quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Mudança com emoção

Faltando menos de uma semana (e contando!) para a minha mudança para Brasília, as coisas tinham que começar a acontecer, né? Vendi cama, geladeira, forno de micro-ondas, televisão tubo de 29 polegadas (aquele monstro pesado, estilo Parque dos Dinossauros pros dias de hoje), DVD e uma cadeira de escritório pra um amigo meu. Eu já não tinha mesa, agora não tenho nem cadeira. Digito estas linhas sentado numa escadinha de três degraus prestes a ruir.

Negócio fechado, e o primeiro problema: nem eu, nem meu amigo temos carro. Ok, vamos chamar alguém que faça transporte ou mudança. Conhece alguém? Não, e eu também não. Vamos procurando nas ruas, sempre passam esses caminhõezinhos ou kombis que fazem carreto, não deve ser tão complicado. Só que Murphy (o da Lei) está sempre à espreita: quatro dias da semana passada mais um dia no fim de semana e, aparentemente, todo mundo tinha ido pro Encontro Anual do Carreto, porque não é possível! Encontrei só UM, no sábado, e disse que poderia fazer, sim, se não fosse na quarta. Segundo problema: eu estaria fora na segunda e na terça (irmã casando, felicidades, maninha!), e a proprietária do local onde meu amigo mora viajaria na QUINTA DE MANHÃ e só voltaria na terça da próxima semana, quando eu, teoricamente, estarei deitado em berço esplêndido na casa dos meus pais em Brasília. Então, não poderíamos fazer a mudança sem a proprietária no local, o que só nos deixaria justamente - tcharam! - com a quarta-feira.

Mesmo com a aparente impossibilidade, mantive o telefone do cara no celular porque poderíamos tentar agendar tudo pra bem cedo na quarta, se não aparecesse opção melhor. E esse "bem cedo" era o terceiro problema, pois meu amigo está trabalhando e só poderia ficar até umas 10 horas da manhã pra ajudar, se fosse necessário. Enfim, consegui indicação de um senhor que faz esses transportes, cobrou mais barato que o anterior e disse que tinha carrinho, espuma pra proteger os móveis e todo o kit do bom carreto. Falei com o meu amigo, ele topou e agendamos para quarta-feira. Hoje. Às 9 da manhã.



Agoniado como sou, já estava acordando e dormindo desde às 5:30 da manhã. Às 7:15, resolvi levantar de vez e começar a ajeitar as coisas. Às 8:30, liga o véio do transporte, pergunta se tem lugar pra estacionar no prédio, passo as orientações, pergunto se está chegando. Ele grunhiu alguma coisa que não entendi, mas que aceitei como um "sim". Liguei pro meu amigo e falei "corre pra cá que o ômi tá chegando!". Ele correu, chegou depois das 9 e o cara ainda não tinha aparecido. Deu 9:15, nada; 9:30, nada; 9:45 nada. "É essa beleza desse trânsito paulistano", pensei. Deu 10 horas e nada, 10:15 e nada também. Meu amigo teve que ir para não se atrasar pro trabalho. E fiquei eu, de camiseta, bermuda e tênis, todo paramentado de assistente de mudança, esperando uma kombi que não vinha.

Tentei ligar várias vezes pro dito cujo e não consegui. Dava caixa postal sempre. Comecei a pensar nos problemas que isso me causaria e a agonia aumentou. Liguei pro meu amigo e pedi pra ele ver com a proprietária se ela autorizaria que eu fizesse a mudança. Ela autorizou. Corri, encontrei com ele, peguei a chave. Voltei pro prédio. No caminho, aleluia! Um caminhãozinho de transporte parado perto da minha rua. Anotei o número e corri pro prédio. "Veio alguém fazer carreto aqui?", perguntei na portaria. "Não". Ótimo.

Eu ainda tinha esperança. Entrei em contato com a pessoa que me indicou (depois de vááááárias tentativas; Murphy tava virado no cão hoje) e ela disse que era muito estranho isso porque o cara nunca falta, cumpre os horários, é meio lento, mas faz o trabalho direitinho e não deixaria de ligar se tivesse algum imprevisto. "Só que ele é bem velhinho, e tá muito gordo, a saúde tá ruim", informou. "Pronto. Matei o homem. Chamei pra fazer a mudança e ele infartou no meio do caminho".



A pessoa que me indicou disse que ia tentar descobrir o que tinha acontecido, porque conhecia uns parentes do cara, e me ligaria depois. Nisso, já tava dando uma hora da tarde. Ainda esperei mais um pouco (a esperança é a última, né?), mas chegou uma hora que não deu mais: liguei pro número que tinha anotado e - soem os tambores! - o cara estava livre; e - soltem os fogos! - ele estava na frente do meu prédio tomando um café; e ainda - cantem o hino! - me cobraria o mesmo que o que sumiu. Fechei na hora e já desci.

Corta pra mim, levantando geladeira, arrastando cama, amarrando televisão em carrinho de mudança e ajudando o dono do carreto (que trabalha sozinho) a carregar tudo. A sorte é que eu não sou 100% sedentário (só uns 80%), então não morri fazendo esforço. Além disso, a vontade de que o negócio desse certo e terminasse logo era maior que qualquer dor de veado que pudesse aparecer naquela hora. Tudo carregado, toca pra casa do meu amigo. "Acho que vou conseguir respirar aliviado", pensei.

Mas não. Chegando lá, toquei a campainha pra avisar a proprietária e pedir pra ela tirar o carro da garagem pra eu e o moço passarmos com as coisas. E cadê que ela estava em casa? Mesmo o meu amigo tendo deixado-a avisada de que chegaria mudança, a tia resolve ir dar uma volta JUSTO na hora em que eu chego com as coisas? Toquei, esperei, tentei falar com o meu amigo e nada. Daí pesei, avaliei, ponderei e resolvi: tinha ido até lá, não ia voltar, né? Abri o portão, medi a distância entre a parede e o carro e falei pro tio do carreto que a gente teria que ser MUITO cuidadosos, mas que dava pra passar.



Fast forward pro momento em que estamos levando a ÚLTIMA peça. De dentro da casa, sai um homem (o marido da proprietária, imaginei), com cara de poucos amigos, olha pra gente, volta pra dentro da casa, volta com a chave do carro e resolve chegar o bólido mais pra lá. Quase bati palmas!! Sério, na boa que o senhor estava babando no sofá lá dentro enquanto eu tocava a campainha como se tivesse tirando leite da vaca, seu cachorro se esgoelava avisando que tinha gente no portão, e agora, AGORA, o senhor vem tirar seu carro?? (Nota: isso aconteceu num universo alternativo. Neste universo aqui, eu só pensei isso tudo, mas não disse nada).

Enfim, final feliz. Tudo foi colocado na casa do meu amigo, o tio do caminhão ficou feliz porque dei uma gorjeta (é que ele não sabe como ele salvou meu dia!), eu fiquei aliviado em ver o apartamento começando a ficar vazio. E sexta tem mais: é o dia em que vão vir retirar as doações.

E ainda não sei o que houve com o tio que sumiu. Será que infartou mesmo, coitado?

À bientôt!



3 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Adoro seu blog!!! Somos de Brasília e estamos focadas no Quebec. Ano que vem se tudo der certo iremos aplicar!!

    Boa sorte!!!!! e boa volta á Brasília.

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  2. Nossa a lei de Murph tá lasca por ai tbm ne´, kkkkkkkkkk
    sabemos bem como é.
    Sorte ai amigo, tbm estamos de mudança, aff.

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  3. Doug otimo post, pense que essa sera a ultima mudanca antes de Montreal :D

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