quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Estudar francês: opções

Como já escrito e repetido anteriormente, eu estou, no atual alinhamento planetário, bastante inclinado, motivado, empolgado, segura coração ou eu infarto com uma possível volta aos estudos. Além de melhorar os idiomas, acho que pode ser uma forma muito legal e menos traumática de ir me inserindo na cultura e na sociedade quebeca. Pancada eu vou levar de todo jeito, mas se puder ser com carinho, por que não, né?

Falando em quebeca.. estou indo para Montreal, como já deve ter sido divulgado no Diário Oficial da União de tanto que pessoas aleatórias hoje em dia aparecem na minha frente e dizem: "Fiquei sabendo que você está indo pro Canadá!". E, se estou indo para Montreal, pretendo - e devo! - melhorar muito meu inglês e meu francês. Na minha entrevista de imigração, naquele inesquecível 13 de março de 2013, a entrevistadora perguntou qual idioma eu falava melhor. Eu falei a verdade: meu inglês é muito melhor que o meu francês. Isso não quer dizer que eu seja excepcionalmente bom em inglês - aliás, sou da opinião de que a gente nunca é bom pra se auto-avaliar nesse quesito. Então, eu pretendo, sim, dar uma requentada no inglês, mas quero fazer meu francês melhorar muito, perder o sotaque, soar como um nativo, usar gírias, engolir letras e palavras inteiras e até falar palavrão quebequense!




Empolgado? Imagina.

Bom, comecei a fazer a minha pesquisa de cursos recentemente, e eis as possibilidades que levantei até agora.


Curso de francês do governo

Carinhosamente chamada de "francisação" (vocábulo inexistente na língua portuguesa, mas que eu aceito muito mais facilmente do que traduzir "apply" por "aplicar"), é o escolhido de 9 em cada 10 imigrantes brasileiros. Razões? Financeiras, em geral. Imigrante recém-chegado quer é economizar, e o curso de francês ministrado pelo governo do Québec é gratuito. E não é só isso! Você ainda recebe para ir estudar, desde que alguns pré-requisitos sejam atendidos. Ou seja, você estuda a língua local oficial e ainda ganha uma graninha para se dedicar. A bolsa, atualmente, é de 115 moedas de ouro canadenses por semana, e alguns outros fatores podem fazê-la subir um pouquinho. Então você aí, que estava pensando que ia morar no plateau, num amplo 5 1/2, ter dois carros e um patinete na garagem, e almoçar sushi todo dia só com a bolsa do governo, sinto estilhaçar seus sonhos, mas não rola. A bolsa ajuda, mas você vai precisar da sua reserva financeira.

Essa foi a parte boa. A parte ruim - se é que dá pra chamar assim - é que a qualidade dos cursos de francisação varia muito. Dependendo do lugar onde a pessoa faz o curso (o Ministério da Imigração tem convênio com diversas escolas), dependendo do professor e - por que não? - do próprio aluno, a qualidade aparentemente oscila muito. Já vi gente muito satisfeita, mas já vi muita gente tentando trocar de escola a todo custo. A priori, você não escolhe o lugar onde vai estudar; é o Ministério que faz isso, tendo por base o local onde você mora. Já vi um ou dois casos de pessoas que conseguiram mudar, mas isso parece ser a exceção, não a regra (mas fique à vontade para me contradizer nos comentários. Afinal, ainda estou no Brasil).

Segundo os relatos também, a francisação é mais voltada para a integração sócio-cultural do que para a língua em si. Para não ficar esquisito: você estuda o idioma sim, claro, mas uma das formas mais utilizadas para te ensinar a língua de Molière é te apresentar a cultura e a sociedade quebequense. Obviamente, se você puder ter o combo idioma + sociedade local + cultura local + cobertura extra por mais 1 real, é excelente! Mas algumas opiniões que chegaram até mim reclamam justamente de que, em alguns níveis, você tem mais cultura e menos língua.

Outro problema é que a francisação tem datas bem específicas para começar. Tanto é que muitos brazucas tentam chegar lá em Montreal a tempo de fazer a inscrição para uma data específica e evitar as longas filas de espera. Casos de 3 ou mesmo 6 meses até conseguir uma vaga não são tão incomuns assim. E nem sempre a gente está disposto a chegar lá e ficar esse tempo todo ocioso, academicamente falando.

Mais sobre a francisação do governo aqui (em francês).


Comissão escolar


A primeira alternativa à francisação do governo é, geralmente, correr atrás de um curso oferecido pela Comission Scolaire de Montréal. Aqui, a sopa de minhoca não é tão farta: você não recebe bolsa alguma; na verdade, tem de pagar para estudar mesmo. Mas, ainda assim, é um preço quase simbólico, em torno de 50 moedas de ouro canadenses. Um material didático aqui, uma carteirinha estudantil ali podem fazer o valor subir um pouco. Mas há locais em que, após você cursar o primeiro nível, consegue cursar os seguintes por apenas 10 ou 15 moedas de ouro canadenses. Não parece tão ruim, né?

