segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E foi dada a largada!!

Caríssimos, é com grande prazer e alegria que venho aqui dizer que hoje dei início oficialmente ao meu processo de imigração para o Canadá. Após passar o fim de semana conferindo os documentos, hoje coloquei tudo dentro de uma pasta, depois a pasta dentro de um envelope e postei por SEDEX com aviso de recebimento (toda e qualquer garantia de recebimento nunca é demais hehehe). Mas só depois que receberem é que vou me considerar no processo.

Agora é esperar para ver se me mandam uma carta ou e-mail de recebimento, a fatura do cartão de crédito e, quem sabe (mas espero que não), algum pedido extra de documentos. Espero não ter esquecido de assinar nada - claro que chequei tudo, mas vai que...

E, com isso, inauguro minha timeline ali do lado, ó. Colocarei os fatos mais relevantes à medida que forem acontecendo.

Boa sorte pra nós todos!


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

[OFF-TOPIC] Visto Americano - Parte III

Veja o início da saga na Parte I e na Parte II.

Ainda fiquei um tempinho em pé, esperando até o monitor do meu guichê mostrar a minha senha. Bem na hora em que o atendente ia me chamar, ele, em vez de apertar o botãozinho pra chamar a próxima senha, virou pra mim lá de dentro e falou, com sotaque gringo carregadíssimo: "Só um momento, por favor".

Dei risada. Mas o cidadão realmente não demorou muito e logo me chamou. Relembrando esse guichê era o da coleta das digitais, então ele confirmou alguns dados meus e pediu para eu colocar os dedos no sensor que faz a coleta. Primeiro os quatro dedos maiores da mão direita, depois os quatro maiores da mão esquerda, depois os dois polegares ao mesmo tempo. Tudo certinho, ele ficou olhando o monitor um tempo e clicando o mouse, pegou meu passaporte (que já estava lá num lote com outros), deu uma olhada e perguntou se eu não havia usado o visto anterior. Aparentemente, na hora de passar as páginas, ele pulou aquela na qual bateram o carimbo quando passei pela imigração nos EUA. Então respondi que sim, havia usado uma vez. Ele voltou as páginas, achou o carimbo e falou "ah!". Depois disso, falou que eu não precisaria passar por entrevista, me entregou o papel laranja (aquele que recebi lá no início da saga) e falou que era pra eu ir até o caixa do lado mais externo do consulado para pagar a taxa do sedex e que meu novo visto seria entregue em casa. Ufa!

Lá fui eu, feliz da vida. E feliz MESMO, porque a fila da entrevista estava imensa e era por ordem de chegada. Além disso, você ainda tinha que ficar em pé. Enfim, fui lá pra fora, peguei outra filinha básica para fazer o pagamento da taxa do sedex e, em seguida, fim! The end! Me senti o Frodo depois de destruir o anel, garganta seca, imundo de tanto suor, parindo de fome e ainda tendo que encontrar forças pra ir a pé até a parada mais próxima que me levaria ao meu trabalho.



Mas deu tudo certo, e, tirando aquela mulher do Hades que ficou matraqueando do meu lado, eu me considerei bem sortudo. Ah, e nunca vou esquecer aquele primeiro gole d'água que bebi quando cheguei no escritório.

Depois disso, começou o período de espera. No papel que eles entregam depois que você paga o envio do sedex, vem dizendo que o prazo de entrega é de, no mínimo, seis dias úteis. Mais embaixo, falam que, se após dez dias você não receber nada, deve entrar em contato com o consulado. Enfim, eu peguei um feriado americano no meio do caminho, o que complicou mais. Não chegou nada na primeira semana e, depois que metade da segunda passou e eu não tive nada de novo na minha caixa de correio, comecei a me preocupar. Não ao ponto de ligar no consulado, porque a greve dos correios tinha acabado de ser encerrada, mas enfim, é um documento importante, o procedimento pro visto é caro e desgastante (fisicamente falando), então quem é que quer descobrir que o seu passaporte foi extraviado? A segunda semana terminou sem nenhuma novidade também. Mas eis que estou eu lá, de pijama, num domingo à tarde, curtindo as consequências do sábado à noite, quando o porteiro do meu prédio interfona e diz que estava com um sedex lá pra mim. Pulei da cama, me vesti correndo, desci, peguei o pacote, subi, abri e estava lá: passaporte lindão, visto B1/B2, validade de 10 anos. *Corre para a galera*

