sábado, 6 de agosto de 2016

E a minha resposta é...

... que eu não vou encarar a McGill.

Não tomei essa decisão feliz e contente. Durante um bom tempo, eu acalentei a possibilidade de voltar a estudar, fazer um outro bacharelado e, assim, tentar encontrar alguma coisa que me interessasse o suficiente para que eu quisesse correr atrás. Namorei alguns cursos da McGill e de outras universidades ao longo dos últimos anos, e fiquei me imaginando voltando a estudar, obtendo um diploma universitário daqui do Quebec e começando uma nova profissão aqui. Então, apesar de a vida aqui ter me feito pensar menos em fazer faculdade, dá pra imaginar que, além da surpresa de ter sido aceito na McGill, eu fiquei muito animado.

Só que, parando pra pensar depois da euforia, comecei a considerar as coisas. Eu entraria lá sem fazer muita ideia do que estudar e em que me formar. Começar um curso universitário não sabendo o que você quer fazer não me parece lá uma decisão muito acertada, ainda mais levando-se em conta que eu precisaria fazer uma dívida com o governo para poder bancar os estudos, mesmo que parcialmente. Em seguida, tem o fato de que um diploma na área de Humanas não é exatamente, digamos assim, extremamente requisitado no mercado de trabalho. Suponhamos que eu saia com um diploma em História, Literatura Inglesa ou Filosofia. No mercado de hoje, o que se faz com isso? Até mesmo para dar aulas eu precisaria de Mestrado e Doutorado, o que implicaria passar mais uns seis ou sete anos estudando (e lá vai dívida) para desembarcar num mercado acadêmico que está bem saturado, de acordo com tudo que li a respeito.

E, para finalizar, tem a questão da idade. Não, não é que eu ache que 36 anos é uma idade avançada para se aprender coisas novas (=tô véio pra essa bagaça). Eu nem acho que exista idade limite pra se aprender nada, desde que você esteja querendo aprender. Mas a questão é o mercado novamente: ainda que eu saísse da universidade em quatro anos (supondo-se que eu realmente desse conta de fazer tudo no tempo previsto), eu chegaria ao mercado com 40 anos e sem experiência profissional relevante (porque os empregos de verão que eu provavelmente pegaria não são lá um grande divisor de águas pra ninguém) e com um diploma daqui, mas em uma área pffff. Os canadenses podem ser bem mais abertos em relação ao fator idade, mas, como um dos meus amigos quebecos colocou na nossa última conversa, não é porque são mais abertos que vão escolher quem tem mais idade em detrimento de quem tem mais experiência.

No fim das contas, depois de pensar bastante, acho que embarcar nessa seria extremamente gratificante do ponto de vista pessoal (sou nerd, gente, gosto de estudar), mas uma jogada não muito boa do ponto de vista de profissão e carreira. Se eu curtisse muito uma área específica, fosse apaixonado por curso, ainda talvez valesse a pena correr o risco. Mas entrar às cegas na universidade torcendo para que eu encontre alguma coisa que me interesse e que me leve a uma carreira (e ainda criando dívida no processo) talvez seja forçar um pouco a barra.

Então é isso. Apesar de meu raciocínio ser esse, ainda não consegui ir lá no sistema da McGill e clicar em "decline". Tenho só mais dois ou três dias de prazo, mas acho que essa decisão não vai mudar. Em algum lugar, espero que alguém que está na lista de espera da McGill fique feliz :)

À bientôt!

4 comentários:

  1. Acho que foi uma decisão sensata, para o momento em que está vivendo! Abraços

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    1. É, Rita, é como falei: não tô exatamente feliz com a decisão, mas é uma daquelas coisas em que a gente precisa ter os pés no chão.

      Abraço!

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  2. Momento de separar razão de emoção né? Foi bem inteligente nem sempre o que nos deixa feliz é que é melhor pra nós no momento!
    Tou na torcida para seus próximos objetivos!

    Abraços!

    Itanauã

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    1. Exatamente, Itanauã. Não dá pra encarar como se eu estivesse a passeio. Se eu ainda fosse rico, vá lá, mas... quem sabe na próxima encarnação? Hehehe

      De qualquer forma, o "causo" todo serviu para colocar certas coisas em perspectiva pra mim. Vou ter que repensar muita coisa.

      Abraço!!

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