mão no fim pra fazer perguntas tipo: "Oi, sou um tanto velho, não sei exatamente qual curso fazer e nem quais partes do processo de admissão se encaixam pra mim, então será que você poderia me ajudar?". Preferi deixar pra encurralar alguém depois.

Campus da McGill


De lá, fui a um painel bem legal que era uma espécie de mesa redonda. Havia um estudante de pós-graduação (que fez a graduação também na McGill), dois estudantes atualmente na graduação, uma que já é formada pela McGill e está atuando no mercado de trabalho, e uma mãe de aluno. O painel começou com a mediadora fazendo perguntas do tipo "o que mais você gosta/gostou na McGill?", "qual foi a maior dificuldade durante os estudos?" e por aí vai, e era interessante ver as diferentes histórias (mas claro, sempre com o lado positivo da vida na McGill). Em seguida, as pessoas no auditório puderam fazer perguntas, e uma em especial foi interessante: uma mãe de candidato, americana, perguntou sobre a questão de consumo de álcool na universidade. Como nos EUA a idade mínima legal para beber é 21 anos, ela tinha receio do impacto que o álcool mais cedo (no Quebec, é liberado a partir dos 18 anos) poderia ter na vida pessoal e acadêmica do filho. Quem respondeu foi uma das alunas da graduação, que é americana, e ela disse acredita que o consumo de álcool aqui seja bem menos badalada que nos EUA. Lá, como a idade legal é 21, todo adolescente fica louco de vontade de "infringir a lei", beber escondido pra se sentir "livre" e "desafiando o sistema". Aqui, como a cultura é diferente, e como a idade legal é mais baixa, beber acaba não sendo um grande tcham na maioria dos casos. Enquanto nos EUA os universitários se acham o máximo tomando porres com 20 anos, consumir álcool aqui perde o glamour (se é que tem) mais cedo. Obviamente, o uso ou abuso vai de cada um, e todo mundo sabe que os adolescentes começam a beber bem antes da idade legal nos dois países.

Em seguida, participei de uma palestra de admissão da faculdade de Direito. Em um passado distante, eu pensei seriamente em estudar Direito. Até cheguei a fazer vestibular pra UPFR no Brasil. Mas foi uma coisa de momento que passou logo. Ainda assim, já tinha ouvido falar que o curso de Direito da McGill é puxado, e que aqui você precisa ter graduação pra ir estudar Direito. Enfim, fui lá pra descobrir como era a coisa. A palestrante, embora toda vestida de advogada bem-sucedida, aparentemente não tem muito o hábito de falar em público ou, no mínimo, não conhecia exatamente o processo de admissão. Foi uma palestra um tanto confusa, e ficou ainda pior porque ela falava ora em francês, ora em inglês. Enfim, o que tirei de lá é que (1) sim, precisa-se realmente ter uma graduação para só então ir estudar Direito; (2) a McGill é uma das poucas universidades (se não a única pras bandas de cá) que ensina o Direito Civil (utilizado no Quebec) e a Common Law (usada no restante do Canadá); (3) por isso mesmo, conhecimento das duas línguas é essencial, mesmo que o candidato não seja totalmente fluente, já que há disciplinas em inglês e disciplinas em francês; (4) o GPA (espécie de média das notas da faculdade) mínimo para ser considerado pelo comitê de admissão é 3.8. De uma escala de 4.0!!! Gente, isso significa que você precisa ter uma graduação praticamente impecável pra ser CONSIDERADO!!! Além disso, você ainda vai ser comparado a todos os outros crânios que tem GPA de 3.8 ou mais (acredite, eles existem!) e pode perder o lugar porque alguém fez um trabalho voluntário em algo relacionado a Direitos Humanos, por exemplo. Deve ser osso!! Eu já tinha ouvido dizer que se você tem GPA abaixo de 3.5 é difícil entrar em qualquer curso da McGill, mas essa do Direito me deu toda uma nova dimensão da coisa.


