sexta-feira, 30 de maio de 2014

Estudos? (cont.)

Há pouco mais de um ano, escrevi aqui que, depois de conseguir meu CSQ, uma luz divina desceu dos céus sobre a minha cabeça e eu comecei a pensar na possibilidade de voltar a estudar. Afinal, por que não tornar algo que já é difícil (imigrar, procurar emprego, ver as economias minguando, ter de se virar nos 30 pra ficar fluente em dois idiomas) ainda MAIS difícil, voltando a estudar?

Lá naquele mesmo post, falei que meu objetivo é chegar lá e procurar emprego, como a maior parte dos imigrantes faz. E isso continua valendo. Mas, do ano passado pra cá, dei uma sondada com um pouco mais de interesse nessa questão de estudos, especificamente na McGill, e comecei a achar a coisa menos tenebrosa - mas, ainda assim, bastante difícil por vários motivos. É aquela coisa, o que assusta no escuro deixa de ser aterrorizante uma vez que você a veja sob a luz. E encontrei algumas informações legais.

Mas, antes, um pouco de histórico, só para vocês entenderem o drama a comédia. Eu  nunca soube o que fazer da vida. Nunca tive aquele estalo do tipo "quero ser bombeiro", "astronauta", "médico" ou qualquer outra coisa. Escolhi meu curso da faculdade (tradução) basicamente porque eu gostava de idiomas, e teria a chance de aprender outros enquanto estudasse (mas nem aprendi tanta coisa assim). Mas me apaixonar pela carreira, querer virar tradutor, participar de congressos onde se discute terminologia e suas amigas? Não. Nunca rolou.

E o pior é que continuou não rolando. Depois da faculdade, trabalhei como tradutor freelancer, trabalhei em hotel, dei aulas de inglês, fiz curso de webdesign, de modelagem e animação 3D, de escultura, fiz voluntariado aos sábados entretendo crianças... e não me empolguei com nada. Tanto que, tendo o mundo à minha frente, mas sem saber por onde ir, acabei me enfurnando na masmorra no  serviço público, onde, em geral, você começa no nada e vai para lugar nenhum. A ideia era liberar meus pais de ficarem me sustentando e, ao mesmo tempo, ter tranquilidade para descobrir qual era o meu sonho. Só que, pelo Olho de Thundera, serviço público é um poço sem fim de burocracia, incompetência e protelação. Definitivamente, ningúem merece. Se eu soubesse que ia passar tanto tempo sem encontrar respostas, eu nem tinha entrado nesse barco.





... e continuo na mesma merda situação. Fiz cursos, me envolvi com outras atividades, mas nada fez meus olhos brilharem. Pra encurtar o melodrama, eu cheguei à conclusão que, embora não tivesse ideia do que fazer na vida, se eu ficasse no serviço público iria morrer careca de tédio e acomodação aos 40 anos, sem ter feito nada de que eu realmente gostasse. E, com a história da imigração, veio uma nova vontade de encontrar uma carreira, me firmar em alguma área, e, se não me apaixonar por alguma coisa, pelo menos gostar o suficiente para que eu não queira matar pessoas cada vez que o telefone toca ou alguém me traz um formulário.

Seria ótimo se aquela luz que mencionei lá em cima tivesse vindo de novo para iluminar as coisas, mas não veio, infelizmente. Enfim, eu gosto da área de Humanas. Gosto de idiomas, gosto de história, gosto de literatura. Gosto de cinema, gosto de teatro. Gosto de ler, gosto de escrever. Gosto de mitologia, gosto de contos, gosto de video game e quadrinhos. E aí eu olhei alguns cursos e, se eu tivesse que escolher algum HOJE, escolheria Literatura Inglesa OU Cinema OU História. Todas com grandes chances de me mandar pro fogão do McDonald's mais próximo, se for pra levar os relatos de fóruns de estudantes e alguns artigos espalhados por aí. Mas isso fica pra outro dia.




