terça-feira, 16 de abril de 2013

Estudos?

A minha prioridade, ao desembarcar no Québec, é beijar o chão à lá João Paulo II é encontrar um emprego. Não tenho ilusões de que haverá banda de música para me recepcionar ou que o prefeito vai me entregar a chave da cidade. Pelo contrário, estou bem ciente que provavelmente despencarei descerei alguns degraus na cadeia alimentar do mercado de trabalho. Mas isso nunca foi problema pra mim (se se tornará um lá, só saberei lá).

Porém, contudo, todavia, entretanto... uma mudança de vida dessa magnitude acaba causando um rebuliço interno de graus variados. Quando você para um pouco de pensar no preço dos imóveis que terá de alugar, em como terá de correr para tirar os documentos o mais rápido possível, em como precisará melhorar para anteontem o nível nos idiomas, em como terá de sair mandando currículo feito doido como se fosse candidato distribuindo panfleto em véspera de eleição.. quando você deixa essa realidade bem concreta de lado e pensa só que você vai, em vários aspectos, recomeçar sua vida do zero... pode ser que você pare pra pensar...

..."E se eu voltar a estudar?"


[gíria defasada mode on] Tipo assim, cara... [/gíria defasada mode off] eu estarei, se tudo conspirar realmente nesse sentido, em Montreal, lar de pelo menos 3 das melhores universidades do Canadá. Dessas, uma está entre as 20 melhores do mundo. Do MUNDO! Não tô nem dizendo que eu teria cacife pra entrar nelas, mas enfim... como disse, mandei a realidade ir tomar um suquinho de laranja para poder ficar em paz por aqui.

Você já parou pra pensar se você entra numa universidade assim? Ou mesmo uma que não seja tão assim, mas que, muito provavelmente, será infinitamente melhor que uma FAFOFU de qualquer Av. Virando à Esquina no Brasil? Eu tenho lido alguns (poucos) relatos de quem se aventurou em fazer um curso lá fora, geralmente mestrado. As pessoas choram de emoção, tanto por terem a sorte de cursar algo numa universidade excelente, como pela quantidade de trabalhos, provas, leituras e práticas que têm de fazer. Quase todos são unânimes em afirmar que é impossível trabalhar e estudar, como muita gente faz no Brasil. Ou você se dá mal na universidade, ou é mandado embora do emprego.

Fora as universidades, há dezenas de CEGEPs, que são centros de estudos pós-secundários. Até onde já li sobre isso (que foi pouco, admito), são comparáveis aos nossos tecnólogos aqui no Brasil, embora lá no Canadá tenham status de curso superior. Há programas que são voltados para o ingresso em uma universidade, e outros que se destinam a formar profissionais já prontos para o mercado de trabalho. E tem de tudo. Uma das coisas que ainda tenho de confirmar é que, aparentemente, alguns desses programas só são acessíveis a seres humanoides na faixa dos 17 aos 22 anos, enquanto outros poderiam ser cursados por, basicamente, qualquer um. Ainda assim, a possibilidade existe.

Trazendo a realidade de volta, como falei lá no início, a minha prioridade (e objetivo) é arrumar um emprego para ficar rico e desbancar o Eike me manter e, enfim, poder viver a vida em terras canadenses. Sendo BASTANTE realista, vai ser bem difícil ficar SÓ estudando, como seria o ideal, já que o meu pé-de-meia não vai conseguir cobrir três ou quatro anos de faculdade e mais o dia a dia de um imigrante recém-chegado (sim, porque, pelo menos pra mim, depois de um ou dois anos de Québec eu ainda serei recém-chegado). Mas acho que não custa muito, pelo menos enquanto estou aqui, esperando saber quando vão abrir meu processo federal (hoje o pacote chegou no Canadá, mas ainda está em trânsito, de acordo com o rastreamento), acho que pode ser interessante me informar sobre o que é preciso caso eu queira, ou até precise, estudar lá em Montreal.

Mais sobre isso depois de algumas leituras.


