terça-feira, 31 de março de 2015

Conhecendo gente, adaptador e a biblioteca de Montreal!

Como nem só de tensão e compromissos oficiais vive o homem, no meu primeiro fim de semana aqui aceitei um convite do amigo que está me hospedando para ir conhecer alguns amigos dele durante um brunch. O lugar escolhido foi o Universel, que desde já eu aprovo e recomendo (e o Chuck também).



Uma coisa que pesa contra, pra mim, é que o lugar parece estar sempre cheio. Pelos comentários que ouvi, é desse jeito todo dia. Eles servem café da manhã, brunch e almoço (até onde vi), e tem de omelete a crepe, passando por uma bela pratada de petit déjeuner (que aqui é só déjeuner) ao estilo norte-americano. Eu tinha acordado cedo e, por isso, já tinha tomado um café com pão na chapa em casa (desapega, meu filho!!) e, como fomos pra lá depois das 11 da manhã, achei melhor não encarar o pratão de café da manhã e fui de crepe mesmo. Mas mesmo o crepe era de Itu, gente... uma delícia, massa fininha e recheio generoso, mas precisei de uma ajudazinha do Divino pra fazer descer os últimos pedaços.

Eu acho que devia ter umas 15 pessoas lá e, obviamente, não deu pra eu conversar com todo mundo. Mas todos pareceram ser muito gente boa. Eles estão já há dois, três, cinco anos aqui, então ninguém ainda está deslumbrado. O que foi bom, porque pude pegar algumas opiniões mais embasadas de gente que veio, viu e venceu, e de gente que ainda está vendo e vencendo. Uma coisa que me deixou um pouco mais tranquilo em relação à decisão de focar nos idiomas neste primeiro ano é que todos com quem falei voltaram para a sala de aula em algum momento. Não importa o nível em inglês ou francês, todos sentiram que precisavam fazer um esforço extra em relação aos idiomas. Conheci duas meninas que fizeram o curso de inglês que estou querendo fazer e elas disseram que é realmente excelente. Outros fizeram outros cursos (francisação no meio) e também foram unânimes em dizer que por melhor que a gente saiba ou fale o idioma, só por aqui mesmo é que você descobre o quanto ainda tem pra aprender.


Grande Bibliothèque de Montréal

Outra coisa que fiz nessa semana que passou foi ir conhecer - e me inscrever! - na Grande Biblioteca de Montreal. Eu já tinha a intenção de fazer isso, até porque, nerd do jeito que sou, não consigo ficar muito tempo sem livros pro perto. E, vindo de um lugar onde bibliotecas são raras (e pouco inspiradoras), eu iria entrar nesse mundo uma hora ou outra. Não bastasse isso, tanto na palestra de premières démarches como na do Objectif intégration os instrutores ressaltaram a importância de se estar inscrito numa biblioteca. O apelo vem não só pela chance de obter conhecimento de graça como também pelo fato de que as bibliotecas oferecem diversos serviços, incluindo grupos de conversação em idiomas e palestras para recém-chegados.

O site da Grande Biblioteca já dá uma ideia. São quatro milhões de documentos, sendo a metade só de livros. Eu peguei as informações para me inscrever e lá fui eu, munido de documento de identidade (meu passaporte, no caso, já que ainda não tenho carteirinha de nada daqui) e comprovante de residência (recebi a primeira correspondência em endereço canadense, então tá valendo!). Pra chegar à biblioteca, é super tranquilo: basta pegar o metrô onde quer que você esteja e descer na estação Berri-UQAM. Dali, você nem precisa ir pra rua: basta ir subindo as escadas e seguindo as placas e, quando você vê, pimba, tá de frente com a biblioteca.

Logo na entrada, há uns guichês com fila, mas, pra não marcar bobeira, fui consultar uma placa indicativa que fica antes dos guichês. E fiz bem, porque não era ali que faziam o registro de novos usuários. Seguindo para a direita, vi a placa de abonnement e, de novo, fila. Aí não deu pra escapar :P

O atendente foi muito simpático. Eu falei que queria fazer a minha carte d'abonné e ele perguntou se era a primeira vez. Disse que sim e ele me pediu os documentos (identidade e comprovante de residência). Com a maior educação, perguntou se podia tirar a carta de dentro do envelope para ver a data, pois o comprovante de residência precisa ter menos de 6 meses. Enquanto fazia o cadastro no sistema, me entregou um folheto com informações básicas sobre a biblioteca (quais os tipos de documentos existem, quanto tempo se pode ficar com cada um, multa por atraso, etc). Quando terminou, ele me entregou a carteirinha, pediu pra eu assinar na parte de trás e me deu uma senha provisória para fazer o acesso pelo site. Explicou que é possível fazer reserva de livros, salas e documentos pelo site, bem como utilizar outros serviços. Me desejou boas-vindas e pronto, acabou. Residentes do Quebec não pagam nada para se registrar e a carteirinha tem validade de dois anos.

Obviamente, fui logo explorar, né? Mesmo sabendo que seria besteira pegar algo emprestado logo de cara, com tantas coisas ainda pra fazer, nada me impedia de dar uma volta para conhecer o lugar. São quatro andares de puro deleite para quem curte leitura e conhecimento. Fiquei tão empolgado que saquei o celular (eles têm wi-fi gratuita para os usuários registrados) pra mandar WhatsApp pra minha mãe, que também é louca por livros. "Mãe, tô na biblioteca! Tem quatro andares!"; "Nossa, filho!! E você pode usar tudo?"; "Posso, mãe! É de graça!"; "Quantos livros você já tá segurando?"; "Nenhum, mas só porque acabei de entrar".

