quinta-feira, 13 de março de 2014

Aniversário do CSQ!

Aviso: este post é extremamente pessoal e pode causar sonolência!



Há exatamente um ano, lá estava eu, no Rio de Janeiro, fazendo a minha entrevista com a conselheira do Escritório de Imigração do Québec. Eu nunca fui uma pessoa de guardar números e datas, mas, surpreendentemente, essa data sempre esteve marcada na minha mente. Acho que a sensação de ter superado aquela etapa com resultado positivo teve um efeito maior do que eu esperava na minha humilde pessoa.

E não "só" porque o assunto é imigração, essa palavra que traz conotações positivas (para quem vai) e negativas (em vários países, para quem recebe os imigrantes), mas por outros motivos também. Como comentei certa vez em outro post, se levarmos em conta meu histórico de vida, só de pensar que eu me preparei por um ano e meio, peguei um avião, me hospedei numa cidade desconhecida, cheio de documentos pessoais, engomadinho pra causar boa impressão e me submeti a uma entrevista em francês cujo resultado, independente de qual fosse, teria um impacto enorme na minha vida... olha, eu às vezes ainda não acredito. Não espero que ninguém entenda porque, enfim, somos todos diferentes e as coisas acontecem de um jeito para uns, de outro para outros, e cada um tem sua própria personalidade. Mas, sendo alguém que sempre teve como maior algoz a si mesmo, eu posso dizer que o que já fiz pelo processo de imigração é suficiente para me deixar contente.

Ao contrário de alguns, eu sempre tive o apoio da minha família. Desde que comecei a estudar francês eles sabem do processo de imigração. Aliás, até antes, já que desde a aborrescência eu falava aqui e ali que tinha vontade de morar fora, mesmo que fosse só por um tempo. Consegui apenas passar férias, que sempre foram muito boas e me faziam pensar como, quando e pra onde me mudar. Mas o sabotador, o algoz, estava ali, do lado, o tempo todo, me apresentando obstáculos, dificuldades, medos, inseguranças e outros substantivos que causam angústia. E foi na minha família, que sempre, sempre, sempre esteve ao meu lado, me dando apoio e me incentivando, que busquei as forças para contornar cada dificuldade. Por isso, talvez a coisa mais difícil que eu tenha feito até hoje tenha sido justamente deixá-los, quando me mudei de Brasília para São Paulo. Não houve uma noite, durante todo aquele ano que precedeu a mudança, em que eu não me questionasse e me sentisse mal por estar "indo embora" e deixando para trás os únicos que sempre me ajudaram a levantar depois de cair.

E, de lá pra cá, fiz tudo sozinho. Com o apoio e a torcida deles, claro, mas tomando conta da minha vida em todos os aspectos pela primeira vez. Com traumas, medos e angústias aflorando aqui e ali, mas lidando com cada um à medida que iam surgindo. Procurei apartamento só, morei só, assinei contrato só, assumi responsabilidades só, enfim, toquei minha vida só. E falo dessas coisas simples e básicas para qualquer mortal como se fosse o Velocino de Ouro ou o Santo Graal não por ter sido filhinho de papai, ter recebido tudo de mão beijada ou coisa do tipo, mas, sim, porque todos os fantasmas do passado estiveram sempre ao meu redor, fazendo eu me sentir incapaz de crescer, amadurecer, tomar conta de mim mesmo e ser alguém. Esses fantasmas chamaram outros fantasmas, e quando as coisas nas quais você se apoia desmoronam pelos questionamentos que você mesmo faz e que não consegue responder de forma satisfatória... bom, mais uma vez, se não fosse a minha família, eu não sei onde estaria agora.

O CSQ, então, longe de ser um fim ou a redenção definitiva de um caminho tortuoso, tem um sabor e um valor pra mim que vão bem além da "simples" imigração. É uma nova prova, um novo nível alcançado que me mostrou de que os fantasmas podem estribuchar, saracotear, relinchar e arrastar as correntes, mas que eu posso, sim, controlar minha vida; que eu posso, sim, superar obstáculos; que eu posso não ter mais os pilares que me mantiveram tranquilo durante um bom tempo e que não passavam de ilusão, mas que eu posso erguer novos pilares, dessa vez com fundações sólidas, sabendo que posso, de fato, me apoiar neles, e que mesmo que outros discordem ou acreditem que eu deveria fazer diferente, a escolha e as decisões são minhas. Sou eu que faço meu destino. Sou eu quem tem de ir atrás do que eu quero (e descobrir o que eu quero). Sou eu, no fim das contas, quem é responsável por mim mesmo e pela felicidade que eu encontrar depois de buscar e pela tristeza que sobrar se o medo ou a insegurança me paralisarem.

Portanto, Feliz Um Ano de CSQ pra mim! Que eu possa obter outros CSQs ao longo da vida!

À bientôt!

8 comentários:

  1. Feliz um ano de CSQ !!! Uma conquista, com certeza. E além disso, um símbolo de força e garra na busca de um sonho.

    Que seu visto chegue logo !!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, meu caro!! Quero sempre poder me lembrar desse símbolo nas dificuldades daqui pra frente!

      Abraço!

      Excluir
  2. Temos datas parecidas: Mesmo dia de entrevista, mesmo dia de solicitação de exames e mesmo dia de realização de exames!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caramba, é mesmo!!! Será isso mera coincidência ou um padrão do consulado?

      Excluir
  3. Entendo a conquista do CSQ como uma conquista tão grande quanto aquelas muitas que temos na vida. O vestibular, a conclusão do curso superior, o primeiro trabalho, a conquista de objetivos pessoais, e tantos outros que marcam nossas vidas. É uma motivação a mais, em que há sempre uma mensagem escrita: "Parabéns! Seu esforço move muito mais do que você imaginava!"
    Parabéns pela sua conquista, e como você mesmo disse, que venham muitos "CSQs" daqui pra frente!
    Abraços!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, grande Filipe! É por aí mesmo! Acho que, no fim, a conquista do CSQ vai ficar realmente gravada em mim por todas as coisas que envolveu. Nem imaginava que guardaria a data, mas só isso já mostra o tanto que foi importante pra mim, de várias maneiras!

      Valeu mesmo, e grande abraço!

      Excluir