As opiniões quanto à qualidade são mais uniformes: embora existam aqueles que digam que não estão gostando, a maioria dos que optaram por esse tipo de curso parece satisfeita. Opinião, obviamente, é de cada um, pessoal e instransferível, mas ter menos variantes do que a francisação do governo pode ser um bom indicador. Acho que o fato de você poder escolher a escola em que vai estudar (em vez de ter uma imposta a você, como acontece na francisação) também ajuda a boa vontade do povo, que pode ir atrás de relatos de pessoas que já estudaram nesta ou naquela escola e aí tomar uma decisão mais embasada.

Para quem quiser ler mais, vá até a página da Comission Scolaire de Montréal.



Universidade de Montreal

Aqui, a coisa pode ficar mais séria. A Universidade de Montreal oferece cursos de francês para não-francófonos, por meio da Escola de Idiomas deles. Eles têm vários módulos: francês oral, escrito, intensivo, conversação e lá vai o bonde. E, se você tiver vontade mesmo, eles oferecem o Certificado de Francês como Segunda Língua, que é um programa de 30 créditos (o que, num mundo ideal, equivale a um ano de estudos) e que dá direito a uma certificação da própria universidade.

Contudo, não dá pra começar sem saber nem conjugar o verbo être no presente: o estudante já tem de ter uma base. O teste de nivelamento pode recomendar que o aluno estude francês por fora (na própria universidade ou outro lugar) antes de se meter a besta com o certificado. Uma vez inscrito no programa do certificado, você pode escolher as disciplinas que quiser cursar a partir de uma lista grandinha, e deve concluir 10 disciplinas para fazer jus ao certificado (lembra a aula da tia Teteca na 3ª série? 3 x 10 = 30, ou seja, cada disciplina vale 3 créditos). Você pode optar por fazer em tempo integral (12 ou mais créditos por semeste) ou em tempo parcial (menos de 12 créditos por semestre).

E de quanto estamos falando? Bom, isso pode ser um pouco confuso. A Universidade de Montreal estabelece que cada crédito custa por volta de 75 moedas de ouro canadenses. Então, uma disciplina de 3 créditos custaria por volta de 225. A Escola de Línguas diz que pode haver taxas suplementares para certos cursos, que variam de 25 a 390 (!) moedas de ouro. Já a página do certificado diz que o ano escolar custa 2.224 moedas de ouro, o que bate mais ou menos com a matemática de 30 (créditos) x 75 (valor do crédito) - mas talvez eu precise falar com a tia Teteca novamente. Ah, mas há a possibilidade de conseguir ajuda financeira pelo programa de prêt et bourses do governo!

Ficou com vontade? Veja aqui a página da Escola de Línguas da UdeM e a do Certificado de Francês como Segunda Língua.

Outras universidades, como a McGill, UQAM e Concordia também possuem cursos e/ou certificados de francês. Peguei a da Universidade de Montreal porque foi a única de que tive opiniões até o momento, e ainda assim, não foram muitas. Mas os poucos que me relataram disseram ter adorado o curso.



E o que eu vou fazer?

Posso responder depois? Hehehe. Na verdade, sendo bem sincero, ainda não dá pra tomar uma decisão. Eu fiquei muito empolgado com o certificado da Universidade de Montreal, como bom espírito universitário que sou, mas o bolso pesaria mais. Sem falar que, até o momento, se eu for fazer uma nova graduação, provavelmente será em inglês, e eu teria que dar mais ênfase na língua de Shakespeare que na de Molière no primeiro ano. Então, talvez eu possa fazer o curso de francês em tempo parcial enquanto me dedico de forma mais integral, digamos assim, ao inglês. Nem sei se seria possível ou se meu cérebro iria se liquefazer antes de seis meses, e eu também teria de saber em que nível eu cairia pra poder ter uma visão mais clara do que vale a pena ou não.

A conclusão é que, pra variar, há várias opções, para todos os gostos e bolsos. Fosse eu rico e/ou tivesse todo o tempo do mundo, faria o certificado da Universidade de Montreal sem pestanejar. Mas não sou nem uma coisa, nem outra, então terei que dosar a vontade e ver qual o melhor custo benefício.

E você aí, fez ou vai fazer o quê? Troquemos figurinhas!

À bientôt!




3 comentários:

  1. Boa sorte !
    Já sabe quando vai pra Montreal ?
    Não sei se seria o caso, mas quando morei em Montreal em 2003, estudei na YMCA, não sei se essa escola seria uma opção pra você, mas eu gostei muito de ter estudado lá. Na época, eu não lembro exatamente, mas acho que a mensalidade era uns 300 e poucos dólares canadenses. Mas tinha aula de segunda a sexta. Não sei como é nesses lugares que você mencionou.

    abraços;
    Catherine
    http://meetyoutherecanada.blogspot.com.br/

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    1. Obrigado, Catherine! Vou por volta do dia 15 de março (ainda definindo a data certa).

      Obrigado também pela sugestão, mas só compensaria lá se eles tiverem uma taxa pra residente permanente. Do contrário, pesaria mais no meu bolso.

      Abraço!

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    2. É questão de fazer contato com eles e perguntar se eles oferecem algum desconto (ou valor diferenciado) para quem é residente. Como fui como estudante, não sei te informar.
      Achei que vc ia antes de março. Mas vai passar rápido. Logo vc estará fazendo posts de Montreal.

      abraços;
      Catherine

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