quinta-feira, 18 de junho de 2015

Três meses de Canadá!

Segunda-feira passada, completei três meses de Canadá! Agora posso dar  meu testemunho de fé: realmente, passa muito rápido!





Olhando pra trás, o primeiro mês foi o mais lento. Mesmo com todas as pendengas pra resolver (tirar documentos, comprar número de celular, procurar apartamento, etc), lembro que parecia que estava levando uma eternidade para cada semana passar. E eu achando ótimo, porque o que mais queria (e ainda quero) é ter tempo para absorver as novidades. O segundo mês foi gasto com menos obrigações e mais passeios. Foi também o mês da mudança pro apê que aluguei e do início das aulas na McGill. E o terceiro mês foi gasto única e exclusivamente com essas aulas, e acho que o tempo que elas me tomaram foi o grande responsável pela sensação de vídeo acelerado.

Então, depois de três meses, estou adaptado? Acho que seria presunçoso responder "sim", mas também não posso dizer "não". Algumas coisas que eram um bicho de sete cabeças no início e faziam com que eu me sentisse o Chico Bento (como usar totens de auto-atendimento no supermercado ou não fazer ideia de pra onde a linha verde do metrô vai) já não despertam tanto receio ou estranheza. Outras, como pensar o tempo todo que meu francês precisa melhorar pra anteontem, me lembram que ainda tem muito chão pela frente.

Ainda que não esteja me sentindo totalmente "em casa", muita coisa já mudou pra melhor nesses três meses. Continuo com as minhas corridinhas três ou quatro vezes por semana; estou mais próximo de pessoas aqui do que jamais estive em sete anos de São Paulo; posso andar com geringonças tecnológicas na rua sem medo de que algum trombadinha passe correndo e leve ou que algum infeliz resolva brincar de sequestro-relâmpago comigo; também posso percorrer o mesmo caminho que uma mulher, ficando coincidentemente atrás dela o tempo todo, sem que ela ache que eu vou assaltá-la ou estuprá-la (em São Paulo, e provavelmente no resto do Brasil, bastavam 30 segundos de trajeto em comum para qualquer mulher começar a espiar por cima do ombro a cada 5 passos e ver se eu ainda estava atrás dela); tenho REALMENTE vontade de ir pra fora de casa e aproveitar meu tempo livre a céu aberto; e destravei completamente no inglês (a ponto de me assustar quando alguém me fala "bonjour" na rua).

Falando no inglês, terminei o módulo que estava cursando na McGill na sexta-feira passada. Sem dúvidas, me ajudou muuuuito!! Por mais que meu bloqueio fosse mais psicológico que linguístico, estar num ambiente de sala de aula foi de grande valia. E, de quebra, a gente sempre aprende algo novo, né? Tem sempre uma palavra nova, um phrasal verb do inferno, e até gramática que você não sabia que não dominava. Eu, por exemplo, me dei conta que nunca tinha estudado pontuação em inglês formalmente. Pontuava misturando regras do português com o que eu via em textos por aí (e até que dava certo). Mas foi bom sentar e ver como se faz o negócio direito. Além disso, conheci pessoas de vários cantos do mundo. E o mais legal desse processo é você perceber que os rótulos que você mesmo põe no início ("o cara do Irã", "a menina do Congo") vão sendo substituídos à medida que você passa a enxergar esse pessoal como gente de carne e osso como você. Então, eles passam a ser "meu colega Asghar" ou "aquela fofa da Martina". Caem as fronteiras, erguem-se as amizades, mesmo que sejam de sala de aula.