Fui tentar entender, então, um pouco mais do processo de admissão para a graduação. Como cada universidade é um caso, resolvi, neste momento despretensioso, sem presunção alguma e cheio de humildade, ver logo qual é a da McGill. Li muita coisa no site deles, mas alguns pontos eram um tanto nebulosos para a minha cabeça moldada pelo sistema universitário brasileiro, e eu precisava confirmar se o que eu entendia era o certo. Pensei em mandar e-mail, adiei essa ideia, até que descobri que a McGill tem um serviço no Facebook pelo qual eles respondem dúvidas de pessoas interessadas em se candidatar para uma vaga. E aí fui a luta! Eis o que descobri:

  • Por não ter estudos acadêmicos nos últimos cinco anos E já ter mais de 23 anos, eu teria de me candidatar como Mature Student. Essa é apenas uma modalidade de admissão, e não influencia em nada, segundo o que me foi dito;
  • Por ter de me candidatar como Mature Student, posso mandar cartas de referência dos meus empregadores, em vez de cartas de professores. Faz sentido, já que, se você quiser, pode tentar uma vaga mesmo com 70 anos, e haja mediunidade para contatar seus professores de quando você tinha 18 anos para lembrar de você e assinar alguma coisa, né?;
  • Eu teria de cumprir pré-requisitos para poder ser aceito em qualquer curso. Esses cursos podem ser disciplinas ofertadas pela própria McGill ou por CEGEPS. Fui aconselhado a entrar em contato com os departamentos específicos para ver exatamente o que eles aceitariam como pré-requisitos, inclusive para pegar sugestões de disciplinas da própria universidade;
  • Não estou necessariamente isento de cumprir o Freshman program deles, que é um ano "inicial", digamos assim. Nesse ano, você tem de cursar disciplinas de vários departamentos (à sua escolha, mas com mínimos e máximos definidos), e só depois você começa seu curso pra valer. Segundo o que me foi passado, eu terei de cumprir os créditos que estiverem na carta de aceitação, e isso pode incluir ou não o Freshman program;
  • Todas as opções para cursar o bacharelado se aplicam, incluindo Majors, Minors, Honors, e outras modalidades. Basta querer e obter as notas mínimas (que são bem, bem, bem altas).


E, claro, tenho que comprovar inglês suficiente, o que já me fez pensar que talvez seja uma boa prestar o IELTS este ano, enquanto ainda estou por aqui. Acho que seria melhor já chegar lá com o máximo de requerimentos necessários do que deixar para resolver tudo lá. E, obviamente, mesmo cumprindo todos os requisitos, nada garante que eu seria aceito, seja na McGill ou em qualquer outra. Mas imaginar ainda é de graça, pelo menos.

Enfim, tem um longo caminho de amadurecimento das ideas pela frente, e a própria realidade da minha situação de residente permanente vai acabar ditando muita coisa. Mas, como diria Edna Moda:




À bientôt!

2 comentários:

  1. Oi Doug!

    Também já andei pesquisando superficialmente as universidades por lá... uma coisa que sempre fico pensando é.. com toda a adaptação inicial, tratar documentos, procurar e iniciar um novo trabalho, etc.. talvez seja complicado conciliar com os estudos....

    MAS... por outro lado, isso ajudaria com certeza na tão famosa "experiência canadense" e a estabelecer uma rede de contatos...

    Por acaso hoje vi um outro post falando sobre estudos, de alguém que já está "lá"...

    Dê uma olhada, se vc quiser:

    http://robertoemaristela.blogspot.com.br/2014/05/estudando-no-exterior-existe-curso.html

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    1. Oi, Rose e Du! Obrigado pelo comentário e pela dica!

      Eu concordo com relação à ajuda que um diploma quebequense pode dar no mercado de trabalho. Por isso que penso que talvez seja melhor chegar e tentar estudar do que correr pro mercado de trabalho, principalmente se a área de atuação não é exatamente uma das que estão bombando, né?

      Por outro lado, no meu caso, como falei no post, as coisas das quais gosto nunca estão bombando hehehe. Então ainda tenho um tanto de receio de pular num curso de bacharelado (ou mesmo um AEC ou DEC, como no caso do post que você sugeriu - muito obrigado por indicá-lo!) só pra depois descobrir que não adiantou muito profissionalmente falando. Acho que pelo menos o inglês e/ou o francês sairão bem mais afiados, mas acho que tenho que ter um plano mais concreto pra poder levar estudos a sério lá.

      Abraço!

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