sábado, 21 de março de 2015

Les premières démarches

Nada como um dia após o outro, né não? Embora ainda sentindo bastante o turbilhão dos dois dias anteriores, acordei beeeeem mais tranquilo na segunda-feira. E ajudou bastante ter uma lista de coisas pra fazer, já que é só deixar a cachola vazia pras minhocas fazerem a festa.


Comprando um número de celular

A primeira coisa que eu sabia que tinha de fazer era comprar um número de celular. Além de prático, sempre li por aí que o povo aqui usa pra tudo. Eu prefiro muito mais e-mail, mas, sabe como é, né... já que estou em Roma... Então conversei um pouco com o amigo que está me hospedando, ele me umas noção geral do plano de celular que ele tem aqui e resolvi fazer no mesmo lugar em que ele fez.  É um quiosquezinho em um galeria perto da casa dele (e, se você for ao Centre Eaton vai ver vários quiosques das principais operadoras). Foi relativamente simples, sendo o maior problema - de novo! - eu com a frase montada na minha cabeça, mas incapaz de fazer as palavras saírem com suavidade. Foi bem melhor do que nos dias anteriores, mas ainda longe do meu normal.

Eu optei por usar o meu próprio aparelho trazido do Brasil, mas, quem quiser, pode aderir a um plano de dois anos em que você pega um aparelho novinho e sai bem em conta. Ótima oportunidade para trocar um modelo antigo, mas eu preferi economizar nesse lado. Pelo pouco que vi, os preços e planos das operadoras são bem parecidos, e, obviamente, tudo vai depender de como você utilizar o celular. Eu peguei um plano com ligações ilimitadas para todo o Canadá, mensagens de texto ilimitadas para o mundo inteiro, dados de 1 GB, correio de voz e identificador de chamadas, além de outras coisas. Isso é mais do que qualquer coisa que eu já tive no Brasil. Daí vou ver como me comporto com o celular durante alguns meses e, se vir que estou usando pouca internet, posso reduzir os limites (e, consequentemente, o valor que pagarei mensalmente). Poderia ter feito pré-pago, que é como sempre fiz no Brasil, mas é uma maneira de ir construindo histórico de crédito e a conta (ou mesmo o contrato) serve como comprovante de residência.

Demorou um pouco pra terminar por lá, já que o sistema não aceitava passaporte e nem outros documentos que eu tinha para provar a identidade. Ele aceitou o CSQ (!) e o cartão de crédito do Brasil. Daí fez umas mandingas lá com o meu celular, sacudiu, benzeu e voilà! Salta um celular brasileiro com número canadense fresquinho! E ainda ganhei um "bienvenu au Canada" do amigo do quiosque.


Numéro d'assurance sociale (NAS)

A próxima parada foi o Service Canada do boulevard René Lévesque. Ele fica dentro de um complexo chamado Guy Favreau. Há outros pontos espalhados pela cidade, mas achei esse mais perto de onde eu estava. Fui a pé e deu pra ter uma bela noção do frio! Mas, é como dizem: se você está vestido de forma apropriada, ele não te incomoda. Já se você for friorento(a), acho que não importa o tanto de roupas, você vai xingar a humanidade inteira em ordem alfabética toda vez que sair pra rua.

A primeira coisa diferente que notei, depois que entrei no complexo, é que não tem uma recepção ou algo do tipo pra você chegar, se identificar, mostrar o RG e tirar fotinho ("olhe para a câmera, senhor. Obrigada") antes de perambular. Até agora, não vi nada do tipo em nenhum dos prédios nos quais entrei. Imagino que deva haver algo parecido em certos prédios, mas realmente isso me chamou a atenção.

O Service Canada fica no subsolo, para quem vem da rua. Há placas indicando, então é bem tranquilo para achar (mas há um balcão de informações também, se você quiser ir treinar seu inglês ou francês ou for carente de atenção). Fiquei um tempinho observando o lugar antes de entrar para ver como funcionava o ixquema (o que evitou, inclusive, que eu tentasse entrar por uma porta que não estava funcionando) e, tão logo vi onde apertava pra entrar e onde apertava pra sair, fui desbravar.