Em resumo, então, o atendimento expresso serve aparentemente pra duas coisas: primeiro, você não precisa aparecer no consulado antes do primeiro raio de sol da manhã. Pode chegar por volta de 10 horas, já que só vai poder entrar por volta das 11. Segundo, se for uma renovação e tudo estiver certinho, você pula a etapa da entrevista, o que já dá pra econimizar uma horinha.

Eu levei um quilo de documentos, mas não me pediram absolutamente nada, fora os passaportes (vencidos e o atual). De qualquer forma, é sempre bom estar mais que preparado para a possibilidade de que você tenha que comprovar alguma coisa com documentos. E outra: o funcionário do consulado que te atender pode não ir com a sua cara e fazer você passar pela entrevista. Aí mesmo é que você tem que ter tudo bonitinho, detalhado e explicado. Não adianta o pessoal chorar e dizer que é "absurdo", um "disparate" e outras palavras carinhosas. Eles são tão soberanos em relação ao país dele quanto somos com o nosso, então ficar achando absurdos no que eles fazem é se irritar por besteira.

Não posso deixar de dizer também que o kit de sobrevivência é de suma importância. A não ser que você queira ter uma vaga ideia do que é participar de algo como No Limite, sugiro fortemente que quem tiver de ir ao consulado leve água (nada de garrafinha de 500ml. Leva uns 2 litros, por favor, principalmente se for em dia de calor) e algum tipo de comida leve, como frutas ou barrinhas de cereal (até porque acho que se você tentar levar feijoada ou kit frango-e-farofa eles provavelmente vão barrar).

Há guarda-volumes no comércio próximo. Não testei porque sou realmente pão-duro e porque não sabia o tipo de comércio lá perto. Então preferi esvaziar minha mochila em casa e levar só o estritamente necessário. Pendrive, celulares e qualquer tipo de equipamente eletrônico é terminantemente proibido. Mas, se você é desses que se sente nu(a) sem o celular e quiser arriscar, pode pagar de 5 a 10 legais nesses guarda-volumes. Há também locais para imprimir formulários e tirar fotos, mas acho que nem preciso dizer que só devem recorrer a isso em último caso, né? O melhor é sair de casa com tudo prontinho, bonitinho, separadinho e certinho.

Ah, e outra: exceto em caso de imprevistos (eles acontecem, claro), se você pensa que pode viajar para os EUA num futuro relativamente próximo (um ano ou dois, não semana que vem), peça seu visto logo. Isso evita o desgaste e o stress de muita gente que eu vi na internet depois, que preencheu a papelada em junho, marcou a entrevista pra início de outubro e a viagem pra semana seguinte à da entrevista. Pow, como é que você vai contar com o ovo lá dentro da galinha pra fazer ovos com bacon??? Vi alguns relatos de gente que teve que cancelar viagem, gastar uma grana pra remarcar tudo e por aí vai. Por isso, peça o visto beeeeeem antes porque demora mesmo e não adianta depois falar que é um "absurdo".

terça-feira, 25 de outubro de 2011

[OFF-TOPIC] Visto Americano - Parte II

Você pode ler o início da saga na Parte I.

Como faltava pouco tempo, fiquei ali por perto do portão, já que não havia uma fila realmente estabelecida pra quem estava aguardando o tal do atendimento expresso. Quando deu 11 horas, a mocinha do portão começou a impedir a entrada de quem estava fora do atendimento expresso, o que, claro, resultou em muita reclamação por parte de quem estava lá esperando desde as 8h da manhã. Eu fui um dos primeiros a entrar e tive que abrir minha mochila pra uma segurança que fica logo na entrada. Achei que teria de seguir pra um lugar diferente daquele pra onde estava seguindo a turba que havia entrado antes da gente por conta do tal atendimento expresso.. Nada. Fiqueina mesma fila que eles, exatamente atrás. Fazia um calor dos infernos, e a proteção que há na parte mais externa do consulado mais abafava do que aliviava. Mas tudo bem, eu já sabia que seria complicado, né? Então, em meio ao povo reclamando e se abanando, eu procurei ficar quietinho, trocando uma ou outra palavrinha quando se viravam pra mim e comentavam sobre a demora ou o calor. Isso sou eu, tentando ficar zen.