E foi tão legal esse período de aulas que realmente fiquei nostálgico no último dia. Tivemos festa de confraternização em que cada um levou um prato ou bebida típicos de seu país. Eu não cozinho (ainda), então saí na chuva e paguei caro num Guaraná Antártica, tudo pra ouvir o comentário "é bem doce" - mas faz parte, né? No fim, passei no módulo com A+, ganhei elogios mil dos professores (minha professora da tarde repetiu a frase "ainda não sei o que você está fazendo aqui" várias vezes ao longo das últimas semanas), e, contrariamente ao que todo mundo esperava, resolvi seguir adiante e fazer o último módulo. Só falta mais um mesmo, né? Ter um certificado a mais no currículo não machuca. E não é como se eu tivesse abarrotado de coisas para fazer. Embora exista a pressão interna pra dar um rumo pra vida, ainda estou tentando me manter fiel à ideia de dedicar o primeiro ano aos idiomas. Vamos ver se aguento!

E que venham os próximos meses!

À bientôt!

4 comentários:

  1. Meu paii que eu passei esse tempo todo sem comentar foi?? Que absurdoo!

    Well não posso deixar de tirar uma com tua cara My lord foi de mais kkkkk!
    Até onde eu acho também tenho sotaque de brasileira, pior ainda de nordestina, mas chegar no Canadá e escutar que tem sotaque de britânico deve ser de mais ná não? ahahah

    Adorei as instalações da McGill acho que passaria boa parte do dia lá mesmo não tendo o que fazer rsrsr!

    E parabéns pelos 3 meses rsrsrs que venham 3 anos!!

    Ahh ainda deve as fotos do apt!

    Vou fazer uma pergunta pessoal, se escreveu no blog ta disposto a isso né? No inicio do blog escreveu que tua cara metade também iria aplicar para imigrar porém vcs iriam separados.... e ai a cara metade também foi/vai? ou tomou outro rumo? - sou curiosa!!!!

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    1. Itanauã, confesso que realmente achei esquisito o negócio do sotaque, mas depois gostei! Claro que não queria ninguém me chamando de "my Lord", mas aparentemente é um sotaque que o pessoal daqui acha parecido com o britânico e que agrada a eles. Então, que bom, né? :D

      (Mas continuo achando que se puserem o Daniel Craig ou o Ian McKellen do meu lado pra falar, vou ser desmascarado no ato!)

      Já teve dias em que fiz exatamente isso: fiquei na McGill sem precisar ficar. Só por causa do ambiente de lá. Volta e meia, me pego pensando como seria fazer um curso pra valer lá. Quem sabe...

      As fotos do apê virão, não se preocupe!

      Em relação à minha metade - as coisas não deram certo como gostaríamos. Mudanças nas regras, prazos diferentes, compromissos que não podiam ser conciliados... então, cá estou eu sozinho neste canto do mundo! Acontece mais do que a gente fica sabendo. Um amigo meu está até hoje tentando convencer a esposa a vir pra cá. Ela fez o landing com ele, mas voltou praticamente no mesmo dia para o Brasil - e agora não quer mais vir. Acontece.

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  2. Oh la la! Você passou com com A+? To concordando com o povo aí que diz que você é britânico disfarçado de brasileiro! rs Quando "vislumbrei" a possibilidade de receber um A- em uma de minhas redações em francês quase delirei (eu só vislumbrei mesmo, porque acabei ficando com B+ mesmo). Meu curso de français écrit en ligne na McGill acabou na quinta passada, mas as notas finais ainda não saíram. No fim, gostei bastante e funcionou para o que eu queria: estou mais desenvolta para escrever. Pena que só volta em setembro... ainda tenho três disciplinas pra cursar antes de conseguir o certificado. Daqui a quarenta dias vou pra Montreal reforçar o oral, mas aí não deu pra pegar o curso da McGill pq era muito longo (ou as minhas férias é que são muito curtas mesmo).
    Fico à espera do próximo post! E que seja looooooongo! rs
    Bises,
    Aline

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    1. B+ tá ótimo, Aline!! Parabéns!! Eu fiquei muito feliz com a minha nota final, pois realmente não esperava. Teve até uns desdobramentos interessantes que acho que depois venho contar.

      Que bom que o curso foi útil pra você!! Pensando agora, talvez eu pudesse ter investido em algo assim enquanto ainda estava no Brasil. Mas tudo bem, o importante é fazer valer daqui pra frente :)

      Boa sorte nos próximos curso!
      Bjo!

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