segunda-feira, 3 de novembro de 2014

The Leftovers

Como falei alguns posts atrás, tenho sentido necessidade de diversificar os assuntos por aqui. E isso inclui falar de coisas que não têm nada a ver com a imigração. Então, se você pretendia ler mais algum capítulo sobre a minha mudança ou alguma novidade no processo, direito seu, mas acho que terá de aguardar mais um pouquinho.

Ainda aqui? Ok.

Ontem, eu terminei de assistir a temporada da série The Leftovers, da HBO. Tudo bem, eu sei que estou dando uma de Rubinho Barrichello, já que o último episódio foi ao ar em setembro (!), mas, tendo de conjugar verbos em francês todo dia, fazer exercícios de gramática, procurar informações sobre bairros em Montreal, "curiar" a vida dos colegas de jornada para o norte e, enfim, trabalhar (dentre outras coisas inadiáveis), acaba não me sobrando muito tempo para esses petiscos da vida, as séries de TV. A única série que eu vinha acompanhando é Game of Thrones, por razões óbvias (se não é óbvio para você, espero de coração que, um dia, passe a ser). E só comecei a assistir The Leftovers porque: (1) ela estreou no fim de semana seguinte ao fim da temporada de Game of Thrones, então eu não iria começar a acumular séries; (2) eram só dez episódios (como quase todas as séries da HBO), então, se fosse ruim, não perderia tanto tempo da vida; (3) é uma espera do cão entre uma temporada e outra de Game of Thrones, então ter outra série para ajudar a passar o tempo é bom. Então... desafio aceito!





Para quem não sabe, a série trata do desaparecimento de aproximadamente 2% da população mundial. Um desaparecimento desses de piscar os olhos e a pessoa sumir, puf, sem raios de luz, ventania jogando os cabelos do povo pro lado pra dar efeito ou coisa do tipo. Logo todo mundo (ou quase) faz a associação entre o desaparecimento e o arrebatamento, episódio previsto para ocorrer,  segundo algumas interpretações bíblicas, antes dos flagelos do Apocalipse, no qual os justos E bons E crentes E tementes a Deus seriam levados para "outro lugar" e não sofreriam o pandemônio, reservado especialmente para você aí, meu(minha) amigo(a) que faltou à missa domingo passado. O negócio é que todo mundo logo (também) se dá conta de que ou o conceito de "justo" e "bom" e etc da humanidade é diferente do de Deus, ou o que aconteceu foi outra coisa, já que uma galerinha adúltera, alguns assassinos e traficantes, além de pessoas de moral duvidosa somem do mapa, enquanto pessoas que você jura que estariam no início da fila do arrebatamento de tão puros continuam por aqui.

E aí? É de dar nó, ou quer arriscar um palpite?



Enfim, assisti o primeiro episódio e, ok, foi instigante. Não me deixou babando de ansiedade, mas não me fez correr. Mas confesso que, até o terceiro ou quarto episódio, a coisa ainda não tinha engatado pra mim. Eu estava um tanto perdido, até me dar conta que o mistério do arrebatamento é apenas o pano de fundo para as crises existenciais (e de outra natureza também) dos personagens retratados. A série se passa quase que exclusivamente na fictícia cidade de Mapleton - algo que soa como vilarejo de interior, do tipo que tem só duas casas, igreja, prefeitura, mais duas casas e acabou, mas que parece ser maiorzinha depois - e o telespectador acompanha alguns habitantes dali, três anos após o "Dia da Partida", e vê o impacto que o sumiço coletivo teve nas pessoas e na sociedade. E cara, vou te contar... é foda!

Adicione ao drama pessoal elementos "sobrenaturais" como sonhos enigmáticos, dupla personalidade aparente, profetas de todas as cores e tamanhos que juram saber a verdade do aconteceu (e os rebanhos que ele angariam) e organizações religiosas, pseudo-religiosas e do tipo "nenhuma-das-alternativas anteriores", que se dedicam aos mais variados fins. Dessas, a mais presente na série é a dos "Remanescentes Culpados", que faz de tudo para não deixar as pessoas esquecerem do "Dia da Partida" e continuarem as vidinhas medíocres, valendo-se de métodos que beiram a tortura psicológica. Aliás, o que eles fazem no último episódio da temporada teve, pra mim, a potência de uma voadora do Van Damme no queixo (ALERTA: referência do arco da véia detectada. Idade chegando). O penúltimo episódio, em que vemos, pela primeira vez, o momento da "partida" na vida dos personagens que acompanhamos desde o primeiro episódio, é incrivelmente tocante, bem escrito e montado. Um show para quem curte.

Enfim, não é uma série que vá agradar a todos, é óbvio, e eu entendo algumas das razões que já apontaram. Se você se dispuser a ver, acho que vale a pena ter em mente que o que interessa são os diálogos e as interpretações. Deixe pra lá o fato de que o criador da série é o mesmo de Lost (olhinhos virando pro alto), série com a qual é possível traçar alguns paralelos, mas que tem um tom bastante diferente desta.

E, se assistir (ou se já assistiu), me diga o que achou!

À bientôt!

2 comentários:

  1. Peguei a dica ontem e assisti ontem mesmo. Só assisti o primeiro episódio, ainda estou perdida mas é bem intrigante. Não sei se você assiste resurrection mas é nesse estilo também.

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    1. Minha irmã assiste Ressurrection e diz que é legal. Tem tantas séries que eu queria assistir... o problema é que, se eu começar, já era hehehe. Quanto a The Leftovers, também fiquei um tanto perdido no início, mas depois eu comecei a focar nos diálogos e nas interpretações, e tudo ficou mais fácil. Depois me diga o que achou dos outros episódios!

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