sexta-feira, 15 de maio de 2015

Jogging (ou "corre, neguinho!")

Você vê como são as coisas, né? O cidadão aqui sempre teve alergia a esforço físico, esportes, esse tipo de coisa. Quando era criança, eu achava que eu queria ser os heróis de filme de ação, sempre correndo, pulando, dando socos e pontapés, tudo isso enquanto ganhava umas cicatrizes legais no processo. Só que, depois de um tempo, descobri que eu não nasci pra ser esse tipo de cara: meu negócio é ser o amigo nerd com o computador. Sabe aquele gordão sentado dentro de uma van com uma parafernália tecnológica, checando dados ou imagens num laptop, com um fone de ouvido com microfone embutido, passando as dicas pro herói enquanto se lambuza com pizza? Então, aquele sou eu :)

Então, foi com grande surpresa e medo de estar sendo possuído que me dei conta que eu estava sentindo vontade de... correr (ou praticar jogging, como chamam por aqui)! Pois é, vejam só! Não sei se é porque o visual aqui é tão legal (com a primavera realmente instalada, a cidade ganhou outros ares), ou se é porque sempre vejo pessoas fazendo alguma atividade física, mas o fato é que fui contaminado pela vontade de ir fazer... bem... esforço físico.


E chutei logo o pau da barraca! Alguém com juízo iria começar dando a volta no quarteirão de casa, terreno plano e tudo aquilo que torna a experiência menos traumática. Eu resolvi começar subindo o Mont Royal pra correr numa das trilhas e estradinhas que existem por lá. Só os lances de escada que subo pra chegar lá em cima deixam qualquer sedentário chorando no chão e clamando pela mãe. Quando você chega no topo, contudo, tem toda aquela sensação de realização ("consegui!) - isso, claro, até você ver que, enquanto você está com aquele meio sorriso débil na cara, algo entre um bocejo e um AVC, tem gente subindo as escadas de três em três degraus com uma bicicleta nas costas. Aí você volta a chorar e chamar a mãe.

Enfim, com o esforço de subir as escadas, eu senti que podia ser desculpado de correr. Podia descer, ir embora e pronto! Mas o negócio é que, uma vez que eu já estava lá em cima, por que não aproveitar e ver o que dá pra fazer? Então vamos lá! Tomei uns golinhos d'água, fiz umas poses de grande atleta e acionei o aplicativo que tenho no aiPode pra marcar distâncias, calorias e todos esses palavrões.

Avança a fita (óia o véio se entregando!) para o final de tudo. Não é que consegui? De acordo com o meu aplicativo, corri aproximadamente 3 Km em aproximadamente 15 minutos! Nada mal para uma batata rolante quicando pela primeira vez, né não? O mais legal foi que quase não vi o tempo passar (mentira: teve uma hora em que achei que o fim da estrada estava logo depois de uma curva. Não estava, e eu pensei que ia enfartar antes de ver a cidade novamente). Deu pra me distrair com o visual, com as pessoas passando e com os buracos no chão pelo caminho.

De lá pra cá, já fui  mais cinco vezes. Resolvi começar correndo só três vezes na semana e manter assim durante algum tempo até o meu corpo se acostumar. Sem estresse, sem aquela história de quebrar recordes, se superar ou coisas do tipo. Mas o legal é que realmente, por mais difíceis que alguns dias tenham sido, não tenho sentido vontade de parar.

Será que um novo país ou uma nova cidade realmente podem transformar a gente?

À bientôt!

4 comentários:

  1. hauhaua na descriçao do "gordão sentado dentro de uma vã com uma parafernália tecnológica" me lembrou o filme de Lara Croft o amigo dela nerd que mora num trailer, só que ele é magro hauahuahahu!

    Que figura! Aproveita o tempo e essa vontade maluca de correr pq acho que quando nossa amiga branquinha chegar vai ser bemmm difícil levantar do sofá!

    Ps. Ta ainda devendo as fotos do apt kkkk!

    Abraços!

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    1. É o que tô fazendo, Itanauã, porque além da neve tornar a corridinha praticamente impossível, por enquanto estou com uma vida "ideal", em que posso separar um horário pra isso. Vamos ver quando acabar essa vida de estudante...

      Ah, ainda estou sem internet em casa (o técnico foi ontem pra instalar, mas não conseguiu), então meu acesso e a minha capacidade de uploads tá bem limitada. Mas logo as fotos vêm!

      Abraço!

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  2. Me divirto demais contigo kkkkk

    É interessante esta coisa de ser transformado com o lugar, pois talvez isso mecha realmente com nosso psicológico. Por exemplo, se você mora ou passa próximo de lugares onde as pessoas estão aproveitando o dia para caminhar, correr, jogar disco com o cachorro e tudo mais, você fica se perguntando: "Se eles que vivem aqui a vida toda fazem isso, por que é mesmo que estou enfurnado em casa?".

    Acabamos mudando nossas perspectivas, e aquilo que era tão enfadonho, principalmente em Brasília, pois o clima nunca muda então sempre teremos o "amanhã" para fazer esse tipo de coisa, por aí deve ter toda uma magia, pois os dias frios estão sempre por vir.

    Aproveite para tirar umas fotos e compartilhar com a gente também as suas próximas maratonas! rs..

    Abraços!

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    1. Meu caro, eu acho que realmente dá uma sacudida na nossa cabeça. Ou talvez seja nossa reação a uma idealização. Nos meus últimos anos em São Paulo, quase nenhuma das alardeadas atrações culturais da cidade me interessavam, talvez porque eu já não aguentasse mais a cidade e o estilo de vida de boa parte do pessoal lá há bastante tempo. Aqui, com a oportunidade de recomeçar e levar as coisas numa outra direção, tudo parece promissor - e acho que isso dá uma arejada na nossa mente. Só que pode ser que isso seja só uma fase, a fase do deslumbre, então é bom aproveitar enquanto ela dura!

      Quanto às fotos, ela virão, mas ainda estou sem internet em casa e isso atrapalha até meu volume de postagem aqui. Mas elas virão!

      Abraço!

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