Campus da McGill


A última palestra pra mim foi da Faculdade de Artes e Ciências. Estava bem animado porque eu (in)felizmente eu me interesso por cursos que têm uma grande chance de me levar a uma vida de pobreza: História, Literatura, Cultura e Civilização e por aí vai. Então sentei mais próximo ao palco e fui até criando coragem para fazer perguntas. Mas tomei um balde de água fria: a palestra durou 15 minutos, e a dona que nos agraciou com sua voz usou esse tempo para, basicamente, repetir informações do site. Ok, tá bom, eu entendo que muita coisa pode ser encontrada no site, mas se você vai dar uma palestra pra apresentar a sua faculdade, custa fazer um trabalhinho mais elaborado? As outras palestras duraram entre 40 e 60 minutos, mais o tempo pra perguntas. Por que a da Faculdade de Artes, que tem um zilhão de cursos, tinha que durar 15? Todo mundo ficou surpreso quando a palestrante perguntou se alguém tinha dúvidas e, diante do silêncio, encerrou a sessão. Só que, óbvio, TODO MUNDO tinha dúvidas, então formaram uma fila pra ir perguntar sobre tudo que ela não havia dito.

Campus da McGill


Saí frustrado, mas ainda tinha uma missão: encurralar alguém pra bombardear com as minhas questões. E achei! Simpática, a mocinha ouviu toda a minha história e, em resumo, me disse o seguinte:

1) O processo de admissão é o mesmo que todo estudante canadense/quebequense segue. No meu caso, vão me avaliar pelo meu GPA da UnB em vez do segundo grau, mas, fora isso, o trâmite é o mesmo;

2) Como já tenho um bacharelado, se eu for admitido eles vão me considerar como Second Degree, ou seja, alguém que vai fazer um segundo bacharelado. Nesse caso, eu estarei limitado a 60 créditos (contra os 90-120 que um estudante que vai fazer o primeiro bacharelado tem que fazer). Isso é bom por um lado, pois significa que eu poderia ter um novo diploma universitário em dois anos. Porém, o lado ruim é que limita bastante o que eu poderia explorar na faculdade (sei que isso soa bem nerd, mas, se você acompanha o blogue há algum tempo, já deve ter se acostumado);


3) Não terei necessariamente que ficar só com as vagas que sobrarem. Como expliquei à moça simpática, a parte sobre Second Degree no site da McGill está junto com a parte de Transfer Students, o que faz parecer que ambos seguem as mesmas regras, e lá diz que estudantes pedindo transferência de uma outra faculdade só são aceitos se sobrarem vagas. Mas, segundo a moça simpática me explicou, se eu tiver um GPA competitivo, posso receber uma oferta de admissão logo no início da temporada, que começa em dezembro. Ainda assim, ela lembrou que o processo é bastante competitivo, e que eu não deveria esperar uma resposta antes de março ou abril do ano que vem.

Ela não soube me confirmar sobre a história do GPA mínimo de 3.5 pra ser considerado. Só disse que isso varia de um ano para outro e repetiu que o processo de admissão da McGill é bem competitivo. Senti que eu precisaria ser um Cavaleiro Jedi pra conseguir entrar, mesmo tendo GPA maior que o suposto mínimo. Mas, enfim, por enquanto, é só uma ideia, não é mesmo? 

*Suspira*

À bientôt!


2 comentários:

  1. Oi, Doug, fiquei curiosa: como fazemos a conversão da nossa média de faculdade para o GPA canadense?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Aline! Eu usei a calculadora do site http://www.foreigncredits.com/Resources/GPA-Calculator/ , recomendada por algumas pessoas. Embora faça a conversão para o GPA americano, me disseram que o resultado do site é bem parecido. Isso já dá pra te dar uma ideia mais concreta sobre onde você ficaria na escala de GPA 4.0 e permite selecionar melhor as universidades para as quais se candidatar.

      Abraço!

      Excluir