A fila andava beeeem lentamente. Fiquei tentando adivinhar pra onde iríamos, mas eu via uns indo pra um lado, outros pra outro. Dali a pouco, passou um funcionário da embaixada com um leitor óptico portátil pedindo pra todo mundo mostrar as páginas impressas da confirmação do agendamento e do formulário DS-160. Fiquei um pouco apreensivo porque tinha lido em alguns blogs que, quando você imprime o código de barras em impressoras jato de tinta, o leitor óptico tem problemas pra fazer a leitura porque as bordas não são definidas o sufiente. Mas, pra minha alegria, o aparelho lá na mão do cidadão deu um bip feliz e eu pude respirar aliviado. Então, acho que só se a impressora jato de tinta transformar o código de barras em borrão que dá problema.

Depois, mais espera na fila. Dali a mais um tempo, passaram duas funcionárias pedindo pra gente o comprovante do pagamento da taxa emitido pelo Citibank e a foto (que pode ser 5x5 ou 5x7). Grampearam isso no meu formulário junto com um cartãozinho laranja numerado e me devolveram tudo. Mais espera na fila. Depois de mais um tempinho, entendi o porque daquele vai-não-vai: a fila termina imediatamente antes da sala onde se faz a inspeção de segurança real. Ali dentro, você passa pelo detector de metais, coloca sua bolsa ou mochila na máquina de raio X e, se brincar, ganha uma mão boba do(a) segurança da embaixada.

Tudo certo, me devolveram minha mochila e abriram uma outra porta. Parecia o paraíso: depois da fila enorme lá fora, do calor infernal e do povo reclamando, me vi de repente numa área ampla, sem pessoas se acotovelando ou reclamando da vida, onde até soprava uma brisa revigorante. Segui para a esquerda e vi uma fila. Pensei logo: "ah, deve ser ali". Nada, era a fila da lanchonete. Eu havia esquecido todo o kit de sobrevivência (água, frutas, barras de cereal) em casa e fiquei tentado a comprar, mas a fila e os preços me desanimaram. Resolvi ir logo procurar o que devia fazer, já que não havia ninguém pra indicar. Segui algumas pessoas que estavam se dirigindo pra uma espécie de galpão coberto. No caminho, os sinais da batalha: um monte de gente sentada pelos cantos, encostada em árvores, vertendo as últimas gotas de água mineral da garrafa ou comendo coxinhas de aparência duvidosa. Continuei em frente, crente na ideia de que o atendimento expresso não me deixaria descer tanto.

E eis que adentro  galpão.

O pandemônio.

Literalmente centenas de pessoas estavam lá, sentadas ou em pé, algumas até quase deitadas no chão. Os bancos, obviamente, estavam todos tomados. Notei uma espécie de cordão de isolamento e entendi que era por ali que começava o calvário. Logo vi uma placa que informava os passos a seguir e então tive certeza. Segui o cordão e logo me vi em outra fila, mas pequenininha. Logo, um rapaz pediu meu passaporte e as folhas do agendamento, fez uma rápida conferência e me disse para pegar uma fila logo ao lado, me entregando uma senha em seguida. Agradeci e fui pra tal fila, também pequena. Vi que era para uns guichês onde se lia "pré-entrevista". Pensei: "é agora que eu vou passar todo mundo aqui e ganhar meu visto!". Nada. Depois de um tempinho de espera, fui atendimento num guichê por um rapaz profissinal, mas não muito simpático. Pediu meu passaporte atual, as folhas de confirmação de agendamento e do formulário e perguntou se era renovação. Falei que sim e ele perguntou se eu tinha tido outros vistos aprovados anteriormente. Respondi que sim e ele me pediu os passaportes anteriores. Entreguei os dois, ambos com vistos já vencidos, e ele ficou só com o passaporte vencido mais recente, além do atual, claro. Daí me disse para aguardar a chamada pela senha para a coleta das impressões digitais. Eu, meio estafado do calor e com dificuldade de entender o que o cidadão falava por conta da conversa acaorada do povo que estava lá sentado esperando há horas, não pesquei de imediato o que devia fazer e fiquei lá parado. O cara olhou pra minha cara e disse:

Funcinonário: "O senhor será chamado pela senha."

Eu: "Aham".

E fiquei lá. Foi só quando ele disse "pode sentar, senhor" é que eu entendi que minha parte ali tinha acabado. Fingi que estava arrumando uns documentos pra não ficar muito feio e daí fui pro meio dos civis. Nem pensei em encontrar um lugar pra sentar, porque com a multidão que estava aglomerada ali, imaginei que qualquer lugar que surgisse devia ser disputado a tapa. Enfim, me encostei numa pilastra e fui olhar os monitores que indicam as cenas. Quase chorei: havia pouco menos de 1000 números na minha frente. Sem relógio, eu só podia imaginar que já passava de meio-dia e que eu REALMENTE chegaria atrasado ao trabalho.

Para minha felicidade, não fiquei nem 15 minutos em pé. Uma senhora se levantou do meu lado e saiu. Dei uma rápida olhada em volta pra ver se não havia algum idoso, alguma gestante ou deficiente físico por perto e, assim que constatei que não, sentei no banquinho apertado. Logo baixei a cabeça pra não correr o risco de ver alguém que precisasse pra valer do assento. Sei que minha mãe não ficaria lá muito orgulhosa desse pensamento, mas, a essa altura, eu já estava desidratado. Minha boca estava seca e eu transpirava feito um porco antes do abate. O cansaço físico estava se instalando e por isso eu quis poupar o máximo de energia.

Mas, como tudo tem seu preço, eis que senta, do meu lado, uma mulher do tipo que quer ir pra Miami fazer compras e contar pras amigas, mas não quer ter de passar horas no consulado pra pegar o visto. Cristo, como reclamava aquela criatura! E o pior é que falava sozinha. Não estava se dirigindo a ninguém em particular, só a ela mesma, e em voz alta. Tudo entrou na dança: o calor, a demora, o galpão, a quantidade de documentos que pdem, a cor do papel que deram pra ela, o tamanho da letra dos monitores de senha... Eu fiquei bem quietinho, mas bem quietinho mesmo, porque se eu dissesse alguma coisa, com certeza seria colocado pra fora junto com a dita cuja. Procurei manter o que me restava ainda de compostura, fui conjugando verbos em francês na cabeça e tentei não avançar em toda garrafa de água mineral que passava na minha frente.

Alguém pode pensar: "pô, mas se tinha quase 1000 pessoas na sua frente, por que você não foi então comprar um lanche? Deixa de ser pão-duro!". Mas aí é que está a pegadinha: as senhas não são chamadas necessariamente na ordem. Pelo que foi explicado pelos funcionários do consulado (de tempos em tempos eles faziam alguns anúncios e repetiam instruções), depois que a gente entrega os passaportes no guichê de pré-entrevista, eles fazem uma verificação interna e vasculham um pouco da sua vida. À medida que esses procedimentos são concluídos, os passaportes são entregues para os agentes que fazem as coletas das digitais. Por conta disso, vi algumas pessoas perdendo a vez, provavelmente porque estavam na lanchonete ou fora do galpão, onde é mais fresco, achando que as senhas eram chamadas na ordem. Então, se alguém for lá, fique atento a isso!

