segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Encomenda na porta e um gostinho de inverno

Uma coisa que sempre me chama a atenção por aqui é como algumas entregas são feitas. Pelo que deu pra perceber, quando as encomendas são pequenas e o dono do apartamento não está em casa, a encomenda é deixada no chão, na frente da porta do apartamento, desse jeito aí, ó:




Tirei essa foto numa segunda-feira e o pacote continuou na frente da porta por mais três dias (acho que o morador estava viajando). É algo impensável em boa parte do Brasil, como expliquei pra um dos meus colegas quebecos no último fim de semana. Não é que a maioria das pessoas no Brasil fosse roubar a encomenda; eu acredito que a maior parte da população deixaria o pacote lá quieto, e talvez alguns até o pegassem para depois ir bater na porta do dono e entregar em mãos, com o intuito de evitar que fosse roubado. Mas os brasileiros sabem que a probabilidade de que alguém acabe, digamos, dando um fim pra um pacote da Amazon dando sopa assim é maior do que a gente gostaria de admitir. Infelizmente, no Brasil, teria gente que pegaria o pacote só pelo fato de poder pegar, mesmo sem ter ideia do que encontraria na hora em que abrisse.

Ainda acho estranhíssimo esse tipo de coisa. Eu ainda não entrei totalmente no clima "estou seguro aqui" por dois motivos. Primeiro, tem todas as décadas vividas no Brasil e as minhas experiências de violência urbana (que são bem mais leves do que as histórias que muita gente vivenciou por aí, mas, ainda assim, violência urbana é violência urbana, e só quem é submetido a ela sabe o quanto é ruim). Segundo, por mais que o Canadá seja infinitamente mais seguro que o Brasil, ele não é Avalon. Há mais ou menos um mês, circulou pelos grupos de Facebook e listas de discussão o caso de uma brasileira que teve o condo invadido quando ela estava fora. Fizeram uma limpa levando, entre outras coisas, o laptop dela. Há algum tempo, li também sobre um casal brasileiro que surpreendeu o zelador do prédio fazendo as "compras" do mês na geladeira deles. Aqui, os zeladores sempre têm uma chave extra do apartamento, que eles usam, teoricamente, apenas quando algo precisa ser verificado na unidade e o morador não está. Mas, obviamente, vai da índole do zelador agir dentro dessa regra ou não. E aí, com a vivência brasileira na veia, como é que o cidadão se acostuma do dia pra noite com essa história de deixar seus bens "desprotegidos"? No Brasil, trancando tudo a gente ainda fica com receio de voltar pra casa e descobrir que alguém fez uma visita inesperada durante a nossa ausência, imagina então você sabendo que, em algum momento, vão mesmo entrar no seu apartamento (no meu, sei que o zelador veio pelo menos duas vezes quando eu estava fora).

Mudando radicalmente de assunto, há umas duas semanas veio o primeiro indício de que o inverno está mesmo chegando. Taí a prova:




De lá pra cá, nevou em alguns dias, mas não o suficiente pra cobrir o chão, pelo menos não nas regiões da cidade pelas quais perambulo. Mas, como já disseram inúmeras vezes, que ninguém se engane: a neve tarda, mas não falha.

À bientôt!

2 comentários:

  1. REalmente, a sensacao de seguranca aqui no Canada, "tarda mas n falha" como vc disse...rsrsrsrs...eu jah aprendi a relaxar quase que 99%...jah esqueci carro aberto diversas vezes, larguei minha carteira em cima de balcao de loja, compras esquecidas no caixa...e , qdo retornei estava td lah, intocavel! E olha q estou falando de Toronto! N podemos vacilar! Meu filho ja perdeu a carteira dele aqui 3 vezes! E recuperou todas elas,,,com tudo! Uma delas foi em downtown. Alguem achou, ligou p o college dele e combinou de devolver dois dias depois! INcrivel! But, this is Canada, eh?

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    1. É, Marcelo, sem dúvida é muito mais tranquilo confiar nos outros aqui que no Brasil. Algumas sociedades possuem um senso de coletividade que a nossa, infelizmente, ainda não tem. Quem sabe no futuro, né?

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