Os assuntos estão separados por andar e há placas indicativas para todo lado. A primeira surpresa foi quando esbarrei com uma sessão de jogos de vídeo-game. Sim, eles tem uma seção só de jogos de vídeo-game para emprestar!! Alguém já tinha comentado isso comigo, mas eu havia esquecido completamente. Já comecei a babar ali mesmo e fiquei perto de uma convulsão quando vi que eles também tem uma ala só de histórias em quadrinhos!! De vários gêneros (incluindo mangás), em vários idiomas (mas principalmente em inglês e francês, claro) e para todos os gostos.

Mas caí pra trás mesmo foi quando vi que eles têm não só uma sessão inteira dedicada a livros e métodos para aprendizado de línguas estrangeiras, como também um mini-laboratório de línguas à disposição dos usuários. Nessa hora, o lobo de desenho animado dentro de mim uivou.




Espanhol, holandês, alemão, russo, romeno, islandês, nepalês, árabe... não fiz uma lista, mas dá pra imaginar que vai ser difícil não encontrar algum idioma representado ali. Passei por livros de fazer arrepiar os pelos do braço para quem curte idiomas, tipo "Irlandês Antigo" ou "1001 verbos suecos". Afif. Queria sentar ali no chão mesmo com tudo nos braços. "Filho, você não tinha que ir fazer outras coisas?"; "Juro que tô tentando ir embora, mãe!".

No fim, resisti ao ímpeto e não levei nada. O fato de ainda não ter uma rotina estabelecida, ter ainda pendências a resolver, bem como não querer entulhar a casa do meu amigo com livros e mais livros me fez colocar tudo de volta na estante. Mas prometi pra cada livro que voltaria outro dia.


Adaptador de tomada

Como amante de viagens que sou (embora talvez esteja começando a deixar de sê-lo), tenho um conjuntinho de adaptadores de tomada. Não sei porque não padronizaram isso até hoje, mas, enfim... quem já viajou por aí sabe que é um saco você pegar o(a) seu(ua) barbeador/secador/carregador de celular/chapinha ou outro badulaque e só então descobrir que a tomada do lugar onde você está não possui dois furos redondinho e lembra mais uma das linhas de Nazca.

Então, precavido, juntei todos os meus adaptadores num saquinho, coloquei dentro de uma maletinha e... deixei dentro do armário no Brasil. Se fosse um caso de vida ou morte, eu levaria o Troféu Darwin de Seleção Natural, mas pelo menos dessa vez eu escapei. De início, me virei com o adaptador do meu amigo, mas, obviamente, às vezes os dois precisavam do troço ao mesmo tempo, e claro que ele é quem tem a prioridade. Então resolvi ir procurando nas lojas à medida que fosse passeando por aí.

Achei que seria fácil. Tolinho.

O primeiro lugar em que olhei foi na Future Shop, quando estava procurando o computador. Não tinham. Depois, olhei na Best Buy. Só tinham um kit com vários adaptadores e conversor de voltagem que saía por 40 moedas de ouro canadenses. Achei que era muito para pagar numa coisa que - não custa lembrar - eu já tenho, mesmo tendo esquecido no Brasil. Perguntei onde eu podia encontrar só o adaptador que eu queria e me sugeriram Jean Coutu, Pharmaprix, Unipharma... passei por todas e ou não tinham, ou só tinham em forma de kit (mais barato que na Best Buy, mas, ainda assim, em torno de 30 moedas de ouro).

Virou questão de honra. Fui pra internet e vi vários lugares em que, teoricamente, seria fácil achar. Só que eu ia nesses lugares e nada! Daí começaram a me dizer que era difícil achar, que só tinham visto o kit pra vender. Fui até em lojinha pra turista perguntar, mas não tive sorte. Até que resolvi chutar o balde e ir à Meca de todos os artigos para o lar: a Canadian Tire!

Já de cara gostei porque achei um kit de adaptadores pra viagem por 20 moedas de ouro, metade da Best Buy. Fiquei tão feliz que quase fui direto pro caixa, mas lembrei que não tinha compromisso e era uma boa oportunidade pra conhecer a loja. E, gente, vou te falar... parece que tem de tudo mesmo pra casa, viu? Até alguns móveis eles têm, mas o forte são ferramentas, eletrodomésticos e utensílios. Tem de furadeira a tampa de privada, passando por frigideira e umidificador de ar. É muita coisa. Já fiz uma nota mental pra quando tiver o meu canto.

Enfim, acabei encontrando o adaptador para tomadas redondas avulso, sem kit, sem conjunto, sem acessórios. Só ele! E esse Santo Graal dos adaptadores custou 4 moedas de ouro canadenses. Carinho pra um adaptador, na minha opinião, mas, depois da peregrinação que foi encontrar, eu paguei feliz. Com certeza deve haver opções bem mais em conta por aí, mas a minha ignorância de recém-chegado aliada ao esquecimento do pessoal que já está aqui há mais tempo e não lembra onde comprou não ajudaram. Quem mandou esquecer o kit no Brasil?

À bientôt!

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