Eu poderia usar vários adjetivos e me valer de construções poéticas pra dizer o quão difícil foi ficar esperando pela coleta das digitais. Mesmo sabendo que provavelmente gastaria algumas horas no consulado, eu não tinha previsto que ia deixar meu kit em casa (e que, portanto, teria que passar essas horas me alimentando de energia mística) e nem que o raio daquela mulher ia ficar falando durante cada segundo da minha estada ali. Em dado momento, só abaixei a cabeça e tapei os ouvidos, tentando lembrar como era a forma do passé composé do verbo battre. A voz da mulher, abafada, chegava aos meus ouvidos mais ou menos como a da professora do Charlie Brown no desenho do Snoopy. Depois de um tempo, já com dor nas costas por ficar curvado, tive que voltar à posição original e ao chororô daquela enviada do demo.

Fui me distraindo olhando as pessoas no galpão e tentando adivinhar o motivo que estava fazendo elas irem para os EUA. E, claro, olho o tempo todo no monitor de senhas. A mulher do meu lado finalmente baixou a cabeça, cruzou as mãos na nuca e ficou quieta. "Morreu", pensei, "graças a Odin!". Mas não, foi só uma pausa pra recarregar a bateria solar. Logo ela voltou a desfiar o terço dela.

Mas eis que, após quase duas horas com a garganta seca, suando em bicas e com os ouvidos pedindo misericórdia por conta da mulher (que, mesmo que tenha conseguido o visto, deve estar reclamando até agora), minha senha surge no monitor grande! Explico: há um monitor maior, no qual são mostrados os guichês que estão atendendo. Os guichês são numerados. No dia que eu fui, os guichês 1 a 3 faziam a pré-entrevista, o 4 estava vazio, os de 5 a 8 faziam a coleta das digitais e os de 9 ao infinito faziam a entrevista. Esses guichês são mostrados no monitor grande e, sob cada número, vem as senhas que serão atendidas em casa guichê. Por exemplo:

            5                          6                              7                         8
         2587                    2566                        2591                   3003
         2588                    2567                        2592                   3004
         2589                    2568                        2593                   3005
         2590                    2569                        2595                   3006

Como dá pra ver, parece que seguem a ordem, mas não é bem assim. Mas enfim, lá estava a minha senha, no guichê 8, então já dava pra me preparar para mais uma etapa da saga! Levantei e já procurei ficar perto do guichê que me atenderia. Como disse, há o monitor maior e, sobre cada guichê, há um monitor menor, que mostra a senha que está sendo atendida naquele momento (ou a que os funcionários querem atender, já que várias vezes eles têm de apertar o botãozinho do aviso sonoro pra fazer o povo prestar atenção na senha que está sendo chamada).

Finalmente, deixei a mulher chorando as pitangas dela e procurei deixar meus documentos à mão.

Fim da Parte II. Veja o final na Parte III.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

[OFF-TOPIC] Visto Americano - Parte I

Observação: dividi esse post para não ficar grande demais (e porque alguém aqui precisa trabalhar, né?).



Pois então. Eis que meu visto americano venceu em agosto último. Já sabendo que as coisas são beeeeeeeeem complicadas no consulado aqui em São Paulo (tirei as outras vezes na embaixada em Brasília, quando ainda morava lá, e era sempre tranquilo), uma semana depois já fui procurar as informações sobre como tirar o visto, já que sabia que haviam alterado algumas coisas.

Enfim, primeiro, paguei a taxa de R$ 38 pra poder ter acesso à página com as informações sobre o visto e a de agendamento da entrevista. Depois, respondi o questionário sobre qual o tipo do meu visto, qual o que eu iria tirar, se era renovação, se meu visto havia vencido há menos de um ano e por aí vai. Daí, pra minha surpresa, quando terminei tudo veio uma página pedindo pra eu escolher o dia e horário, e tinha vááááários dias e horários. Achei estranho, porque em todos os lugares leio que a espera pra entrevista é de três meses ou mais. Pra mim, já tinha pra semana seguinte. Mas, como ainda tinha que juntar a papelada, resolvi marcar para o fim de setembro, mais especificamente o dia 30.