10 comentários:

  1. Muito bem!Sendo realista e pes no chao, o imigrante chega aonde deseja!!!Vc chegarah!Boa sorte!

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    1. É, Marcelo, o importante é cuidar pra não meter os pés pelas mãos. Às vezes a vontade pode ser maior que o que dá pra fazer, e aí tem que ser frio e calculista hehehe.

      Obrigado pelo comentário! Abraço!

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  2. Olá, tudo bem?

    Seguinte: é totalmente viável trabalhar E estudar no Canadá, conheço muitas pessoas que fazem isso, minha sogra inclusive faz o doutorado dela trabalhando... Masssss... Você teria que estudar a temps partiel e isso faz você levar o dobro (ou mais) do tempo para terminar os estudos. Dependendo da sua pressa, é muuuito chato levar 4 ou 5 anos para terminar um mestrado que rolaria de fazer em 6 trimestres, caso o curso seja em temps plein. Mas se você não tiver tanta pressa assim e a questão financeira for muito importante para você, rola de boa.

    Tenho uma amiga que começou o mestrado dela em linguística na Concordia agora e tá trabalhando como conselière em um CEGEP e tá tranquilo de conciliar, ela só tem que pegar poucas matérias por trimestre. No meu caso, eu vou fazer um mestrado na UdeM e preferi me inscrever a temps plein porque eu quero terminar o mais rápido possível e também porque eu quero me dar um descanso do mercado de trabalho... Não que eu tenha um pé de meia tão grande, mas se uma pessoa aceita levar vida de estudante, o Prêt-et-Bourse + os trabalhos de verão dão para bancar os gastos.

    Abraços,
    Lidia.

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    1. Oi, Lidia, obrigado pelo comentário!

      Mas será que rola fazer isso com uma graduação? Já imaginou, em vez de 4 anos, levar 8... é capaz de eu nem lembrar mais o que vi no início hehehe. Mas é bom saber dessa opção, até porque acho que o mais realista no meu caso (e, mesmo assim, talvez um tanto difícil) seria eu fazer um mestrado.

      Vida de estudante pra mim não seria um problema, até hoje levo meio que uma vida de estudante - exceto pelo fato de não estar estudando hehehe. O negócio é mais a realidade da coisa, o dia a dia. Tenho consciência de que não vou encontrar resposta única e perfeita porque cada um tem seu próprio estilo de vida, mas eu gosto de ver os relatos porque, me identificando (ou não) com determinados comportamentos das pessoas, eu tenho uma noção do que pode ser aplicável ao meu caso.

      Abraço!

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  3. Doug, Tudo bem??

    Estou iniciando minha jornada para o Canada agora, mais tem duas coisas que ja coloquei na minha cabeça... Francês vai ser minha nova lingua "materna" então vou me acabar de estudar e vou fazer uma nova Faculdade la. Se é para iniciar do zero, então que seja pelo caminho mais "certo".

    O que não podemos aceitar depois de descer os degraus do trabalho (Algo normal e que ja estou contando com isso), continuar la e "ser feliz porque estou no Canada".

    Pelo menos para mim isso não basta. Estou indo para o Canada para vencer na vida e não para ser só mais um imigrante...

    Abraços

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    1. Olá, pessoal do adieubresil! Tudo bem, e com vcs?

      Eu penso como vocês na maior parte. Também tenho em mente que o francês será minha nova língua e que devo aprendê-la constantemente, estando aqui ou lá, e também encaro de frente a quase-realidade de descer alguns níveis no aspecto profissional. Acho que faz parte e todo mundo deve ter sempre essa ideia na cabeça, porque, se o contrário acontecer, é lucro.

      O problema é que, em relação a uma nova graduação, há o tempo necessário (tanto para se formar como o tempo diário necessário para estudar), há a grana dispendida (com o curso, com as contas para se manter, com o que você terá de pagar depois ao governo - e isso se conseguir o Prêt-et-Bourse) e a utilidade/necessidade/possibilidade de um novo curso. Eu posso te dizer que, no momento, eu gostaria MUITO de fazer, mas a realidade da coisa toda é que vai ditar se vai rolar ou não.

      Abraço!

