quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Escolhendo o caminho a seguir - Parte 1

Quando o cidadão vai recomeçar a vida em outro país, pode haver uma infinidade de opções e caminhos a serem escolhidos e trilhados. Ele pode, por exemplo, chegar e sair distribuindo currículos, batendo na porta das empresas e já enfrentar a batalha pelo primeiro emprego; ele pode voltar aos estudos, seja em um college ou universidade; ele pode tirar um ano sabático e ficar passeando pela  cidade, pela província e pelo país, buscando assimilar mais a cultura; ele pode casar com um(a) nativo(a) rico(a) e viver da renda dele(a);





 e por aí vai.

O que vai definir qual caminho o cidadão vai seguir é um conjunto de fatores envolvendo as situações pessoal e profissional, além da disposição do dito cujo em inovar, digamos assim. Por exemplo, se a profissão do abençoado está em alta demanda, se ele é especializado ou tem anos de experiência que são facilmente transferíveis para a nova vida, e se ele sente arrepios de prazer com a profissão que escolheu, talvez não haja motivo para ele ficar perambulando por aí. Ele poderia, já de cara, ir bater na porta de empresas e vender seu peixe. Mas, se a profissão requer que ele faça um curso, obtenha um determinado diploma ou seja aceito por uma determinada ordem, pode ser que chegar e meter a cara nos livros seja mais interessante, pensando no futuro. Ainda assim, nada é certo nesta vida e, além disso, cada ceru mano é único. A pessoa pode chegar lá no país de destino super bem preparada, profissionalmente falando, mas resolver que quer se dedicar a cuidar de coalas nessa nova vida (e correr atrás disso), ou pode mal ter dinheiro para três meses de vida na nova pátria e, ainda assim, achar que merece tirar um ano de descanso e dar uma de mochileiro.


E onde é que eu quero chegar com essa apologia da diversidade? Bom, nas próximas semanas estarei encerrando uma vida, daí terei um intervalo, digamos assim, para daí começar uma outra lá no Canadá, mais especificamente na província do Quebec, mais especificamente ainda em Montreal. E aí, como vai ser essa nova vida? Vou chegar chutando a porta do mercado de trabalho? Vou esquentar banco de universidade? Vou fazer qualquer coisa até ver qual é a minha praia nesse novo mundo? Vou tomar conta de coalas (ou de alces, ursos, ou de crianças que correm o risco de ser raptadas por águias em parques públicos)?






 São perguntas que precisam ser respondidas o mais rápido possível se eu não quiser perder algumas oportunidades.


Falando honestamente, eu não acho que eu tenha condições de encarar o mercado de trabalho pra valer na minha área assim que chegar. Como já mencionei antes, uma das características mais tenras do serviço público é fazer você se tornar, gradualmente, alguém completamente alienado ao que se passa à sua volta, principalmente em termos profissionais. É um outro mundo, e, nesse mundo, você não adquire exatamente muitas competências, na maioria dos casos (mas incompetências, ah, aí tem de monte!). Então, posso declamar um poema falando sobre certas qualidades pessoais que adquiri ou foram desenvolvidas nesse tempo, mas, na prática, muito pouco será levado para um novo trabalho. Quanto à minha área específica, como ela ficou em quinto plano, não há tanta experiência recente que eu possa exibir com orgulho, principalmente nos últimos anos. De forma que, sim, eu posso tentar algumas vagas específicas (tenho algumas em mente, em empresas específicas), mas, com certeza, não serão vagas com pagamento elevado (ou mesmo mediano). Seriam vagas do tipo survival job na minha área. De qualquer forma, isso não seria ruim, se me der uma graninha e permitir que eu adquira um pouco de experiência canadense já na minha área.


Então essa seria a opção de trabalho mais próxima da minha realidade, de acordo com método científico rigorosamente testado, comprovado e aplicado (também chamado de "minha opinião com base em nada concreto fora navegar na Internet e ler bastante").


Mas por que não passar um tempo, digamos, o primeiro ano - em que tudo é belo, tudo é perfeito, aquele em que a neve tem um brilho especial só pra você, em que você come poutine todo fim de semana e acha que nunca comeu coisa igual, em que cada bonjour hi pronunciado por um vendedor soa como uma peça de Mozart esquecida e recuperada - porque não passar um tempo fazendo algo que pode te dar as ferramentas necessárias para já brigar por algo profissionalmente mais palatável?



Clique aqui para ler a parte 2!

3 comentários:

  1. Olá! Sempre leio seu blog, mas nunca comento.
    Acho que suas dúvidas são sim muito válidas, ainda mais porque a sua área é diretamente ligada ao idioma!
    Aqui pensamos em algumas possibilidades ao chegar lá:
    - fazer um curso de curta-duração para conhecer gente e aprimorar o idioma (agrega ao CV e à experiência pessoal).
    - fazer voluntariado (mesmos motivos acima)
    - Mandar CVs depois de termos acertado toda a parte burocrática, para sentir o mercado (apesar de termos visto que 80% das vagas são pelo famoso QI)

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    1. Olá, The Saints, obrigado pela visita! Realmente, ter o idioma como fim e não só como meio, como na maioria dos casos, pesa mais na hora de tomar essas decisões. Algumas das possibilidades que você citou também estão nos meus planos, e falarei delas nos próximos posts. Acho que pensamos parecido nesse ponto :)

      E comente mais vezes! Aliás, vou iniciar uma campanha sobre comentários no próximo post hehehe

      Até mais!

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