O lugar estava bem tranquilo naquela hora. Quando eu entrei, havia uma máquina de senhas mais para a minha esquerda e um tapetinho no chão com umas marcas de pegada (indicando que era pra fazer fila e o caminho a seguir) que dava em três guichês. Fiquei em dúvida sobre o que fazer (senha ou fila?) e acabei na fila. O pior que podia acontecer era me mandarem pegar uma senha e entrar na fila de novo, né? Mas não foi preciso. Quando chegou a minha vez, fui ao guichê e disse a uma funcionária profissional (mas não simpática) que tinha ido tirar o NAS. Ela pediu meu passaporte e a confirmação de residente permanente, deu uma saracoteada no teclado do computador dela, me devolveu os documentos e pediu para que eu aguardasse sentado em uns bancos mais para trás. Fui pra lá e aguardei. Não deu 10 minutos, uma outra funcionária me chamou pelo nome e disse para ir para a baia de número 8. Lá, contei de novo que tinha ido tirar o NAS e ela pediu o passaporte, a confirmação de residência permanente e um comprovante de residência (apresentei o contrato do celular). Ela me deu algumas informações para ler, pediu minha assinatura em alguns papéis, saiu e, quando voltou, estava com uma folha impressa com o meu nome e o NAS. O processo todo, da minha entrada no Service Canada até sair de lá, não durou 20 minutos.


Passeio relâmpago na Île des Soeurs

De posse do NAS e do comprovante de residência, eu ainda queria ir ao banco tentar abrir conta, mas não dava tempo naquela hora: eu tinha combinado com a tradutora que fez a tradução juramentada da minha papelada de ir buscar tudo na casa dela. E ela não só mora lááááááá na Île des Soeurs, como se esconde láááááááááá no finzinho da ilha. Então pulei o banco e fui para a estação McGill do metrô.

Lá, no guichê em frente à catraca, conversei com o tiozinho e comprei minha carta Opus. Para quem ainda não sabe, é um cartão recarregável para uso no transporte público da cidade, nos moldes dos que existem em várias cidades brasileiras. Carreguei com um passe semanal porque, como já era dia 16, se eu carregasse com o mensal ele acabaria no dia 31 de março. Ou seja, dica importante para quem ainda vai vir: quando chegar, veja se vale a pena morrer em um passe mensal logo de cara ou se dá pra se virar com um semanal. Se já tiver passado a metade do mês, o semanal com certeza sairá mais em conta.

De posse do cartão, demorei um pouquinho a me localizar, mas peguei o ônibus 168 em direção a Îles des Soeurs. Foi bem tranquilo o passeio e até que não demorou. Cheguei até um pouquinho antes da hora e fui dar uma andadinha ali por perto só para ter uma noção. Gostei bastante do que vi! Entendi perfeitamente as pessoas que dizem que a ilha fica longe e que não tem metrô, mas o lugar é muito bonitinho! Quero voltar lá depois que a neve derreter pra dar uma olhada melhor.

Enfim, liguei pra tradutora (porque não me entendi com o interfone) e ela me deixou entrar para pegar as traduções. Conversamos um pouquinho (afinal, somos colegas de profissão) e lá fui eu de volta para o centro, com o mesmo ônibus 168.


Fim da jounée

Na chegada, tentei ir ao banco. Mas, chegando lá, achei esquisito: nada de porta giratória, detector de metais, só um segurança que ficava pra lá e pra cá, ora lá dentro, ora aqui fora. Fui consultar o endereço de novo, olhei a internet, comecei a pensar "será que é isso mesmo?" e, quando finalmente me decidi, encerraram o atendimento para contas e só os caixas ficaram abertos. Eitcha, roceiro! Em vez de ter entrado logo e perguntado, não...

Saindo de lá, fui bater perna pelo Centre Eaton e pela rua Sainte-Catherine para comprar algumas coisas mais importantes para o dia a dia que não valia a pena trazer do Brasil. Fiz tudo a pé, curtindo o frio, então isso me tomou um bom tempo. Mas deu certo, e voltei pra casa bem cansado, mas contente por ter dado (quase) tudo certo!