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  4. o CEGEP nao é visto como superior, é visto como .. CEGEP. É algo que nao existe no Br por isso fica complicada a comparaçao.

    sobre trabalhar e estudar tempo aprcial, dobro do tempo para finalizar o curso
    tempo completo = sem tempo para fazer mais nada na vida (especialmente se encarar um mestrado, que é muuuuuuuito pancadao. Imagino que o doutorado deva ser mega-pancadao)

    e na faculdade, nao ha como, francês é fundamental. Escrevo em média 30 paginas por semana, e em cada uma delas ha errinhos da lingua. Nao é a toa que me inscrevi num curso de gramatica e redaçao, mesmo esando aqui desde 2007 (nao fiz francisaçao, estudei Fr no Br).

    estudar é uma aventura, tem que ter muita disciplina e determinaçao, mas é uma aventura incrivel.

    E vc pode sim fazer CEGEP, tenho conhecidos que voltara e estao felizes da vida, como uma médica que fez acupuntura (trabalhar como médico aqui beira o impossivel) e outra que era formada em jornalismo e esta fazendo nutriçao.

    aproveite o tmepo e pesquise ...
    pesquise, pesquise, pesquise ....

    bonne chance

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    1. Obrigado pela informação em relação ao CEGEP! Realmente, é um tanto complicado comparar ou definir tendo por base o ensino brasileiro. Você mencionou alguém que fez acupuntura no CEGEP, mas e gente que fez o programa preparatório pra universidade? Tem gente que já passou dos 22 que fez/faz isso? Tô lendo uma série de coisas (e tem mais uma pilha pra ler), mas não está 100% claro ainda.

      A questão dos idiomas (pois não sei ainda se faria um curso em inglês e francês.. vai depender mais do meu interesse por este ou aquele curso/faculdade e, claro, de ser aceito, se chegar lá) é algo que eu também penso constantemente. Estudar em outro país, com línguas que não são a sua, e ter de escrever, falar e entender num nível muito mais alto do que a maioria das pessoas por aqui considera "fluente" é um tanto intimidante. Por outro lado, sou apaixonado por idiomas, não me importo nem um tiquinho em aprender gramática, regras de pontuação, expressões, os "comos" e "por ques" da língua. Isso pode contar a meu favor (ou assim espero!)

      Abraço!

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  5. Fala Rodrigo! To aqui relendo seu pós-CSQ para pegar as dicas que você deixa.

    Nesse quesito, eu estava pensando a mesma coisa... A uns 2 anos atrás, até comecei o namoro com a Concordia, depois me apaixonei pela McGill e também tenho essa idéia de fazer um Mestrado por lá. Queria era fazer uma graduação, mas como é relativamente a mesma área que atuo, o pessoal da Concordia me recomendou um mestrado mesmo.

    Ainda não me aprofundei no assunto, mas eu estava pensando que daria pra encarar um temps-plein e ainda trabalhar em tempo parcial, fiquei triste lendo agora que não rola :( Meu pé de meia não dá pra me manter lá 2 anos sem trabalhar de maneira alguma, nem se eu me manter na linha da miséria (universitário)... Mas bem, a idéia existe... Só através de um curso eu teria chance de entrar no ramo de gamedev.

    Você tava pensando em cursar o que?

    ABS

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    1. Fala, Philippe! Tudo certo? Fiquei contente em saber que conseguiu o CSQ! Espero que as dicas da etapa federal estejam sendo úteis!

      Na verdade, nem sei se eu tentaria um mestrado ou se chutaria um balde e começaria uma outra graduação, ligada ou não à minha área... ainda não parei pra pensar nisso seriamente, e tenho de escrever para as universidades para saber como cada uma avalia o meu caso.

      Então, muita gente fala que fazer facul lá é bem diferente daqui. No Brasil, você trabalha o dia inteiro, faz facul à noite e ainda um bico fim de semana hehehe. Lá, parece que a coisa é mais puxada. Estou em contato com dois estudantes pra tentar avaliar isso.

      Quanto ao curso... olha, já pensei de Literatura Inglesa a Ciência Política hehehe. É outra coisa que ainda preciso amadurecer. E acho que só vou poder realmente decidir alguma coisa depois de encarar a realidade de lá por, pelo menos, alguns meses.

      Abraço!

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