Nesse meio tempo, fui juntando a documentação: declaração do meu trabalho, extratos bancários, comprovante de residência, o comprovante das minhas férias agendadas pro ano que vem, meus passaportes antigos e por aí vai. Em seguida, paguei a taxa no Citibank: 140 doletas, e pra minha "sorte", foi justamente na época em que o dólar começou a subir como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Deu 252 legais. Daí fui atrás da foto, e o mais legal é que eu estava com terçol nos DOIS olhos. Basicamente, seria o Quasímodo (o corcunda de Notre-Dame) na foto.


Nesse meio tempo, fui preenchendo aos poucos o formulário DS-160, que é extremamente detalhista e - por que não? - engraçado. Pede pra você informar tudo sobre você e mais um pouco, e, no final, vem cheio de perguntas do tipo: "você pretende entrar com armas atômicas nos EUA?" ou "você faz parte de algum grupo organizado de tráfico de drogas e pretende exercer essa atividade nos EUA?". Sério, eu não sei a utilidade real disso. Deve ter alguma coisa nas leis deles ou no direito internacional dizendo que, se alguém responder "não" pra isso e depois for pego fazendo o que disse que NÃO ia fazer, terá a cabeça cortada sem direito a julgamento. Só pode.

O formulário é longo, mas não tem muito mistério. Muita gente (inclusive eu) fica um pouco insegura em relação a quais informações exatamente deve dar ou o nível de detalhe. Mas, por exemplo, na parte de contato nos EUA, eu informei só o nome do hotel no qual me hospedei na última vez que viajei pra lá. Não tive problemas.

E eis que chega o grande dia. Com o grande número de relatos de pessoas que descreviam o consulado americano como o Hades na Terra, achei melhor me preparar o máximo possível. Então, avisei minha chefe que muito provavelmente chegaria atrasado naquele dia, preparei um kit de sobrevivência (água, barras de cereal e frutas), conferi toda a papelada quinze vezes, retirei tudo que eu tinha de eletrônico da mochila (celular, pen drive, pilhas, reator nuclear e capacitor de fluxo), olhei o ônibus e o trajeto que teria que fazer e realizei um ritual pagão para que tudo desse certo. Ah, sim, detalhe: na página de confirmação, veio um texto dizendo que eu estava agendado para um tal "atendimento expresso" às 12h30, e que não precisaria de entrevista, embora o oficial consular pudesse requisitar uma se julgasse necessário. Daí pensei "ué, será que então eu não preciso levantar com as galinhas e chegar lá com olho remelento de sono, como todo mundo faz?". Procurei informações e relatos na internet, mas nada que realmente me esclarecesse. Isso, aliado à informação (também constante no formulário) de que eles não tinham espaço pra acomodar todo mundo e pediam pra não chegar com mais de meia hora de antecedência, me fizeram escolher nem tanto o céu, nem tanto a terra: me programei pra sair de casa às 09h00.

O que significa que saí quase às 10h00. Não sei como uma pessoa consegue enrolar tanto de manhã. Mas enfim, fui embora pro ponto de ônibus e, não demorou 10 minutos, lá veio meu transporte. O trajeto durou por volta de quarenta minutos. Desci no ponto indicado por São Google (eu estava com o guia de ruas de São Paulo na mochila. Quatro anos morando aqui e até hoje não me acostumei com nomes de ruas) e fui andando. A caminhada até o consulado deu por volta de 15 minutos. Cheguei lá e estava aquela visão de apocalipse zumbi: o povo grudado na grade, tentando pegar informações, outros entrando, outros tentando entrar, uma fila enorme lá dentro. Por acaso, escutei alguém falando sobre "atendimento expresso" e perguntei sobre o dito cujo. Me disseram que os agendados para o atendimento expresso só poderiam entrar a partir das 11h00. Eram 10h50.

Fim da parte I. Continue a ler na Parte II e na Parte III.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sai, pessimismo!