A minha trava de ansiedade continuou durante todo o dia, mas aqui e ali ela foi menos intensa, o que sinaliza que o pior já passou. É um pé no saco você ter de falar com alguém, em qualquer idioma, chegar até a pessoa e simplesmente ficar paralisado. Pelo menos, nada de taquicardia, nada de falta de ar, nada de suor frio. Ou seja, as coisas estão entrando nos eixos!

À bientôt!

14 comentários:

  1. Nossa fico feliz por você, boa sorte em tudo nessa nova vida. Abraços Raquel

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  2. Nossa fico feliz por você, boa sorte em tudo nessa nova vida. Abraços Raquel

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  3. Puxa, te pediram comprovante de endereço pro NAS? Na própria página do CIC está em destaque o UM. "Vous devez présenter l’un des principaux documents suivants": http://www.servicecanada.gc.ca/fra/nas/demande/preuve.shtml

    Pra quem vai fazer o landing e ficar só uma semana sem endereço permanente como eu, ferrou!

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    1. Oi, Anônimo! Olha, pedir, eles pediram, mas não sei dizer se eles teriam negado o serviço se eu não tivesse, já que deve ser bem comum a pessoa chegar e não ter onde ficar logo de cara. Imagino que dê pra tirar o NAS mesmo assim, mas não sei te dizer com certeza.

      Boa sorte!

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  4. Parabéns Doug. Mega feliz de que tudo está dando certo :D

    Você merece :D

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  5. é muito massa ler teus posts pq passamos pelas mesmas coisas né, legal.
    Entrarei em contato contigo p gente se falar, abraço

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    1. É mesmo, a gente acaba sabendo exatamente do que o outro está falando :)

      Tá bom, fico no aguardo! Abraço!

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  6. Me divirto demais com seus textos! rs..

    Agora é vida que segue, nova vida! Fico contente por saber que as coisas estão se resolvendo por aí.

    Quanto ao medo, vou deixar um trecho de um livro que ilustra bem o que gostaria de dizer e desejar:
    "Durante a Segunda Guerra Mundial, a Marinha resolveu certificar-se de que todos os seus novos recrutas sabiam nadar, ou eram capazes de aprender, na pressuposição de que, um dia, o conhecimento de natação pudesse salvar suas vidas no mar. Os recrutas que não sabiam nadar foram submetidos a um curso de natação. Assisti a muitos treinamentos. De um modo geral, era divertido ver jovens cheios de saúde e aterrorizados com uns poucos pés de água de profundidade. Lembro-me de que um dos exercícios exigia que o novo marinheiro pulasse - não mergulhasse - de um trampolim situado a dois metros de altura, dentro de uma piscina com 2,64 metros de água enquanto meia dúzia de exímios nadadores permanecia por perto. Num sentido mais profundo, o espetáculo foi triste. O medo que aqueles homens demonstravam era real. E, no entanto, tudo o que havia entre eles e o domínio do medo que sentiam era um mergulho na água lá embaixo. Em mais de uma ocasião vi jovens "acidentalmente" empurrados da plataforma. Resultado: medo dominado.
    Esse incidente familiar a milhares de ex-marujos, serve para ilustrar um ponto: a ação cura o medo. Por outro lado, a indecisão e o adiamento fertilizam-no. Anote imediatamente no seu livro de regras para alcançar o sucesso: A ação cura o medo!
    (A Mágica de Pensar Grande - David J. Shwartz)

    Grande abraço!

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    1. Valeu, Filipe!! Muito legal o texto! O medo faz parte mesmo, mas a ansiedade exagerada que ele gera é que é meu maior problema. Só que não tem muita saída a não ser realmente pular do trampolim e ver o que acontece :)

      Abração!

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  7. Doug, qual operadora de celular vc contrato em março? E se lembra se o quioque era da propria operadora? Chego essa semana em Montreal e estou preocupado com os relatos de que pedem um depósito de segurança pra qem não tem histórico de crédito. Obrigado!

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    1. Oi, Carlos! Nossa, nunca tinha ouvido falar disso! Bom, eu fiz o plano com a Fido, num quiosque deles mesmo. No Centro Eaton, há vários quiosques de várias operadoras. Você pode dar uma conversada lá pra conhecer os planos e ver qual é mais acessível (e que não peça depósito).

      Boa viagem e boa sorte!

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