Estava lá eu, feliz e contente na minha aula de francês, quando o professor anuncia o intervalo. Todos saem da sala, menos eu e um colega, porque estávamos pregados após o dia de trabalho. Esse colega, para que fique bem claro, já passou pela etapa de Québec do processo (ou seja, já está com o CSQ), e está para começar a etapa federal. Pois bem, depois de alguns minutos, volta um outro colega. Após um instante no qual ele parou para prestar atenção, finalmente entendeu que estávamos falando do processo de imigração. Daí começou:

Colega do mal (sim, estou sendo tendencioso): "Ah, mas você vai pra lá empregado?"

Meu colega: "Infelizmente não. Eu entrei em contato com algumas empresas e elas mostraram interesse no meu currículo, mas nenhuma ofereceu emprego. Pelo menos, não ainda".

Colega do mal: "Claro, porque você precisa pagar pra trabalhar".

Eu: "Como assim? Tem que pagar pra fazer entrevista nas empresas?"

Colega do mal: "Não, não pra fazer entrevista. Mas você desembolsa uma grana violenta pra poder fazer o processo do Canadá. E eles pegam esse dinheiro pra bancar a previdência canadense, que tá sinking like a rock. Isso eles não falam. Aí eles fazem todo mundo pagar e falam que te dão uma 'oportunidade' de tentar trabalhar lá".

Eu: "Mas acho que todo mundo que se informa sobre o processo sabe que vai ter que gastar uma quantia considerável. Eles não escondem isso. E o que eles fazem depois com o dinheiro não chega a ser problema meu, acredito. É como comprar um aspirador de pó nas Casas Bahia e perguntar pro vendedor pra que ele vai usar o dinheiro, se é pra cachaça, pra comprar fraldas pro bebê..."

Colega do mal: "Sim, se você se informa sim. Mas e aí, você vai querer gastar o dinheiro que você juntou com anos de hard work e entregar ele pro Canadá fácil assim? Conheço algumas pessoas que são formadas em Harvard, tem Master's Degree na Alemanha e estão desempregadas há quatro anos".

Meu colega: "Nossa... mas por quê? Qual a área deles?"

Colega do mal: "São de várias áreas. Mas a verdade é que o Canadá não precisa de skilled worker nenhum. Esse projeto de imigração é uma grande enganação. Eles fazem tudo parecer lindo e perfeito, como um american movie, mas a coisa lá é beeeem diferente".

Eu:


Meu colega: "Sim, mas eles não dizem que vão arrumar emprego pra ninguém. Aliás, são bem claros quanto a isso. A pessoa vai sabendo que pode não encontrar área. E como é que eles usam o dinheiro pra bancar a previdência canadense? Apesar de a taxa ser um tanto salgada, eu não tô bem certo de que eles cobrem nem os gastos com os escritórios de imigração e as rodadas de palestras".

Colega do mal: "Eles não são tão claros assim como você tá dizendo. Muita gente vai pro Canadá e tem que começar a vida all over again, você sabia disso? Conheço muita gente que tá limpando o chão até hoje porque não conseguiu emprego na área. E o dinheiro que eles pegam com as taxas de imigração vão para ajudar os canadenes, não vão pra ajudar os immigrants".

Eu: 

Meu colega: "Tudo bem, mas quando você vai pra lá, você se torna um residente permaente. Não é exatamente a mesma coisa de ser um canadense nativo, mas é próximo".

Colega do mal: "Pffff. Você acha que eles vão dar um trabalho pra você ou pra um Canadian? Você tem que ser extremely qualificado pra poder conseguir alguma coisa. Eles preferem Canadians. Se eles não conseguem encontrar um Canadian pra preencher a vaga, aí eles vão atrás de europeus, porque a educação dos europeus é melhor do que a do Brasil. Só depois disso é que eles olham pros latino-americanos. Isso quando olham. Tenho muitos amigos que são da área de TI que não conseguem emprego porque são latinos".

Eu:


Meu colega: "Nossa, mas eu vejo tantos relatos de gente dizendo o contrário, tenho um amigo que inclusive...

Colega do mal: "E tem outra coisa: você nunca vai ter um amigo Canadian. Canadians só se misturam com Canadians. O Canadian só tem amigos Canadians. Você vai ter amigos brasileiros, colombianos, indianos... mas não Canadians. E os Canadians não te abraçam. Na época da swine flu então, tinha gente que apertava a sua mãe e já limpava com álcool em gel na sua frente. Os Canadians são muito individuaslistas. E o frio é muito grande. Imagina você andando no meio da rua a -56ºC. A comida Canadian também é horroro...

Eu (de saco cheio de ver o cara colocando palavras em inglês a cada vírgula): "Canadense".

Colega do mal: "Oi?"
Eu: Comida canadense. Você fez o processo de imigração?

Colega do mal (com cara de desprezo): "Não, não. Minha mãe é Canadian. Eu sou naturalizado. Trabalho lá e aqui. Vou ter que voltar pra lá em abril e já tô deprimido por isso".

Meu colega: "E por que você não fica aqui então? Você tem cidadania brasileira também, imagino".

Colega do mal: "Tenho, mas é que eu tenho vínculos lá. Tenho uma casa..."

Eu: "E não dá pra vender?"

Colega do mal: "Mas não é só isso. Tenho um namorada Canadian..."

Eu: "E ela não tá disposta a morar no Brasil, já que o Canadá é horrível?"

Finalmente, acho que ele começou a entender que eu já tava sendo irônico e me lançou um olhar como quem diz "não entendi vosso tom, meu bom homem". Mas aí outros colegas voltaram e o assunto basicamente morreu.

Enfim. Tenho como dizer que ele está certo? Não. Tenho como dizer que ele está errado? Também não. Tô no Brasil, não no Canadá. O que tenho são informações que coleto em listas de discussão, blogs e por aí vai. Mas, em suma, posso dizer que ele não me contou nenhuma novidade, salvo, talvez, a história de a imigração financiar a previdência canadense, que me pareceu mais uma suposição do que um fato. Em momento nenhum ele falou "vai no site tal do governo canadense e você vai ver a prestação de contas e tá lá, mostrando que o dinheiro que arrecadam com os processos de imigração banca a previdência canadense". Todos os exemplos que usou foi de um amigo, colega ou amigo de um amigo. Até aí, eu poderia também dizer "mas li num blog" e "alguém falou num tópico". E aí? Quem é que pode saber?

Dessa forma, acho que vale aquela regra básica: a gente lê e ouve muita coisa sobre o processo, antes, durante e depois dele. E sim, temos a tendência a focar só nos bons relatos e esquecer as pessoas que não deram certo lá. Daí muitas vezes criamos a ideia de que tudo vai ser perfeito, que vamos adentrar o paraíso assim que descermos no aeroporto de [insira aqui sua cidade canadense favorita]. Mas a maior parte, acredito, sabe que imigrar representa, na maioria das vezes, dar alguns passos pra trás ou até mesmo recomeçar do zero. Se as pessoas estão dispostas a fazer isso, aí é de cada um. Tem gente para as quais isso representa retrocesso, algo inadmissível. Outros trocam de área quando vão pro Canadá, fazem nova faculdade e começam de baixo. E aí? Como é que eu posso dizer pro outro o que é melhor ou pior pra ele, e ainda prever, como no caso que eu contei aqui, o que vai acontecer com uma pessoa que está no meio do processo?

Isso tudo é basicamente para dizer algo que nossas mães, nossas avós, nossos pais costumavam falar e às vezes a gente não escutava: temos que saber separar as coisas e nos informar. Conhecer os riscos pra poder, então, decidir se estamos dispostos a corrê-los. Se você se prepara para o pior, qualquer coisa acima disso já te parece um presente.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Menos outro atraso!

E finalmente, recebi a declaração do trabalho temporário como tradutor!! Tá lá, bonitinho, declarado que trabalhei como tradutor e revisor durante o ano de 2009. Fizeram até alguns elogios no texto! =D

O que falta agora é... começar. Tô tentando descobrir se a declaração de vínculo que o sistema do meu órgão público gera é suficiente como comprovante de emprego, já que no site do BIQ eles falam em declaração assinada e talz. Mas, fora isso, já dá pra começar a correr com a papelada pra dar entrada quem sabe ainda este mês! Uhhuuuu!!